http://www.youtube.com/watch?v=iiJhRjBEm6o&feature=player_embedded
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
sábado, 13 de março de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Imagens da ciência: 'Save our Earth. Let's go Green'
Concurso americano premia imagens científicas
Foto que mostra nanofibras plásticas com um diâmetro de 1/500 de um fio de cabelo ao redor de uma minúscula esfera foi a vencedora do concurso anual sobre visualização da ciência realizado pela revista 'Science' e pela Fundação Nacional da Ciência, dos EUA.
Esta imagem foi criada por acaso com o colapso de células sobrepostas a pilares de polímeros com 10 micrômetros de altura. Os cientistas estudavam as forças exercidas pelas células e foram surpreendidos pelo aparecimento das formas. A imagem recebeu menção honrosa.
A foto de uma esfera verde microscópica envolta por fibras de polímeros com diâmetros equivalentes a 1/500 de um fio de cabelo foi a grande vencedora de um concurso anual promovido pela revista Science e pela Fundação Nacional da Ciência, dos Estados Unidos, para premiar imagens científicas.
Os autores da foto, batizada de Save our Earth. Let's Go Green (Salve a nossa Terra. Vamos nos tornar verdes, em tradução livre), dizem que ela pode ser uma representação da necessidade de cooperação entre pessoas de todas as áreas para lidar com as questões mais importantes do planeta.
Segundo um dos autores, o pesquisador Sung Hoon Kang, da Universidade Harvard, cada minúscula fibra pode representar uma pessoa. No conjunto, elas são capazes de sustentar a esfera (ou a Terra).
Entre os premiados com menções honrosas pelo concurso "International Science & Engineering Visualization Challenge" na categoria fotos estão uma imagem de cristais de um sal coletado no Vale da Morte, na Califórnia, uma imagem semelhante a flores coloridas formada por uma experiência com células e uma foto que mostra o processo de auto-fertilização de uma flor.
Na categoria ilustrações, uma das imagens vencedoras mostra uma representação gráfica das forças exercidas por células pulmonares ao formarem vasos capilares. A imagem tridimensional faz parte de um projeto para apresentar dados científicos de maneiras novas e criativas.
Outra ilustração, que recebeu uma menção honrosa, mostra um hipotético hambúrguer de água-viva. A criação de uma cientista marinha e de um ilustrador gráfico tinha como objetivo alertar para os perigos da pesca excessiva e das mudanças climáticas para a vida marinha.
Segundo os criadores da imagem, o aquecimento dos oceanos reduzirá os estoques de peixes, mas permitirá a multiplicação de espécies agressivas como as águas-vivas.
O concurso premiou ainda concorrentes nas categorias gráficos e pôsteres de informação, games interativos e mídia não interativa.
Os premiados foram anunciados na última edição da revista Science, publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).
fonte: http://verde.br.msn.com/galeria-de-fotos-bbc.aspx?cp-documentid=23512595
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Gaby Benedyct, AZUL GALERIA: arte em Porto Alegre
Super olás!
Terminou o Carnaval, feriado agora só na Páscoa...
Logo, o ano está começando e a AZUL já tem algumas boas novidades.
* No outro Sábado, dia 27 de fevereiro, das 16 às 20 horas, AZUL LIQUIDA PORTO ALEGRE - Obras Consignadas com 20% de desconto, obras do acervo com 40% de desconto e muita coisa por preço de banana! Vá preparado financeiramente, pois as ofertas serão únicas e imperdíveis.
* Confirmada Primeira Festa Temática Expositiva da AZUL - 30 DE ABRIL - AGENDA AI é uma SEXTA FEIRA!!!!- Serão apenas 04 no ano e cada uma será especialmente produzida para ser uma viagem sensorial IMPERDÍVEL! Nesta primeira, Adreson apresentará trabalhos em fotogramas (PB) que reagem na luz negra, logo, toda a AZUL estará assim iluminada, incluindo a fachada que terá a intervenção de Fernanda Manéa. A Banda The Dancing Demons fará um pocket show de músicas marcadas por ritmos fortes e irresistivelmente dançantes e finalmente acontecerá o Lançamento do ZINECATÁLOGO da AZUL. Teremos, ainda, comidas fosforescentes, pista de dança, serviço de bar e mais algumas surpresas que inventaremos até lá. Não pense que é uma vernissage, assumimos, é festa mesmooo!
* File Prix Lux - Tem incrições abertas aos artistas interessados em tecnologia como meio de criação. Leia mais...
Notícias especiais:
O site da AZUL há tempos investe na construção de conteúdos que vão além do registro do que acontece na Produtora Galeria. Entre no site www.azulgaleria. com.br e descubra artigos interessantes: Como montar uma Galeria de Arte, O preço da Arte, Como começar uma coleção de Arte...é só clicar no menu Artigos e Críticas. Navegue no site, clique nos menus laterais e descubra vídeos e matérias sobre a cena artística de Porto Alegre.
AGENDA DESCOLADA EM ARTE: Quer saber das últimas que estão acontecendo? Gaby Benedyct é a atual editora da coluna de Artes Visuais do site www.artistasgauchos .com.br
Atualizada diariamente com indicações de exposições e comentários a respeito delas e outros acontecimentos do mundo das artes visuais de Porto Alegre. E de bônus você ainda tem informações sobre editais, salões e concursos de arte, música, literatura, artes cênicas e cinema.
Agradecemos a atenção.
Super abraço e apareça!
Gaby Benedyct
AZUL Produtora Galeria
www.azulgaleria. com.br
Terminou o Carnaval, feriado agora só na Páscoa...
Logo, o ano está começando e a AZUL já tem algumas boas novidades.
* No outro Sábado, dia 27 de fevereiro, das 16 às 20 horas, AZUL LIQUIDA PORTO ALEGRE - Obras Consignadas com 20% de desconto, obras do acervo com 40% de desconto e muita coisa por preço de banana! Vá preparado financeiramente, pois as ofertas serão únicas e imperdíveis.
* Confirmada Primeira Festa Temática Expositiva da AZUL - 30 DE ABRIL - AGENDA AI é uma SEXTA FEIRA!!!!- Serão apenas 04 no ano e cada uma será especialmente produzida para ser uma viagem sensorial IMPERDÍVEL! Nesta primeira, Adreson apresentará trabalhos em fotogramas (PB) que reagem na luz negra, logo, toda a AZUL estará assim iluminada, incluindo a fachada que terá a intervenção de Fernanda Manéa. A Banda The Dancing Demons fará um pocket show de músicas marcadas por ritmos fortes e irresistivelmente dançantes e finalmente acontecerá o Lançamento do ZINECATÁLOGO da AZUL. Teremos, ainda, comidas fosforescentes, pista de dança, serviço de bar e mais algumas surpresas que inventaremos até lá. Não pense que é uma vernissage, assumimos, é festa mesmooo!
* File Prix Lux - Tem incrições abertas aos artistas interessados em tecnologia como meio de criação. Leia mais...
Notícias especiais:
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AGENDA DESCOLADA EM ARTE: Quer saber das últimas que estão acontecendo? Gaby Benedyct é a atual editora da coluna de Artes Visuais do site www.artistasgauchos .com.br
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Agradecemos a atenção.
Super abraço e apareça!
Gaby Benedyct
AZUL Produtora Galeria
www.azulgaleria. com.br
Biblioteca Virtual da Bienal do Mercosul
Nova Biblioteca Virtual da Bienal do Mercosul facilita pesquisa online
Livros, imagens, vídeos e outros documentos sobre arte contemporânea e as sete edições da Bienal do Mercosul podem ser consultados através da internet
A nova Biblioteca Virtual da Fundação Bienal do Mercosul já está disponível através do site www.bienalmercosul.art.br. Nos links “Biblioteca Virtual” e “Bienais Anteriores” os pesquisadores podem ter acesso aos mais de 16 mil itens do acervo do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul – NDP, composto por documentos textuais, audiovisuais, eletrônicos e iconográficos sobre as Bienais do Mercosul e arte contemporânea latino-americana.
O Núcleo de Documentação e Pesquisa – NDP, criado em outubro de 2004, é um setor institucional e permanente da Fundação Bienal do Mercosul que tem por objetivo zelar pelo patrimônio histórico da Instituição. O acervo físico do NDP - que tem funções de arquivo e biblioteca - é composto por materiais audiovisuais com mais de 1.500 peças digitalizadas (VHS, U-Matic, fitas cassetes, CDs e DVDs); acervo bibliográfico com mais de 2.500 volumes (livros, catálogos e periódicos) sobre arte contemporânea, artistas, arte-educação, entre outros, e acervo iconográfico com 5.000 imagens digitalizadas (fotos em papel, cromos, slides e negativos) sobre obras, artistas e exposições da Bienal do Mercosul, dentre as mais de 16 mil imagens catalogadas. O acervo textual inclui cerca de 8.000 registros de documentos sobre a origem da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e o projeto pedagógico, a produção executiva e dossiê dos artistas participantes das Bienais do Mercosul.
A reformulação da Biblioteca Virtual começou em agosto de 2008, com aprovação de projeto pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O projeto previa a digitalização e preservação do acervo do NDP, o gerenciamento das informações através da criação de um banco de imagens e da estruturação da área de Tecnologia da Informação, além da realização do Seminário sobre Preservação e Disponibilização Eletrônica de Acervos Históricos e Culturais, ocorrido em outubro de 2009. Um terminal para consultas, hoje instalado na sede da Fundação Bienal do Mercosul, também está disponível aos interessados. Segundo a coordenadora do NDP, Fernanda Ott, “a revitalização da Biblioteca no site da Bienal possibilita o acesso digital a grande parte dos materiais, além de fornecer a lista completa da documentação existente no acervo da Fundação Bienal do Mercosul, disponível também para consulta física”. A consulta presencial ao acervo do NDP por professores, estudantes, pesquisadores e público interessado em geral é conduzida por meio de atendimento individualizado, com agendamento prévio, e de forma gratuita. O agendamento pode ser realizado através do telefone 51 3254 7500 e pelo email memoria@bienalmercosul.art.br.
Nos anos de 2008 e 2009, foram realizados 221 atendimentos ao público. O NDP também oferece suporte aos curadores das Bienais do Mercosul para o planejamento e a execução do Projeto Curatorial de cada evento, realizando pesquisas sobre artistas e temas relacionados às Bienais e à arte contemporânea.
Livros, imagens, vídeos e outros documentos sobre arte contemporânea e as sete edições da Bienal do Mercosul podem ser consultados através da internet
A nova Biblioteca Virtual da Fundação Bienal do Mercosul já está disponível através do site www.bienalmercosul.art.br. Nos links “Biblioteca Virtual” e “Bienais Anteriores” os pesquisadores podem ter acesso aos mais de 16 mil itens do acervo do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul – NDP, composto por documentos textuais, audiovisuais, eletrônicos e iconográficos sobre as Bienais do Mercosul e arte contemporânea latino-americana.
O Núcleo de Documentação e Pesquisa – NDP, criado em outubro de 2004, é um setor institucional e permanente da Fundação Bienal do Mercosul que tem por objetivo zelar pelo patrimônio histórico da Instituição. O acervo físico do NDP - que tem funções de arquivo e biblioteca - é composto por materiais audiovisuais com mais de 1.500 peças digitalizadas (VHS, U-Matic, fitas cassetes, CDs e DVDs); acervo bibliográfico com mais de 2.500 volumes (livros, catálogos e periódicos) sobre arte contemporânea, artistas, arte-educação, entre outros, e acervo iconográfico com 5.000 imagens digitalizadas (fotos em papel, cromos, slides e negativos) sobre obras, artistas e exposições da Bienal do Mercosul, dentre as mais de 16 mil imagens catalogadas. O acervo textual inclui cerca de 8.000 registros de documentos sobre a origem da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e o projeto pedagógico, a produção executiva e dossiê dos artistas participantes das Bienais do Mercosul.
A reformulação da Biblioteca Virtual começou em agosto de 2008, com aprovação de projeto pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O projeto previa a digitalização e preservação do acervo do NDP, o gerenciamento das informações através da criação de um banco de imagens e da estruturação da área de Tecnologia da Informação, além da realização do Seminário sobre Preservação e Disponibilização Eletrônica de Acervos Históricos e Culturais, ocorrido em outubro de 2009. Um terminal para consultas, hoje instalado na sede da Fundação Bienal do Mercosul, também está disponível aos interessados. Segundo a coordenadora do NDP, Fernanda Ott, “a revitalização da Biblioteca no site da Bienal possibilita o acesso digital a grande parte dos materiais, além de fornecer a lista completa da documentação existente no acervo da Fundação Bienal do Mercosul, disponível também para consulta física”. A consulta presencial ao acervo do NDP por professores, estudantes, pesquisadores e público interessado em geral é conduzida por meio de atendimento individualizado, com agendamento prévio, e de forma gratuita. O agendamento pode ser realizado através do telefone 51 3254 7500 e pelo email memoria@bienalmercosul.art.br.
Nos anos de 2008 e 2009, foram realizados 221 atendimentos ao público. O NDP também oferece suporte aos curadores das Bienais do Mercosul para o planejamento e a execução do Projeto Curatorial de cada evento, realizando pesquisas sobre artistas e temas relacionados às Bienais e à arte contemporânea.
CORDEL DO BIG BROTHER!!!!!
O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
Vik Muniz e Beatriz Milhazes
Vik Muniz lança 'catálogo raisonné' e fala com Beatriz Milhazes sobre 'revisionismo'
Vik Muniz é o primeiro artista brasileiro contemporâneo a ter o registro integral de sua produção artística lançado em livro, o chamado "catálogo raisonné". O lançamento, da editora Capivara, é amanhã no Rio e quinta em São Paulo. Organizado por Pedro Corrêa do Lago, o belo volume tem 710 páginas e 1.600 imagens que ilustram cronologicamente as 1.200 obras criadas pelo artista paulista desde o início de sua carreira, há 22 anos. Para conversar com Vik sobre este seu momento de revisionismo (seria precoce para um artista tão jovem?), convidamos Beatriz Milhazes, outro nome do País com incrível projeção internacional e com obras igualmente valorizadas no mercado mundial de arte. A seguir, o papo de Vik e Bia, exclusivo para o Estado.
Beatriz Milhazes: Fomos nos encontrar só no contexto internacional, não é Vik? Não o conhecia antes, só quando comecei a expor em NY, quando iniciei carreira internacional.
Vik Muniz: Quando comecei a mostrar minha obra no Brasil, você começou lá fora. Ou seja, nossas carreiras são inversas.
Beatriz: Isso. Começamos a trocar figurinhas no início dos anos 90.
Vik: Isso vai dar bandeira da nossa idade... (Risos) Por uma questão de contexto, nossos trabalhos só se encontraram em exposições temáticas, do tipo "artistas brasileiros". Fora isso, nunca.
Beatriz: O que tínhamos em comum era o Marcantonio (Villaça, marchand e galerista pernambucano, morto em 2000). Ele era diferente do que havia então no mercado, abriu as portas internacionais para artistas brasileiros. Viemos de várias pontas e nos cruzamos ali, através do Marcantonio.
Vik: Ele era diferente de todos os outros. Ligava dia sim, dia não, era nosso amigo. Galeria normalmente pensa na parte comercial. Ele curtia ter uma relação com o artista, fora da parte comercial. Artista tem ego grande, então ele promovia uma certa competição entre nós. Provocava, falava: "Bia está com uma exposição em tal lugar..."
Beatriz: É verdade. Ele queria saber o que você estava fazendo, acompanhava. Os rumos mudaram muito depois da morte dele. Já vai fazer 10 anos, meu Deus! Mas, Vik, sobre o seu catálogo raisonné, como se sentiu fazendo isso?
Vik: Chega um nível em nossa carreira em que temos de gerenciar tudo o que foi feito. Deixamos um rastro de obra. A ideia de fazer o catálogo é ter de domar esse monstro, o trabalho que você deixou, o legado... Você começa a se dar conta da amnésia em relação a seu próprio trabalho. Tive de pesquisar trabalhos de 20 anos atrás, coisas que nem lembrava ter feito.
Beatriz: Eu estou preparando a mesma coisa para um livro e fui bater em coisas que fiz no Parque Lage, mas não são importantes, sei lá...
Vik: Antes eu sempre desenhava, desde pequeno, fazia escultura, mas não me considerava artista. Eu me considerava um desenhista, um fazedor de coisas. O catálogo raisonné do Picasso tem desenhos de criança, são dezenas de volumes. Mas só me considero artista a partir do momento em que aluguei um estúdio, em 1987, e resolvi viver de arte. Ainda estava experimentando muito.
Beatriz: Quando você começa a revisar a sua obra, isso é o que mais mexe. É curioso, porque agora você vai ter de criar uma "escritura" para o que fez de forma espontânea...
Vik: Você passa muito tempo tentando desenvolver uma linguagem, criando uma via de acesso para o público identificar o seu trabalho. Uma vez que você estabelece essa linguagem, quando você descobre, você tem a noção de que as pessoas te conhecem. Mas ao revisar seu trabalho, é interessante descobrir que podia ter percorrido determinados caminhos e não percorreu.
Beatriz: Eu tenho um período do meu trabalho em que eu simplesmente joguei fora quase tudo que eu fiz, porque não entendia, não gostava. Eu falei: "Não tenho condição de conviver com nada disso." Agora, nesse período em que comecei a "revisionar", e isso tem um ano, foi quando comecei a entender o período.
Vik: Mas já tinha jogado fora...
Beatriz: Já, mas não me arrependo. Engraçado, eu achei que viria um arrependimento, mas não veio. Na verdade, tive, mas só por algumas poucas obras. O engraçado mesmo é começar a entender aquela fase.
Vik: Nesse meu livro tem coisa de que eu não gosto também.
Beatriz: Por isso deve ser melhor fazerem o catálogo depois que a gente morre, né? (Risos)
Vik: Você começa uma carreira e vai dando tiro para tudo quanto é lado, às vezes você mata um pombo. Você pensa em duas razões: algo que lhe satisfaça intelectualmente e outra que satisfaça o público. Esse feedback, essa cobrança, é muito importante. Como estamos viajando o tempo todo, é difícil ter tempo de parar e pensar no que fez. O livro o coloca em uma posição privilegiada, você vê as ramificações do que foi feito por você. Mas é perigoso, porque você se envolve muito consigo mesmo. Eu fui voltando, fui voltando... daí torna-se inevitável para um artista dialogar com o próprio passado.
Beatriz: Eu ia perguntar isso. Se vendo sua obra como um todo, você começaria a dialogar com o passado.
Vik: É natural. Na minha idade, no lugar em que estou, faço isso de uma forma ou de outra. Não tenho esse luxo de parar e pensar na vida. Estamos sempre correndo. O livro me forçou a pensar em tudo. Tenho uma responsabilidade técnica mesmo, de colocar uma coisa atrás da outra.
Beatriz: Como foi fazer um catálogo raisonné tão jovem? Penso que nós vivemos uma situação interessante. O nosso papel é inédito, os preços, a localização, as coleções, isso é inédito no contexto de arte brasileira. Isso está colocando a gente em situações que outros não tiveram. Penso em Lygia Clark na nossa idade, que não estava nem perto desta posição... Você tem de lidar com situações que outras gerações brasileiras não teriam de lidar.
Vik: Penso que daqui a 20 anos esse livro só deverá existir no formato digital. O conteúdo, a distribuição, esta organização tem a ver com uma necessidade. Tanto eu como você, Bia, temos de fazer isso e por motivos diferentes. Você lida com a pintura, que produz objetos únicos, por isso catalogar também é tão importante. Saber quem comprou seu trabalho e onde ele foi parar, pois se fizer uma exposição retrospectiva, vai ter de rastrear cada obra. No caso da foto, não é tão sério, posso imprimir tudo e fazer a exposição. E eu trabalho em série. Vou aplicando os conhecimentos dentro da série. É como escrever novela, vou matando alguns personagens, fazendo uma intriga aqui, outra ali.
Beatriz: Você tem arquivo digital...
Vik: O arquivo digital está lá. Mas isso aqui (aponta o livro) é baseado em uma cronologia. É engraçado, pois você visualiza tudo.
Beatriz: O digital está lá, mas o livro tem outro contexto, não é?
Vik: O trabalho em série produz um número maior de objetos, inevitavelmente. Eu poderia estar fazendo coisas maiores, colocar mais conteúdo, mas tenho dificuldade com isso. Procuro dissipar isso em pequenos objetos, a natureza do meu trabalho produz um número muito grande de objetos. Na pintura, você aplica o conhecimento na própria pintura. Fotografia determina pontos, é uma extensão maior.
Beatriz: Ainda estou curiosa. Na hora de fazer a cronologia, você não fez uma seleção/pré-curadoria?
Vik: Não fiz. Mas o que não está aqui foram as coisas que se perderam. O artista quando jovem está preocupado em fazer o trabalho, não se preocupa em documentar. A gente está muito envolvido com a criação e coisas se perdem ao longo do caminho. É preocupante essa amnésia em relação ao seu próprio trabalho. Em 20 anos, você esquece de muita coisa. Penso agora que foram semanas da minha vida dedicadas a algo que perdi na memória. Gastei dinheiro, peguei trem e não tenho mais a menor lembrança daquilo.
Renato Rosa
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Prudente de Morais, 326
Ipanema - Rio de Janeiro - RJ - 22420-040
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colaboração de Carla Volkart
Vik Muniz é o primeiro artista brasileiro contemporâneo a ter o registro integral de sua produção artística lançado em livro, o chamado "catálogo raisonné". O lançamento, da editora Capivara, é amanhã no Rio e quinta em São Paulo. Organizado por Pedro Corrêa do Lago, o belo volume tem 710 páginas e 1.600 imagens que ilustram cronologicamente as 1.200 obras criadas pelo artista paulista desde o início de sua carreira, há 22 anos. Para conversar com Vik sobre este seu momento de revisionismo (seria precoce para um artista tão jovem?), convidamos Beatriz Milhazes, outro nome do País com incrível projeção internacional e com obras igualmente valorizadas no mercado mundial de arte. A seguir, o papo de Vik e Bia, exclusivo para o Estado.
Beatriz Milhazes: Fomos nos encontrar só no contexto internacional, não é Vik? Não o conhecia antes, só quando comecei a expor em NY, quando iniciei carreira internacional.
Vik Muniz: Quando comecei a mostrar minha obra no Brasil, você começou lá fora. Ou seja, nossas carreiras são inversas.
Beatriz: Isso. Começamos a trocar figurinhas no início dos anos 90.
Vik: Isso vai dar bandeira da nossa idade... (Risos) Por uma questão de contexto, nossos trabalhos só se encontraram em exposições temáticas, do tipo "artistas brasileiros". Fora isso, nunca.
Beatriz: O que tínhamos em comum era o Marcantonio (Villaça, marchand e galerista pernambucano, morto em 2000). Ele era diferente do que havia então no mercado, abriu as portas internacionais para artistas brasileiros. Viemos de várias pontas e nos cruzamos ali, através do Marcantonio.
Vik: Ele era diferente de todos os outros. Ligava dia sim, dia não, era nosso amigo. Galeria normalmente pensa na parte comercial. Ele curtia ter uma relação com o artista, fora da parte comercial. Artista tem ego grande, então ele promovia uma certa competição entre nós. Provocava, falava: "Bia está com uma exposição em tal lugar..."
Beatriz: É verdade. Ele queria saber o que você estava fazendo, acompanhava. Os rumos mudaram muito depois da morte dele. Já vai fazer 10 anos, meu Deus! Mas, Vik, sobre o seu catálogo raisonné, como se sentiu fazendo isso?
Vik: Chega um nível em nossa carreira em que temos de gerenciar tudo o que foi feito. Deixamos um rastro de obra. A ideia de fazer o catálogo é ter de domar esse monstro, o trabalho que você deixou, o legado... Você começa a se dar conta da amnésia em relação a seu próprio trabalho. Tive de pesquisar trabalhos de 20 anos atrás, coisas que nem lembrava ter feito.
Beatriz: Eu estou preparando a mesma coisa para um livro e fui bater em coisas que fiz no Parque Lage, mas não são importantes, sei lá...
Vik: Antes eu sempre desenhava, desde pequeno, fazia escultura, mas não me considerava artista. Eu me considerava um desenhista, um fazedor de coisas. O catálogo raisonné do Picasso tem desenhos de criança, são dezenas de volumes. Mas só me considero artista a partir do momento em que aluguei um estúdio, em 1987, e resolvi viver de arte. Ainda estava experimentando muito.
Beatriz: Quando você começa a revisar a sua obra, isso é o que mais mexe. É curioso, porque agora você vai ter de criar uma "escritura" para o que fez de forma espontânea...
Vik: Você passa muito tempo tentando desenvolver uma linguagem, criando uma via de acesso para o público identificar o seu trabalho. Uma vez que você estabelece essa linguagem, quando você descobre, você tem a noção de que as pessoas te conhecem. Mas ao revisar seu trabalho, é interessante descobrir que podia ter percorrido determinados caminhos e não percorreu.
Beatriz: Eu tenho um período do meu trabalho em que eu simplesmente joguei fora quase tudo que eu fiz, porque não entendia, não gostava. Eu falei: "Não tenho condição de conviver com nada disso." Agora, nesse período em que comecei a "revisionar", e isso tem um ano, foi quando comecei a entender o período.
Vik: Mas já tinha jogado fora...
Beatriz: Já, mas não me arrependo. Engraçado, eu achei que viria um arrependimento, mas não veio. Na verdade, tive, mas só por algumas poucas obras. O engraçado mesmo é começar a entender aquela fase.
Vik: Nesse meu livro tem coisa de que eu não gosto também.
Beatriz: Por isso deve ser melhor fazerem o catálogo depois que a gente morre, né? (Risos)
Vik: Você começa uma carreira e vai dando tiro para tudo quanto é lado, às vezes você mata um pombo. Você pensa em duas razões: algo que lhe satisfaça intelectualmente e outra que satisfaça o público. Esse feedback, essa cobrança, é muito importante. Como estamos viajando o tempo todo, é difícil ter tempo de parar e pensar no que fez. O livro o coloca em uma posição privilegiada, você vê as ramificações do que foi feito por você. Mas é perigoso, porque você se envolve muito consigo mesmo. Eu fui voltando, fui voltando... daí torna-se inevitável para um artista dialogar com o próprio passado.
Beatriz: Eu ia perguntar isso. Se vendo sua obra como um todo, você começaria a dialogar com o passado.
Vik: É natural. Na minha idade, no lugar em que estou, faço isso de uma forma ou de outra. Não tenho esse luxo de parar e pensar na vida. Estamos sempre correndo. O livro me forçou a pensar em tudo. Tenho uma responsabilidade técnica mesmo, de colocar uma coisa atrás da outra.
Beatriz: Como foi fazer um catálogo raisonné tão jovem? Penso que nós vivemos uma situação interessante. O nosso papel é inédito, os preços, a localização, as coleções, isso é inédito no contexto de arte brasileira. Isso está colocando a gente em situações que outros não tiveram. Penso em Lygia Clark na nossa idade, que não estava nem perto desta posição... Você tem de lidar com situações que outras gerações brasileiras não teriam de lidar.
Vik: Penso que daqui a 20 anos esse livro só deverá existir no formato digital. O conteúdo, a distribuição, esta organização tem a ver com uma necessidade. Tanto eu como você, Bia, temos de fazer isso e por motivos diferentes. Você lida com a pintura, que produz objetos únicos, por isso catalogar também é tão importante. Saber quem comprou seu trabalho e onde ele foi parar, pois se fizer uma exposição retrospectiva, vai ter de rastrear cada obra. No caso da foto, não é tão sério, posso imprimir tudo e fazer a exposição. E eu trabalho em série. Vou aplicando os conhecimentos dentro da série. É como escrever novela, vou matando alguns personagens, fazendo uma intriga aqui, outra ali.
Beatriz: Você tem arquivo digital...
Vik: O arquivo digital está lá. Mas isso aqui (aponta o livro) é baseado em uma cronologia. É engraçado, pois você visualiza tudo.
Beatriz: O digital está lá, mas o livro tem outro contexto, não é?
Vik: O trabalho em série produz um número maior de objetos, inevitavelmente. Eu poderia estar fazendo coisas maiores, colocar mais conteúdo, mas tenho dificuldade com isso. Procuro dissipar isso em pequenos objetos, a natureza do meu trabalho produz um número muito grande de objetos. Na pintura, você aplica o conhecimento na própria pintura. Fotografia determina pontos, é uma extensão maior.
Beatriz: Ainda estou curiosa. Na hora de fazer a cronologia, você não fez uma seleção/pré-curadoria?
Vik: Não fiz. Mas o que não está aqui foram as coisas que se perderam. O artista quando jovem está preocupado em fazer o trabalho, não se preocupa em documentar. A gente está muito envolvido com a criação e coisas se perdem ao longo do caminho. É preocupante essa amnésia em relação ao seu próprio trabalho. Em 20 anos, você esquece de muita coisa. Penso agora que foram semanas da minha vida dedicadas a algo que perdi na memória. Gastei dinheiro, peguei trem e não tenho mais a menor lembrança daquilo.
Renato Rosa
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PILLA E O CARNAVAL
Confiram abaixo artigo do recentemente falecido político e intelectual Luis Pilla Vares sobre o carnaval, complementar à matéria do Caderno Cultura:
PILLA E O CARNAVAL (em fevereiro de 1988)
O carnaval é indiscutivelmente a maior festa do povo brasileiro. Mesmo que suas origens sejam ainda discutíveis, é certo que foi assumida pelo povo pobre, recebendo cada vez mais a influência marcadamente negra pelo ritmo musical, pelo gingado da dança e, logo pelo samba que acabou sendo a influência decisiva no surgimento da única arte autenticamente brasileira: o desfile das escolas de samba.
Não é meu propósito discorrer aqui sobre as origens das escolas de samba, o que fiz por mais de uma vez em outras ocasiões. Tentarei fixar-me no que o samba trouxe de novo à arte popular, mesmo que este novo não seja percebido conscientemente por seus criadores, o que, aliás, é fato comum no processo de criação artística: nem sempre os artistas têm consciência nítida do que estão produzindo e raramente calculam a influência que sua criação exercerá sobre a arte de seu tempo.
Já se pode perceber, portanto, que trato o Samba e mais especificamente o samba das escolas os desfiles de carnaval _ como um fenômeno estético. Não examino aqui a folia propriamente dita, ainda que a reconheça como um elemento fundamental para que a escola de samba se expresse como tal. Portanto, não é o Carnaval que me preocupa neste artigo, mas uma de suas formas particulares: a escola de samba. E analiso a escola de samba como um gênero artístico, capaz de rivalizar com as outras grandes manifestações estéticas . Vejo acima de tudo a escola de samba como arte moderna, como uma das mais autênticas expressões da contemporaneidade. Por sua linguagem, por sua música, pela dança e pela coreografia que apresenta, a escola de samba pode ser vista como um modelo de arte nova, capaz de expressar em seu movimento sempre surpreendente as mais autênticas tradições populares revestidas de uma forma em que se pode perceber nitidamente todos os estilos da arte contemporânea em estado bruto, onde o primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade.
Certamente a escola de samba, antes um fenômeno artístico nitidamente regional, expressão mais autêntica do sambista carioca, graças à evolução tecnológica dos meios de comunicação _ a tv foi um fator decisivo para isso _ ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e hoje sem dúvida alguma adquiriu as dimensões gigantescas de um grande espetáculo nacional, onde _ para bem ou para mal _ não se pode afirmar que a antiga e espontânea folia seja o seu requisito essencial. Atualmente, o telespectador sentado comodamente em sua poltrona ou o público apertado nas arquibancadas do sambódromo assume mais ou menos a postura de alguém diante de um teatro, ou um concerto ou de uma ópera do que o descompromisso e a participação corporal inerente ao folião dos velhos carnavais brasileiros.
Discute-se se isto foi positivo ou negativo e há uma multidão de tradicionalistas que encara este processo como uma brutal negação das raízes do samba. Mas nada há que fique sempre igual a si mesmo. E se assim ocorre na vida, também acontece no universo artístico, onde a mudança e a busca da modernidade em muitos casos a própria essência do processo criativo. Seria ingenuidade ou má fé pensar-se numa arte popular confinada a si própria, sem se nutrir das mudanças _ em alguns casos revolucionárias _ que ocorrem na sociedade da qual é a expressão mais legítima, ou nas outras artes de que não pode se isolar. Aliás, o próprio samba surgiu como uma revolução musical. Ou vamos negar que o velho Donga rompeu com toda uma série de padrões estabelecidos? Ou vamos negar que Noel Rosa trouxe para a música uma nova forma de crônica do quotidiano urbano do Rio de Janeiro?
Assim, a escola de samba em seus moldes atuais traz para o universo artístico uma multidão de espectadores, um novo público de especialistas que já se familiarizou com a linguagem específica desvendada durante os desfiles. Ao contrário, porém da passividade característica das salas fechadas, o público das escolas de samba é ativo e contagia o próprio desempenho das mesmas, provocando uma interação desconhecida dos espetáculos tradicionais como o teatro e a ópera (não me refiro aqui ao teatro grego, onde havia uma participação quase semelhante, nem à comédia del’arte e nem ao teatro brechtiano, que exige do seu espectador um nível de participação elevado, embora apenas ao nível da razão, extremamente cerebral e “frio”: refiro-me essencialmente ao teatro burguês e à ópera).
Mas se o desfile das escolas de samba forma um novo tipo de público consumidor, é inegável também que traz para o universo da arte igualmente um novo tipo de astro, que é o homem do povo, o anônimo de todo o ano que se transfigura em bailarino, cantor, músico ou compositor. E isto é instigante e provocador!
Quem já viu um grande desfile, não pode deixar de se admirar da graça aristocrática de uma porta-bandeira e dos passos elegantes e contidos de um verdadeiro mestre-sala; ou da sensualidade e da capacidade de improvisação dos passistas; ou da harmonia e do ritmo _ a que ninguém fica imune _ das baterias consagradas, como, por exemplo, a da Mocidade Independente de Padre Miguel ou a da Portela, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, as baterias dos Bambas da Orgia e dos Imperadores do Samba já romperam com a “batida marcial” do samba gaúcho e executam um ritmo gracioso e surpreendentes, verdadeiras orquestras de trabalhadores, a maioria dos quais nunca viu sequer uma partitura em toda a sua vida.
Estes novos astros que executam sua arte diante de um novo público em um novo tipo de “palco” _ as amplas avenidas urbanas _ na verdade estão com uma linguagem artística já plenamente elaborada, o que não quer dizer em absoluto que se tenha definitivamente estagnado. O que ocorre é que o espetáculo de escolas de samba já possui as suas próprias estruturas, em uma conjugação notável do canto e da dança (que é a matéria-prima fundamental, “a infra-estrutura” da escola de samba enquanto forma de arte), com as artes plásticas (as alegorias vêm ocupando um lugar cada vez maior nos desfiles) e com a ópera o enredo ainda possui uma importância decisiva). Nessa medida, o samba das escolas aproxima-se aceleradamente da sonhada arte total. Pelo menos, até agora apenas o desfile das escolas de samba chegou perto desta perspectiva.
O mundo onírico é essencial para um bom desempenho de uma escola na avenida. Mesmo com os velhos enredos, que se caracterizavam por sua estrutura clássica e pela linearidade, a forma com que eles eram “contados” na passarela da avenida desestruturava o “realismo” inerente à história e à letra do samba para adquirir a imaginação sem limites do sonho. A caracterização das personagens, a dança, os passos improvisados, o som da bateria e o surrealismo primitivo das alegorias transformavam o enredo em uma alucinada passagem ao mundo da imaginação, das associações livres e dos símbolos oníricos. Obviamente, esta situação escrita “o asfalto teria repercussões imediatas na estruturação do enredo e do samba que, a partir do fim da década de 60 e início da de 70, assimilaria a forma anárquica, na qual as palavras se incorporavam ao ritmo ou chegavam mesmo a se tornar puramente sons indisfarçavelmente afro. Sons pura a simplicidade que passavam a ter mais significação do que as próprias palavras consagradas que davam revolução a geira, censura imposta não podem ser negligenciadas neste abandono da perspectiva crítica e da sátira que sempre estiveram presentes no samba e na introdução do refrão fácil de puros sons. A retomada do espírito satírico, porém, ressurgiu, tornando-se dominante nos quatro últimos anos. De qualquer forma, parece definitivamente encerrada a era dos longos sambas-enredos de conteúdo ufanista e muitas vezes ingênuo (mas não é possível omitir o fato de que verdadeiras obras-primas foram criadas naquele período, como o Mundo Encantado de Monteiro Lobato, Tiradentes e tantos outros). O espírito crítico dos últimos anos, penso eu, é uma espécie de transição, superando-se o samba anárquico inaugurado pelo Salgueiro, mas sem que se chegue a uma nova etapa plenamente consolidada. Os sambas deste ano, por exemplo, incorporam a sátira a uma retomada do tema histórico, como a Abolição da Escravatura em muitos deles. No entanto, creio que a evolução da Mangueira dentro da tradição clássica tem a chave para um samba no qual a sátira não se perca, mas nem tampouco a dimensão literária e “operística” incrustadas em enredos belíssimos como o da homenagem a Drummond e “Yes, nós temos Braguinha” de anos recentes.
Bem, isto é o samba das grandes escolas. Em torno dele e delas é possível uma reflexão que certamente destoa do descompromisso carnavalesco tão comum nestes dias. Mas mesmo sendo o carnaval o momento das escolas, não se pode deixar de colocar em relevo esta apaixonante forma de arte que o povo _ e aqui trata-se verdadeiramente do povo, este segmento deserdado da sociedade, atribulado e angustiado durante quase todos os dias do ano _ vem aperfeiçoando com notável imaginação e criatividade. Vale a pena postar-se diante da tv e sentir o prazer da arte, aquele prazer puro, como uma iguaria, que temos ????por exemplo, ou de uma sinfonia de Beethoven, ou de uma ópera de Verdi. Ou de um quadro de Salvador Dali. Arte pura.
Durante muitos anos usei a expressão “ópera do Terceiro Mundo” para caracterizar este fenômeno estético das escolas de samba grandiosas que desfilam no Rio de Janeiro. Hoje creio que a expressão é inadequada. Não incorreta: inadequada. De fato, trata-se de uma manifestação típica do Terceiro Mundo e tem todos os ingredientes das óperas transformados e transportos para serem interpretados e consumidos nos espaços abertos das avenidas. Por outro lado, o seu conteúdo essencialmente popular, sem assimilar as conquistas da tecnologia moderna, torna o desfile da escola de samba uma manifestação estética típica do Terceiro Mundo, o que ainda se torna mais evidente quando a temática dominante nos enredos trata de um problema tão presente em países como o nosso, que é o da exploração da mão-de-obra escrava, como ocorre neste ano, centenário da Abolição, o que nos aproxima física e espiritualmente da África e, da mesma forma, nos afasta do colonialismo. E Terceiro Mundo não apenas pela temática, que muitas vezes transcende a questão da negritude para levar à Avenida, por exemplo a literatura de Carlos Drumond de Andrade ou o cinema de Charles Chaplin, mas pelo ritmo, pelos personagens, pelos intérpretes. Quem não observa logo nas belíssimas alas de baianas o resgate da dignidade de uma raça? E na elegância do mestre-sala e da porta-bandeira, vestidos sempre e inevitavelmente como as classes dirigentes da era colonial, não está manifesto o desejo dos deserdados _ os escravos _ em ascender ao mundo “limpo” da arte e da elegância desfrutado apenas pelos privilegiados da corte, longe da senzala?
Com todo esse universo rico, com sua linguagem própria e específica, com seus símbolos cheios de significado, definitivamente parece-me que o termo “ópera” fica demasiado estreito para nos referirmos às escolas de samba. Estas já adquiriram plena autonomia estética e não precisam se socorrer de nenhum termo de outras artes para designarem-se a si mesmas. Souberam usar o canto, a música, o balê, o teatro, a literatura, as artes plásticas e a própria ópera, mas seus elementos foram transformados e sintetizados em uma outra unidade, diferente de qualquer outra forma de expressão artística.
Por isso mesmo, não se pode pensar que a escola de samba venha a ser uma simples justaposição de elementos de outras artes. A originalidade começa por se tratar de uma arte de multidões, capaz de reunir um público até aqui só alcançado nas grandes competições esportivas. E este público, tanto o espectador passivo como o ativo, não vem ao caso, coloca-se diante de uma ruptura total com os padrões clássicos da arte ocidental, e, em primeiro lugar, com a sua linearidade (antes, porém, deixemos claro que esta ruptura dá-se no sentido hegeliano da superação _ superar conservando. Inclusive alguns enredos da época heróica das escolas de samba podem, do ponto de vista da trama ou da “historia”, ter sido claramente influenciados pelos poemas homéricos _ a Ilíada e a Odisséia _ ou Virgílio e sua Eneida). Estes enredos, porém, mesmo os mais clássicos, são desdramatizados no desfile e será a forma, carregada de símbolos e de significados que permitirá um novo tipo de leitura ou de descoberta da proposta da escola em relação a sua temática.
Entretanto, seja qual for o enredo, seja a temática que for apresentada, clássica ou anárquica, as escolas de samba conseguem realizar o mágico encontro do primitivo com o moderno, numa tensão permanente, que resulta em horas seguidas de encantamento.
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
Pablo Picasso
www.zerohora.com/mundolivro
*Contribuição de Carla Volkart
PILLA E O CARNAVAL (em fevereiro de 1988)
O carnaval é indiscutivelmente a maior festa do povo brasileiro. Mesmo que suas origens sejam ainda discutíveis, é certo que foi assumida pelo povo pobre, recebendo cada vez mais a influência marcadamente negra pelo ritmo musical, pelo gingado da dança e, logo pelo samba que acabou sendo a influência decisiva no surgimento da única arte autenticamente brasileira: o desfile das escolas de samba.
Não é meu propósito discorrer aqui sobre as origens das escolas de samba, o que fiz por mais de uma vez em outras ocasiões. Tentarei fixar-me no que o samba trouxe de novo à arte popular, mesmo que este novo não seja percebido conscientemente por seus criadores, o que, aliás, é fato comum no processo de criação artística: nem sempre os artistas têm consciência nítida do que estão produzindo e raramente calculam a influência que sua criação exercerá sobre a arte de seu tempo.
Já se pode perceber, portanto, que trato o Samba e mais especificamente o samba das escolas os desfiles de carnaval _ como um fenômeno estético. Não examino aqui a folia propriamente dita, ainda que a reconheça como um elemento fundamental para que a escola de samba se expresse como tal. Portanto, não é o Carnaval que me preocupa neste artigo, mas uma de suas formas particulares: a escola de samba. E analiso a escola de samba como um gênero artístico, capaz de rivalizar com as outras grandes manifestações estéticas . Vejo acima de tudo a escola de samba como arte moderna, como uma das mais autênticas expressões da contemporaneidade. Por sua linguagem, por sua música, pela dança e pela coreografia que apresenta, a escola de samba pode ser vista como um modelo de arte nova, capaz de expressar em seu movimento sempre surpreendente as mais autênticas tradições populares revestidas de uma forma em que se pode perceber nitidamente todos os estilos da arte contemporânea em estado bruto, onde o primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade.
Certamente a escola de samba, antes um fenômeno artístico nitidamente regional, expressão mais autêntica do sambista carioca, graças à evolução tecnológica dos meios de comunicação _ a tv foi um fator decisivo para isso _ ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e hoje sem dúvida alguma adquiriu as dimensões gigantescas de um grande espetáculo nacional, onde _ para bem ou para mal _ não se pode afirmar que a antiga e espontânea folia seja o seu requisito essencial. Atualmente, o telespectador sentado comodamente em sua poltrona ou o público apertado nas arquibancadas do sambódromo assume mais ou menos a postura de alguém diante de um teatro, ou um concerto ou de uma ópera do que o descompromisso e a participação corporal inerente ao folião dos velhos carnavais brasileiros.
Discute-se se isto foi positivo ou negativo e há uma multidão de tradicionalistas que encara este processo como uma brutal negação das raízes do samba. Mas nada há que fique sempre igual a si mesmo. E se assim ocorre na vida, também acontece no universo artístico, onde a mudança e a busca da modernidade em muitos casos a própria essência do processo criativo. Seria ingenuidade ou má fé pensar-se numa arte popular confinada a si própria, sem se nutrir das mudanças _ em alguns casos revolucionárias _ que ocorrem na sociedade da qual é a expressão mais legítima, ou nas outras artes de que não pode se isolar. Aliás, o próprio samba surgiu como uma revolução musical. Ou vamos negar que o velho Donga rompeu com toda uma série de padrões estabelecidos? Ou vamos negar que Noel Rosa trouxe para a música uma nova forma de crônica do quotidiano urbano do Rio de Janeiro?
Assim, a escola de samba em seus moldes atuais traz para o universo artístico uma multidão de espectadores, um novo público de especialistas que já se familiarizou com a linguagem específica desvendada durante os desfiles. Ao contrário, porém da passividade característica das salas fechadas, o público das escolas de samba é ativo e contagia o próprio desempenho das mesmas, provocando uma interação desconhecida dos espetáculos tradicionais como o teatro e a ópera (não me refiro aqui ao teatro grego, onde havia uma participação quase semelhante, nem à comédia del’arte e nem ao teatro brechtiano, que exige do seu espectador um nível de participação elevado, embora apenas ao nível da razão, extremamente cerebral e “frio”: refiro-me essencialmente ao teatro burguês e à ópera).
Mas se o desfile das escolas de samba forma um novo tipo de público consumidor, é inegável também que traz para o universo da arte igualmente um novo tipo de astro, que é o homem do povo, o anônimo de todo o ano que se transfigura em bailarino, cantor, músico ou compositor. E isto é instigante e provocador!
Quem já viu um grande desfile, não pode deixar de se admirar da graça aristocrática de uma porta-bandeira e dos passos elegantes e contidos de um verdadeiro mestre-sala; ou da sensualidade e da capacidade de improvisação dos passistas; ou da harmonia e do ritmo _ a que ninguém fica imune _ das baterias consagradas, como, por exemplo, a da Mocidade Independente de Padre Miguel ou a da Portela, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, as baterias dos Bambas da Orgia e dos Imperadores do Samba já romperam com a “batida marcial” do samba gaúcho e executam um ritmo gracioso e surpreendentes, verdadeiras orquestras de trabalhadores, a maioria dos quais nunca viu sequer uma partitura em toda a sua vida.
Estes novos astros que executam sua arte diante de um novo público em um novo tipo de “palco” _ as amplas avenidas urbanas _ na verdade estão com uma linguagem artística já plenamente elaborada, o que não quer dizer em absoluto que se tenha definitivamente estagnado. O que ocorre é que o espetáculo de escolas de samba já possui as suas próprias estruturas, em uma conjugação notável do canto e da dança (que é a matéria-prima fundamental, “a infra-estrutura” da escola de samba enquanto forma de arte), com as artes plásticas (as alegorias vêm ocupando um lugar cada vez maior nos desfiles) e com a ópera o enredo ainda possui uma importância decisiva). Nessa medida, o samba das escolas aproxima-se aceleradamente da sonhada arte total. Pelo menos, até agora apenas o desfile das escolas de samba chegou perto desta perspectiva.
O mundo onírico é essencial para um bom desempenho de uma escola na avenida. Mesmo com os velhos enredos, que se caracterizavam por sua estrutura clássica e pela linearidade, a forma com que eles eram “contados” na passarela da avenida desestruturava o “realismo” inerente à história e à letra do samba para adquirir a imaginação sem limites do sonho. A caracterização das personagens, a dança, os passos improvisados, o som da bateria e o surrealismo primitivo das alegorias transformavam o enredo em uma alucinada passagem ao mundo da imaginação, das associações livres e dos símbolos oníricos. Obviamente, esta situação escrita “o asfalto teria repercussões imediatas na estruturação do enredo e do samba que, a partir do fim da década de 60 e início da de 70, assimilaria a forma anárquica, na qual as palavras se incorporavam ao ritmo ou chegavam mesmo a se tornar puramente sons indisfarçavelmente afro. Sons pura a simplicidade que passavam a ter mais significação do que as próprias palavras consagradas que davam revolução a geira, censura imposta não podem ser negligenciadas neste abandono da perspectiva crítica e da sátira que sempre estiveram presentes no samba e na introdução do refrão fácil de puros sons. A retomada do espírito satírico, porém, ressurgiu, tornando-se dominante nos quatro últimos anos. De qualquer forma, parece definitivamente encerrada a era dos longos sambas-enredos de conteúdo ufanista e muitas vezes ingênuo (mas não é possível omitir o fato de que verdadeiras obras-primas foram criadas naquele período, como o Mundo Encantado de Monteiro Lobato, Tiradentes e tantos outros). O espírito crítico dos últimos anos, penso eu, é uma espécie de transição, superando-se o samba anárquico inaugurado pelo Salgueiro, mas sem que se chegue a uma nova etapa plenamente consolidada. Os sambas deste ano, por exemplo, incorporam a sátira a uma retomada do tema histórico, como a Abolição da Escravatura em muitos deles. No entanto, creio que a evolução da Mangueira dentro da tradição clássica tem a chave para um samba no qual a sátira não se perca, mas nem tampouco a dimensão literária e “operística” incrustadas em enredos belíssimos como o da homenagem a Drummond e “Yes, nós temos Braguinha” de anos recentes.
Bem, isto é o samba das grandes escolas. Em torno dele e delas é possível uma reflexão que certamente destoa do descompromisso carnavalesco tão comum nestes dias. Mas mesmo sendo o carnaval o momento das escolas, não se pode deixar de colocar em relevo esta apaixonante forma de arte que o povo _ e aqui trata-se verdadeiramente do povo, este segmento deserdado da sociedade, atribulado e angustiado durante quase todos os dias do ano _ vem aperfeiçoando com notável imaginação e criatividade. Vale a pena postar-se diante da tv e sentir o prazer da arte, aquele prazer puro, como uma iguaria, que temos ????por exemplo, ou de uma sinfonia de Beethoven, ou de uma ópera de Verdi. Ou de um quadro de Salvador Dali. Arte pura.
Durante muitos anos usei a expressão “ópera do Terceiro Mundo” para caracterizar este fenômeno estético das escolas de samba grandiosas que desfilam no Rio de Janeiro. Hoje creio que a expressão é inadequada. Não incorreta: inadequada. De fato, trata-se de uma manifestação típica do Terceiro Mundo e tem todos os ingredientes das óperas transformados e transportos para serem interpretados e consumidos nos espaços abertos das avenidas. Por outro lado, o seu conteúdo essencialmente popular, sem assimilar as conquistas da tecnologia moderna, torna o desfile da escola de samba uma manifestação estética típica do Terceiro Mundo, o que ainda se torna mais evidente quando a temática dominante nos enredos trata de um problema tão presente em países como o nosso, que é o da exploração da mão-de-obra escrava, como ocorre neste ano, centenário da Abolição, o que nos aproxima física e espiritualmente da África e, da mesma forma, nos afasta do colonialismo. E Terceiro Mundo não apenas pela temática, que muitas vezes transcende a questão da negritude para levar à Avenida, por exemplo a literatura de Carlos Drumond de Andrade ou o cinema de Charles Chaplin, mas pelo ritmo, pelos personagens, pelos intérpretes. Quem não observa logo nas belíssimas alas de baianas o resgate da dignidade de uma raça? E na elegância do mestre-sala e da porta-bandeira, vestidos sempre e inevitavelmente como as classes dirigentes da era colonial, não está manifesto o desejo dos deserdados _ os escravos _ em ascender ao mundo “limpo” da arte e da elegância desfrutado apenas pelos privilegiados da corte, longe da senzala?
Com todo esse universo rico, com sua linguagem própria e específica, com seus símbolos cheios de significado, definitivamente parece-me que o termo “ópera” fica demasiado estreito para nos referirmos às escolas de samba. Estas já adquiriram plena autonomia estética e não precisam se socorrer de nenhum termo de outras artes para designarem-se a si mesmas. Souberam usar o canto, a música, o balê, o teatro, a literatura, as artes plásticas e a própria ópera, mas seus elementos foram transformados e sintetizados em uma outra unidade, diferente de qualquer outra forma de expressão artística.
Por isso mesmo, não se pode pensar que a escola de samba venha a ser uma simples justaposição de elementos de outras artes. A originalidade começa por se tratar de uma arte de multidões, capaz de reunir um público até aqui só alcançado nas grandes competições esportivas. E este público, tanto o espectador passivo como o ativo, não vem ao caso, coloca-se diante de uma ruptura total com os padrões clássicos da arte ocidental, e, em primeiro lugar, com a sua linearidade (antes, porém, deixemos claro que esta ruptura dá-se no sentido hegeliano da superação _ superar conservando. Inclusive alguns enredos da época heróica das escolas de samba podem, do ponto de vista da trama ou da “historia”, ter sido claramente influenciados pelos poemas homéricos _ a Ilíada e a Odisséia _ ou Virgílio e sua Eneida). Estes enredos, porém, mesmo os mais clássicos, são desdramatizados no desfile e será a forma, carregada de símbolos e de significados que permitirá um novo tipo de leitura ou de descoberta da proposta da escola em relação a sua temática.
Entretanto, seja qual for o enredo, seja a temática que for apresentada, clássica ou anárquica, as escolas de samba conseguem realizar o mágico encontro do primitivo com o moderno, numa tensão permanente, que resulta em horas seguidas de encantamento.
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
Pablo Picasso
www.zerohora.com/mundolivro
*Contribuição de Carla Volkart
Picasso
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
Pablo Picasso
Pablo Picasso
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Utilidade Pública: TVE/RS e FM Cultura: Salve da Extinção!
Olá queridos (as) amigos (as),
Os funcionários da TVErs/FM Cultura estão se mobilizando para evitar o fim das emissoras públicas no RS.
Favor, leia o Manifesto em:
http://forumtve. blogspot. com/2009/ 12/tve-e- fm-cultura- correm-risco- de.html
A primeira ação seria manter a TVE na tua atual sede no Morro Santa Teresa (Rua Corrêa Lima, 2118). Mas a última notícia é que o prédio da TVE foi vendido para a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).
O prazo para saída das emissoras do local é no dia 31 de março de 2010.
Você pode participar de várias formas: divulgando a notícia, assinando o abaixo-assinado, prestigiando o Ato-Show (dia 20/12, em Porto Alegre) ou ainda o Abraço Simbólico no atual prédio (que será realizado em data a confirmar).
Assinaturas do abaixo-assinado em
http://bit.ly/ 6qw9VE
Conheça a agenda completa de atividades do Fórum TVE/FM Cultura em
http://forumtve. blogspot. com
Contamos com a participação de todos.
abraços
Luciano Alfonso
Fone (51) 9987.8021
luciano.alfonso@hotmail.com
Entrevista com Voltaire Schilling à ZERO HORA, sobre o seu polêmico (e equivocado) artigo
Jornal ZERO HORA
05 de dezembro de 2009
DEBATE
“Não sou a favor de que destruam as esculturas. Foi uma ironia”
Em entrevista na biblioteca de sua casa, na subida do Morro Santa Tereza, o historiador Voltaire Schilling detalha pontos de seu polêmico artigo sobre artes visuais. Diz que não estava falando sério ao propor que as obras fossem despachadas, queixa-se das réplicas e admite que há um tom nostálgico em seu discurso
Zero Hora – O senhor esperava que seu artigo fosse ponto de partida para uma polêmica sobre arte em Porto Alegre?
Voltaire Schilling – Não. Minha percepção era apenas reclamar contra o que eu considero o conjunto de horrores estéticos que nos cercam. Para mim, o ponto de deflagração foi a “casa monstro” (a obra Tapume, de Henrique Oliveira). Acho que não contribui para a cidade. Sou um cidadão de Porto Alegre descontente com o tipo de monumento e estatuária que existe por aí. Pelo menos com aquelas elencadas. Repare que não é uma declaração universal de horror a toda a estatuária da cidade. Depois soube que o mesmo escultor que fez o monumento ao ditador (a obra Monumento a Castello Branco) é o dos Açorianos, que acho um trabalho muito interessante.
ZH – Mas o senhor não acha que as soluções formais do Monumento a Castello Branco e do Monumento aos Açorianos são muito próximas, se não as mesmas?
Schilling – Bom, isso é difícil, não gostaria de me ater. Existem obras de arte moderna e contemporânea excelentes e outras que não o são. Da mesma maneira que um pintor tem o seu mau dia ou um extraordinário teatrólogo faz uma peça que não funciona.
ZH – O senhor acha que o monumento do Parcão não funciona?
Schilling – Não, só estou dando uma impressão. Não é uma questão de estudo acurado e profundo. O que acho estranho nessa área das artes plásticas é que, na literatura, o sujeito pode escrever um livro ruim, e a crítica em geral pode manifestar sua hostilidade. A mesma coisa acontece com o teatro, o cinema. Mas parece que as artes plásticas resolveram reservar a si uma posição de não aceitar e imediatamente cair no pentágono da desqualificação: quem critica é nazista, stalinista, reacionário, ignorante e burro. Sabia que, se houvesse algum tipo de contestação (ao artigo), entraria numa dessas categorias. Curiosamente, não me chamaram de homossexual ainda.
ZH – No texto, o senhor usa termos como “monstruosidade”, “flagelo”, “medonhice”, “perversidade” em relação às obras que rejeita, num sentido não irônico. O senhor ficou surpreso com a reação?
Schilling – O texto também procurou ser divertido. É evidente que tem ironia. Se tu olhares o Monumento a Castello Branco, ele pode ser entendido como o desembarque de um extraterrestre, por que não? Aquela outra, o “timão” (Estrela Guia, de Gustavo Nackle), parecia realmente ser feita de estrume. Se tu perguntares para as pessoas da Zona Sul o que eles acham daquilo... Faz um levantamento. É claro que procurei fazer ironicamente a coisa. Não sou a favor de que as massas se reúnam e destruam as obras de arte. Fiz uma ironia.
ZH – Qual deveria ser a atitude diante das obras expostas em museus e praças, na medida em que uma parcela desse público não goste do que está sendo exibido?
Schilling – Isso é uma situação difícil de resolver. Arte não se resolve por plebiscito, por levantamentos ou por vontade geral da nação. Isso não funciona com a arte. É um setor que tem de ser tratado com carinho, com certa atenção, não pode ser submetido a plebiscitos. Mas, por outro lado, também não podemos cair na tolerância completa, o que acaba acontecendo em grande parte do mundo com a arte conceitual. Se caiu num vale-tudo. Eu ainda sou, digamos assim, um seguidor da ideia iluminista de que a estética tem uma função de melhorar todos nós. A estética faz bem para nós. Agora, em parte, eu te diria que essa fome estética que a humanidade sente ela está sendo desviada para a tecnologia. Por exemplo, as pessoas vão num salão do automóvel e saem absolutamente embevecidas. Coisa que tu não vês quando as pessoas saem de uma Bienal – não é a nossa, qualquer uma. Tu não vês esse empolgamento das pessoas.
ZH – O senhor foi à Bienal este ano?
Schilling – Sim.
ZH – No Margs?
Schilling – É. No Margs eu fui, claro, é do meu lado (Schilling é diretor do Memorial do Estado, vizinho do Margs, na Praça da Alfândega). Foi a que tem sido mais visitada...
ZH – E o que o senhor achou?
Schilling – Olha, achei que tem trabalhos escolares, né? Tem coisas assim de trabalho de ginasiano, colagenzinha de ginasiano, né?
ZH – O fato de a Bienal estar na sétima edição, de ter tido um crescimento de público sustentado, o fato de atrair não só o público adulto, que frequenta museus, mas de ter se tornado um ponto de referência para escolas, de alguma maneira indica que a disposição do público não é exatamente a que o senhor tem?
Schilling – Olha, duas coisas. Primeiro, eu não sou contra a Bienal. Acho que a Bienal é ótima para a cidade. Acho muito bom. Pelo menos de dois em dois anos, há um encontro, uma confraternização das propostas dos artistas com o público, que é uma coisa boa para a cidade. Como é que eu vou ser contra a arte? Em segundo lugar, mesmo com o aumento de público, eu não encontrei empolgação. Não tem. Eu estou numa posição estratégica, já é a terceira Bienal (à qual assiste como diretor do Memorial do Rio Grande do Sul). Nunca, nunca nenhuma pessoa demonstrou na minha frente, para amigos meus, para pessoas próximas a mim, empolgação: “Vi tal coisa maravilhosa”. Nenhuma vez. Ao contrário: decepção. As pessoas vão com toda a boa vontade e saem decepcionadas. Muitas pessoas dizem: “Mas essa é a função da arte hoje. Criar esse tipo de embaraçamento etc e tal”.
ZH – Nenhum trabalho lhe empolgou ali no Margs?
Schilling – (Pausa.) Não. (Mais baixo.) Não, não. Os meus, digamos assim, os meus ídolos, as pessoas que eu admiro, são os impressionistas... até mesmo os cubistas e os futuristas... Eu sou, digamos assim, defensor da arte pré-contemporânea, da primeira arte moderna. Isso aí (da Bienal) pouco diz para mim.
ZH – O senhor disse que estava sendo irônico e que, de fato, não quer que as obras de arte sejam despachadas. O senhor não quer isso porque isso não vai acontecer ou porque é preciso haver uma outra resposta?
Schilling – Digamos assim: doravante, a minha expectativa é que as pessoas encarregadas disso tenham mais cuidado, só isso. Doravante, pensem um pouco: “Pô, mas será que isso realmente é uma coisa meritória para nossa cidade? Ela merece isso?”.
ZH – Ter cuidado é um conselho bastante amplo. Do ponto de vista de quem julga as obras de arte, quais seriam as diretrizes que consubstanciariam esse cuidado?
Schilling – Não tenho condições (de responder) porque eu não sou artista. Eu só reajo: isto aqui não está bom, não está bom, não está bom. Minha reação é essa. Não é a questão nem só da feiura, é o mau gosto, tu entende? É o mau gosto. E se por trás de mim não tem ninguém, se é um ato absolutamente isolado da minha personalidade, não sei por que vocês então dão valor para isso. Eu participei de um debate em que 80% das pessoas concordavam com a minha posição. Se nós chegássemos a uma avaliação, nós vamos ver que Porto Alegre está povoada de 800 mil nazistas, reacionários, burros e ignorantes, o que é um dado absolutamente alarmante sobre a nossa população.
ZH – O senhor disse: “Nós temos sido excessivamente tolerantes”. Quando o senhor diz “nós”...
Schilling – Os 80%.
ZH – A palavra “tolerância” pode ser aplicada à relação entre etnias e nacionalidades. Foi muito usada ao longo do século 20. No que toca à arte, é pouco usada porque em geral artistas e críticos concordam que uma manifestação artística pode ser válida ou não, boa ou ruim, bela ou feia. Mas aquilo que está além da tolerância tem de ser descartado. Também no século 20, o que estava “além da tolerância” foi descartado, e sabemos que isso está sempre associado a experiências bastante ruins na história.
Schilling – Sim, sim, sim.
ZH – Essa é uma palavra sua. Eu não estou colocando na sua boca. O senhor usou “tolerância”.
Schilling – Sim, sim. O que eu digo “tolerância” é a ausência de crítica. Então, como não há crítica, tu vais, tu entendes, tu deixas. Hoje a arte corresponde ao que o artista acha que é arte, a sua subjetividade.
ZH – E não tem de ser assim?
Schilling – Bom, agora é assim, mais do que nunca: “Eu decido o que é arte”. Tu conheces o caso daquele que vendeu fezes, né? Aliás, só um italiano poderia fazer um negócio desses. O cara vendeu fezes.
ZH – Era uma provocação.
Schilling – Seja o que for. Andy Warhol pedia que alguns amigos dele urinassem em cima de certas telas que ele deixava no chão. Entende? Esse tipo de coisa. Digo “tolerância” no sentido de ausência de crítica. Então de repente tu tens aberrações. É algo assim tipo a criança traquinas: vai fazendo, vai fazendo arte, de repente ela incendeia a casa? Por quê? Porque tu és excessivamente tolerante e conivente. Então talvez se nós exercêssemos sobre a arte conceitual...
ZH – O senhor usou a palavra “tolerância” e agora disse que estava se referindo à crítica. Em vez de “excesso de tolerância”, teria havido “ausência de crítica”. Existe uma considerável obra crítica em relação a todos os temas da nossa discussão. A própria estatuária de Porto Alegre tem estudos e livros. O que é preciso fazer, no seu entender, para que essa crítica encontre o seu ponto?
Schilling – Vocês supõem a crítica no sentido como a filosofia idealista tentou, no sentido de colaborar, esclarecer. A palavra “crítica” que estou dizendo é em outro sentido. É de denúncia. É uma empulhação, tu tens de denunciar a empulhação.
ZH – Tudo é empulhação?
Schilling – Não, não, não é isso. Mas tem de denunciar quando é empulhação.
ZH – Aquelas obras que o senhor cita são empulhação?
Schilling – Eu não sei, não estou preocupado com isso. Minha preocupação não é essa. Minha preocupação é de ordem estética.
ZH – Mas o senhor acabou de dizer que têm de ser denunciadas.
Schilling – Eu não estou dizendo que essas obras são empulhação. Eu não disse isso. São simplesmente cafonas, feias, não correspondem a, digamos assim, ao que eu imagino que seja um lugar gostoso de passar e ver um bom monumento. Necessariamente não precisa ser de beleza, que tenha de ser uma Vênus de Milo, um Apolo, não é isso. Mas que de alguma forma ele tenha uma expressão estética interessante, aceitável por todos. Ou pelo menos pela maioria. Agora eu volto a te dizer, eu sou cético. Eu acho que nós somos governados por uma tribo esotérica, que domina os jornais, que domina as revistas, que se associa a galerias, que se associa ao marketing, que se associa aos leilões estapafúrdios, e isso aí, e além do mais às coleções dos milionários. Que arte de transgressão é essa em que as principais obras de transgressão são compradas pelos milionários? As pessoas mais conservadoras do Ocidente têm seu dinheiro empregado nisso aí. E obviamente que elas não querem que alguém diga lá: “Olha, o rei está nu. O senhor comprou uma caixa de sabão Omo, não um ready made”. Agora, volto a insistir nessa questão: como, de que maneira, quais as condições históricas que permitiram que um grupo, essa tribo esotérica, domine o universo das artes plásticas, se imponha perante a população e aterrorize a população? As pessoas se sentem aterrorizadas, com medo de comentar qualquer coisa. Elas saem de uma exposição, não gostam e não têm coragem de dizer. Lembra um pouco o filme da minha geração, a nouvelle vague. A gente ia ao cinema e não entendia. Então tinha em Porto Alegre uns quatro ou cinco especialistas que entendiam o filme. Eram os sacerdotes sibilinos da nossa época. Eles explicavam: “Olha, o (Jean-Luc) Godard quis dizer tal coisa”. As pessoas não entendiam e ficavam absolutamente envergonhadas porque não entendiam os filmes. Então tinha que ter um especialista, um crítico de arte, um crítico de cinema, que explicava ao vulgo o que aquilo queria dizer.
ZH – O senhor diz que estamos sendo “aterrorizados”. Meu filho de cinco anos foi à Bienal e não voltou – pelo menos perceptivelmente – aterrorizado, voltou falando das coisas que viu lá. Nosso papel nesta entrevista é permitir que o senhor esclareça, detalhe e disseque sua forma de pensar. Qual seria a maneira de essa população – “aterrorizada”, para usar sua expressão – lidar com essas obras?
Schilling – Em primeiro lugar, não acredito que essa obras vão desaparecer. As circunstâncias históricas em que elas foram gestadas e o apoio que os Estados Unidos dão a isso dificilmente vão fazer com que esse tipo de arte desapareça. Em parte, o que acontece é fruto da Guerra Fria. Não só isso, já era antes, nos anos 30. Os americanos queriam fazer uma confrontação com o que estava acontecendo na Europa. Observa que o MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) é inaugurado exatamente quando Hitler chega ao poder e decreta o fim da arte expressionista na Alemanha. Em 1934, Stalin decreta o realismo socialista. Essa tolerância que surgiu nos Estados Unidos com a criação artística – “Faça o que quiser, imagine qualquer tipo de possibilidade criativa” – estava estreitamente vinculada à Guerra Fria. Tanto é que a CIA organizou expedições artísticas ao largo da Europa para exatamente fazer isso: “Reparem como os artistas americanos têm absoluta liberdade enquanto os soviéticos estão submetidos ao dirigismo, às exigências de um Estado totalitário”. Essa é a origem histórica e sociológica dessa história toda. Há um claro interesse de que esse tipo de arte corresponda aos anseios de liberdade defendidos pelo Ocidente. É uma posição claramente ideológica: “O nosso artista faz o que lhe vem na telha e ninguém tem de se opor”.
ZH – Isso é ruim?
Schilling – Não, não estou dizendo que é ruim ou não. Mas o que interessa a subjetividade dessas pessoas?
ZH – Não interessa?
Schilling – A quem interessa e por quê?
ZH – E o senhor, o que representa, se não a sua subjetividade?
Schilling – Olha, de alguma maneira... Tu estás fazendo referência ao meu artigo?
ZH – Não, ao seu papel como intelectual.
Schilling – Olha, de alguma maneira, eu, digamos, fui no meu artigo o intérprete dessa insatisfação que existe na nossa cidade. Não sei em outras. Mas aqui, pela repercussão que teve, fui intérprete involuntário disso. Então, nesse caso específico, minha subjetividade se articulou com o mal-estar coletivo das pessoas em relação ao que se passa na nossa cidade especificamente – não estou falando da Bienal – especificamente a estatuária e a escultuária de nossa cidade, especificamente aqueles que foram citados por mim. Só isso. Então eu fui intérprete. Isso pode acontecer. Às vezes você escreve alguma coisa e provoca...
ZH – Há nostalgia da sua parte, não?
Schilling – No seguinte sentido: o enorme acervo técnico de qualificação de pintores e escultores vai ser posto fora. Há quantos mil anos o Ocidente começou a fazer escultura? Tudo isso está se perdendo. Um sujeito escreveu para nós assim: “Olha, eu recebi encomenda de fazer cinco caixotes de madeira. Depois eu soube com surpresa que estavam ali empilhados no Cais do Porto como obra de arte”. Esses ambientes artísticos estão sendo substituídos por marceneiros, por pedreiros. Não por artistas. Há uma nostalgia? Há, sim.
05 de dezembro de 2009
DEBATE
“Não sou a favor de que destruam as esculturas. Foi uma ironia”
Em entrevista na biblioteca de sua casa, na subida do Morro Santa Tereza, o historiador Voltaire Schilling detalha pontos de seu polêmico artigo sobre artes visuais. Diz que não estava falando sério ao propor que as obras fossem despachadas, queixa-se das réplicas e admite que há um tom nostálgico em seu discurso
Zero Hora – O senhor esperava que seu artigo fosse ponto de partida para uma polêmica sobre arte em Porto Alegre?
Voltaire Schilling – Não. Minha percepção era apenas reclamar contra o que eu considero o conjunto de horrores estéticos que nos cercam. Para mim, o ponto de deflagração foi a “casa monstro” (a obra Tapume, de Henrique Oliveira). Acho que não contribui para a cidade. Sou um cidadão de Porto Alegre descontente com o tipo de monumento e estatuária que existe por aí. Pelo menos com aquelas elencadas. Repare que não é uma declaração universal de horror a toda a estatuária da cidade. Depois soube que o mesmo escultor que fez o monumento ao ditador (a obra Monumento a Castello Branco) é o dos Açorianos, que acho um trabalho muito interessante.
ZH – Mas o senhor não acha que as soluções formais do Monumento a Castello Branco e do Monumento aos Açorianos são muito próximas, se não as mesmas?
Schilling – Bom, isso é difícil, não gostaria de me ater. Existem obras de arte moderna e contemporânea excelentes e outras que não o são. Da mesma maneira que um pintor tem o seu mau dia ou um extraordinário teatrólogo faz uma peça que não funciona.
ZH – O senhor acha que o monumento do Parcão não funciona?
Schilling – Não, só estou dando uma impressão. Não é uma questão de estudo acurado e profundo. O que acho estranho nessa área das artes plásticas é que, na literatura, o sujeito pode escrever um livro ruim, e a crítica em geral pode manifestar sua hostilidade. A mesma coisa acontece com o teatro, o cinema. Mas parece que as artes plásticas resolveram reservar a si uma posição de não aceitar e imediatamente cair no pentágono da desqualificação: quem critica é nazista, stalinista, reacionário, ignorante e burro. Sabia que, se houvesse algum tipo de contestação (ao artigo), entraria numa dessas categorias. Curiosamente, não me chamaram de homossexual ainda.
ZH – No texto, o senhor usa termos como “monstruosidade”, “flagelo”, “medonhice”, “perversidade” em relação às obras que rejeita, num sentido não irônico. O senhor ficou surpreso com a reação?
Schilling – O texto também procurou ser divertido. É evidente que tem ironia. Se tu olhares o Monumento a Castello Branco, ele pode ser entendido como o desembarque de um extraterrestre, por que não? Aquela outra, o “timão” (Estrela Guia, de Gustavo Nackle), parecia realmente ser feita de estrume. Se tu perguntares para as pessoas da Zona Sul o que eles acham daquilo... Faz um levantamento. É claro que procurei fazer ironicamente a coisa. Não sou a favor de que as massas se reúnam e destruam as obras de arte. Fiz uma ironia.
ZH – Qual deveria ser a atitude diante das obras expostas em museus e praças, na medida em que uma parcela desse público não goste do que está sendo exibido?
Schilling – Isso é uma situação difícil de resolver. Arte não se resolve por plebiscito, por levantamentos ou por vontade geral da nação. Isso não funciona com a arte. É um setor que tem de ser tratado com carinho, com certa atenção, não pode ser submetido a plebiscitos. Mas, por outro lado, também não podemos cair na tolerância completa, o que acaba acontecendo em grande parte do mundo com a arte conceitual. Se caiu num vale-tudo. Eu ainda sou, digamos assim, um seguidor da ideia iluminista de que a estética tem uma função de melhorar todos nós. A estética faz bem para nós. Agora, em parte, eu te diria que essa fome estética que a humanidade sente ela está sendo desviada para a tecnologia. Por exemplo, as pessoas vão num salão do automóvel e saem absolutamente embevecidas. Coisa que tu não vês quando as pessoas saem de uma Bienal – não é a nossa, qualquer uma. Tu não vês esse empolgamento das pessoas.
ZH – O senhor foi à Bienal este ano?
Schilling – Sim.
ZH – No Margs?
Schilling – É. No Margs eu fui, claro, é do meu lado (Schilling é diretor do Memorial do Estado, vizinho do Margs, na Praça da Alfândega). Foi a que tem sido mais visitada...
ZH – E o que o senhor achou?
Schilling – Olha, achei que tem trabalhos escolares, né? Tem coisas assim de trabalho de ginasiano, colagenzinha de ginasiano, né?
ZH – O fato de a Bienal estar na sétima edição, de ter tido um crescimento de público sustentado, o fato de atrair não só o público adulto, que frequenta museus, mas de ter se tornado um ponto de referência para escolas, de alguma maneira indica que a disposição do público não é exatamente a que o senhor tem?
Schilling – Olha, duas coisas. Primeiro, eu não sou contra a Bienal. Acho que a Bienal é ótima para a cidade. Acho muito bom. Pelo menos de dois em dois anos, há um encontro, uma confraternização das propostas dos artistas com o público, que é uma coisa boa para a cidade. Como é que eu vou ser contra a arte? Em segundo lugar, mesmo com o aumento de público, eu não encontrei empolgação. Não tem. Eu estou numa posição estratégica, já é a terceira Bienal (à qual assiste como diretor do Memorial do Rio Grande do Sul). Nunca, nunca nenhuma pessoa demonstrou na minha frente, para amigos meus, para pessoas próximas a mim, empolgação: “Vi tal coisa maravilhosa”. Nenhuma vez. Ao contrário: decepção. As pessoas vão com toda a boa vontade e saem decepcionadas. Muitas pessoas dizem: “Mas essa é a função da arte hoje. Criar esse tipo de embaraçamento etc e tal”.
ZH – Nenhum trabalho lhe empolgou ali no Margs?
Schilling – (Pausa.) Não. (Mais baixo.) Não, não. Os meus, digamos assim, os meus ídolos, as pessoas que eu admiro, são os impressionistas... até mesmo os cubistas e os futuristas... Eu sou, digamos assim, defensor da arte pré-contemporânea, da primeira arte moderna. Isso aí (da Bienal) pouco diz para mim.
ZH – O senhor disse que estava sendo irônico e que, de fato, não quer que as obras de arte sejam despachadas. O senhor não quer isso porque isso não vai acontecer ou porque é preciso haver uma outra resposta?
Schilling – Digamos assim: doravante, a minha expectativa é que as pessoas encarregadas disso tenham mais cuidado, só isso. Doravante, pensem um pouco: “Pô, mas será que isso realmente é uma coisa meritória para nossa cidade? Ela merece isso?”.
ZH – Ter cuidado é um conselho bastante amplo. Do ponto de vista de quem julga as obras de arte, quais seriam as diretrizes que consubstanciariam esse cuidado?
Schilling – Não tenho condições (de responder) porque eu não sou artista. Eu só reajo: isto aqui não está bom, não está bom, não está bom. Minha reação é essa. Não é a questão nem só da feiura, é o mau gosto, tu entende? É o mau gosto. E se por trás de mim não tem ninguém, se é um ato absolutamente isolado da minha personalidade, não sei por que vocês então dão valor para isso. Eu participei de um debate em que 80% das pessoas concordavam com a minha posição. Se nós chegássemos a uma avaliação, nós vamos ver que Porto Alegre está povoada de 800 mil nazistas, reacionários, burros e ignorantes, o que é um dado absolutamente alarmante sobre a nossa população.
ZH – O senhor disse: “Nós temos sido excessivamente tolerantes”. Quando o senhor diz “nós”...
Schilling – Os 80%.
ZH – A palavra “tolerância” pode ser aplicada à relação entre etnias e nacionalidades. Foi muito usada ao longo do século 20. No que toca à arte, é pouco usada porque em geral artistas e críticos concordam que uma manifestação artística pode ser válida ou não, boa ou ruim, bela ou feia. Mas aquilo que está além da tolerância tem de ser descartado. Também no século 20, o que estava “além da tolerância” foi descartado, e sabemos que isso está sempre associado a experiências bastante ruins na história.
Schilling – Sim, sim, sim.
ZH – Essa é uma palavra sua. Eu não estou colocando na sua boca. O senhor usou “tolerância”.
Schilling – Sim, sim. O que eu digo “tolerância” é a ausência de crítica. Então, como não há crítica, tu vais, tu entendes, tu deixas. Hoje a arte corresponde ao que o artista acha que é arte, a sua subjetividade.
ZH – E não tem de ser assim?
Schilling – Bom, agora é assim, mais do que nunca: “Eu decido o que é arte”. Tu conheces o caso daquele que vendeu fezes, né? Aliás, só um italiano poderia fazer um negócio desses. O cara vendeu fezes.
ZH – Era uma provocação.
Schilling – Seja o que for. Andy Warhol pedia que alguns amigos dele urinassem em cima de certas telas que ele deixava no chão. Entende? Esse tipo de coisa. Digo “tolerância” no sentido de ausência de crítica. Então de repente tu tens aberrações. É algo assim tipo a criança traquinas: vai fazendo, vai fazendo arte, de repente ela incendeia a casa? Por quê? Porque tu és excessivamente tolerante e conivente. Então talvez se nós exercêssemos sobre a arte conceitual...
ZH – O senhor usou a palavra “tolerância” e agora disse que estava se referindo à crítica. Em vez de “excesso de tolerância”, teria havido “ausência de crítica”. Existe uma considerável obra crítica em relação a todos os temas da nossa discussão. A própria estatuária de Porto Alegre tem estudos e livros. O que é preciso fazer, no seu entender, para que essa crítica encontre o seu ponto?
Schilling – Vocês supõem a crítica no sentido como a filosofia idealista tentou, no sentido de colaborar, esclarecer. A palavra “crítica” que estou dizendo é em outro sentido. É de denúncia. É uma empulhação, tu tens de denunciar a empulhação.
ZH – Tudo é empulhação?
Schilling – Não, não, não é isso. Mas tem de denunciar quando é empulhação.
ZH – Aquelas obras que o senhor cita são empulhação?
Schilling – Eu não sei, não estou preocupado com isso. Minha preocupação não é essa. Minha preocupação é de ordem estética.
ZH – Mas o senhor acabou de dizer que têm de ser denunciadas.
Schilling – Eu não estou dizendo que essas obras são empulhação. Eu não disse isso. São simplesmente cafonas, feias, não correspondem a, digamos assim, ao que eu imagino que seja um lugar gostoso de passar e ver um bom monumento. Necessariamente não precisa ser de beleza, que tenha de ser uma Vênus de Milo, um Apolo, não é isso. Mas que de alguma forma ele tenha uma expressão estética interessante, aceitável por todos. Ou pelo menos pela maioria. Agora eu volto a te dizer, eu sou cético. Eu acho que nós somos governados por uma tribo esotérica, que domina os jornais, que domina as revistas, que se associa a galerias, que se associa ao marketing, que se associa aos leilões estapafúrdios, e isso aí, e além do mais às coleções dos milionários. Que arte de transgressão é essa em que as principais obras de transgressão são compradas pelos milionários? As pessoas mais conservadoras do Ocidente têm seu dinheiro empregado nisso aí. E obviamente que elas não querem que alguém diga lá: “Olha, o rei está nu. O senhor comprou uma caixa de sabão Omo, não um ready made”. Agora, volto a insistir nessa questão: como, de que maneira, quais as condições históricas que permitiram que um grupo, essa tribo esotérica, domine o universo das artes plásticas, se imponha perante a população e aterrorize a população? As pessoas se sentem aterrorizadas, com medo de comentar qualquer coisa. Elas saem de uma exposição, não gostam e não têm coragem de dizer. Lembra um pouco o filme da minha geração, a nouvelle vague. A gente ia ao cinema e não entendia. Então tinha em Porto Alegre uns quatro ou cinco especialistas que entendiam o filme. Eram os sacerdotes sibilinos da nossa época. Eles explicavam: “Olha, o (Jean-Luc) Godard quis dizer tal coisa”. As pessoas não entendiam e ficavam absolutamente envergonhadas porque não entendiam os filmes. Então tinha que ter um especialista, um crítico de arte, um crítico de cinema, que explicava ao vulgo o que aquilo queria dizer.
ZH – O senhor diz que estamos sendo “aterrorizados”. Meu filho de cinco anos foi à Bienal e não voltou – pelo menos perceptivelmente – aterrorizado, voltou falando das coisas que viu lá. Nosso papel nesta entrevista é permitir que o senhor esclareça, detalhe e disseque sua forma de pensar. Qual seria a maneira de essa população – “aterrorizada”, para usar sua expressão – lidar com essas obras?
Schilling – Em primeiro lugar, não acredito que essa obras vão desaparecer. As circunstâncias históricas em que elas foram gestadas e o apoio que os Estados Unidos dão a isso dificilmente vão fazer com que esse tipo de arte desapareça. Em parte, o que acontece é fruto da Guerra Fria. Não só isso, já era antes, nos anos 30. Os americanos queriam fazer uma confrontação com o que estava acontecendo na Europa. Observa que o MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) é inaugurado exatamente quando Hitler chega ao poder e decreta o fim da arte expressionista na Alemanha. Em 1934, Stalin decreta o realismo socialista. Essa tolerância que surgiu nos Estados Unidos com a criação artística – “Faça o que quiser, imagine qualquer tipo de possibilidade criativa” – estava estreitamente vinculada à Guerra Fria. Tanto é que a CIA organizou expedições artísticas ao largo da Europa para exatamente fazer isso: “Reparem como os artistas americanos têm absoluta liberdade enquanto os soviéticos estão submetidos ao dirigismo, às exigências de um Estado totalitário”. Essa é a origem histórica e sociológica dessa história toda. Há um claro interesse de que esse tipo de arte corresponda aos anseios de liberdade defendidos pelo Ocidente. É uma posição claramente ideológica: “O nosso artista faz o que lhe vem na telha e ninguém tem de se opor”.
ZH – Isso é ruim?
Schilling – Não, não estou dizendo que é ruim ou não. Mas o que interessa a subjetividade dessas pessoas?
ZH – Não interessa?
Schilling – A quem interessa e por quê?
ZH – E o senhor, o que representa, se não a sua subjetividade?
Schilling – Olha, de alguma maneira... Tu estás fazendo referência ao meu artigo?
ZH – Não, ao seu papel como intelectual.
Schilling – Olha, de alguma maneira, eu, digamos, fui no meu artigo o intérprete dessa insatisfação que existe na nossa cidade. Não sei em outras. Mas aqui, pela repercussão que teve, fui intérprete involuntário disso. Então, nesse caso específico, minha subjetividade se articulou com o mal-estar coletivo das pessoas em relação ao que se passa na nossa cidade especificamente – não estou falando da Bienal – especificamente a estatuária e a escultuária de nossa cidade, especificamente aqueles que foram citados por mim. Só isso. Então eu fui intérprete. Isso pode acontecer. Às vezes você escreve alguma coisa e provoca...
ZH – Há nostalgia da sua parte, não?
Schilling – No seguinte sentido: o enorme acervo técnico de qualificação de pintores e escultores vai ser posto fora. Há quantos mil anos o Ocidente começou a fazer escultura? Tudo isso está se perdendo. Um sujeito escreveu para nós assim: “Olha, eu recebi encomenda de fazer cinco caixotes de madeira. Depois eu soube com surpresa que estavam ali empilhados no Cais do Porto como obra de arte”. Esses ambientes artísticos estão sendo substituídos por marceneiros, por pedreiros. Não por artistas. Há uma nostalgia? Há, sim.
domingo, 15 de novembro de 2009
Dica de Teatro: DentroFora
Imagens do Espetáculo
DentroFora segue em cartaz no Câmara Túlio Piva com várias atrações: o texto de Paul Auster, a atuação de Liane Venturella e Nelson Diniz, a estreia na direção de Carlos Ramiro Fensterseifer – e a trilha sonora de Alvaro RosaCosta.
sexta e sábado às 21h, domingo às 20h
Assim como O Gordo e o Magro vão para o Céu, inspirado em Esperando Godot. O espetáculo é uma metáfora sobre o ser humano contemporâneo. Na trama, de dois personagens, se encontram presos dentro de duas caixas, cada um em uma. Eles resolvem pensar na sua nova condição e relembrar fatos de suas vidas. A peça explicita a imobilidade do ser humano perante a vida cotidiana, a partir de ações interiores dos personagens.
Direção: Carlos Ramiro Fensterseifer
Elenco: Liane Venturella e Nelson Diniz
Cenografia: Élcio Rossini
Figurino: Rodrigo Nahas Fagundes
Iluminação: Cláudia de Bem
Trilha sonora e imagens: Alvaro RosaCosta
Figurinos e design gráfico: Rodrigo Nahas
Produção: Denis Gosch
DentroFora segue em cartaz no Câmara Túlio Piva com várias atrações: o texto de Paul Auster, a atuação de Liane Venturella e Nelson Diniz, a estreia na direção de Carlos Ramiro Fensterseifer – e a trilha sonora de Alvaro RosaCosta.
sexta e sábado às 21h, domingo às 20h
Assim como O Gordo e o Magro vão para o Céu, inspirado em Esperando Godot. O espetáculo é uma metáfora sobre o ser humano contemporâneo. Na trama, de dois personagens, se encontram presos dentro de duas caixas, cada um em uma. Eles resolvem pensar na sua nova condição e relembrar fatos de suas vidas. A peça explicita a imobilidade do ser humano perante a vida cotidiana, a partir de ações interiores dos personagens.
Direção: Carlos Ramiro Fensterseifer
Elenco: Liane Venturella e Nelson Diniz
Cenografia: Élcio Rossini
Figurino: Rodrigo Nahas Fagundes
Iluminação: Cláudia de Bem
Trilha sonora e imagens: Alvaro RosaCosta
Figurinos e design gráfico: Rodrigo Nahas
Produção: Denis Gosch
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Domínio Público, URGENTE!
Uma bela biblioteca digital, desenvolvida em software livre, mas que está prestes a ser desativada por falta de acessos!!!
Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis Ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA,
ARTIGOS CIENTÍFICOS
· e muito mais...
Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:
www.dominiopublico. gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Imaginem um lugar onde você pode gratuitamente:
· Ver as grandes pinturas de Leonardo Da Vinci ;
· escutar músicas em MP3 de alta qualidade;
· Ler obras de Machado de Assis Ou a Divina Comédia;
· ter acesso às melhores historinhas infantis e vídeos da TV ESCOLA,
ARTIGOS CIENTÍFICOS
· e muito mais...
Esse lugar existe!
O Ministério da Educação disponibiliza tudo isso, basta acessar o site:
www.dominiopublico. gov.br
Só de literatura portuguesa são 732 obras!
Estamos em vias de perder tudo isso, pois vão desativar o projeto por desuso, já que o número de acesso é muito pequeno. Vamos tentar reverter esta situação, divulgando e incentivando amigos, parentes e conhecidos, a utilizarem essa fantástica ferramenta de disseminação da cultura e do gosto pela leitura.
Maravilha do Xavier le Roy!
http://www.youtube.com/watch?v=G3rv1TeVEPM
Colaboração Regina Rossi, diretamente de Hamburgo...
Beijo, Rê!
Colaboração Regina Rossi, diretamente de Hamburgo...
Beijo, Rê!
arte de Porto Alegre
Performance de Letícia Lampert e Regina Rossi:
http://killingsometime.wordpress.com//
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Filme in locqua, da dupla o Zé e Tatu. Ele foi dividido em 4 partes para ser disponibilizado na web, nos seguintes links (ou no canal da dupla no youtube).
Abaixo consta também a sinopse. abração.
parte 1http://www.youtube.com/watch?v=d_5Chi6m5vM
parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=rf6Yf18BKiY&feature=related
parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=c-9IoHwm9gU&feature=related
parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=0djsMgwFD6Y&feature=related
sinopse
‘In locqua é um filme sobre o que se vê daqui, onde estamos, onde algo acontece e não sabemos o quê’. Trata-se de um documentário-musical de 35 minutos, cujas imagens foram coletadas em um final de semana de ensaios de setembro de 2009 e posteriormente editadas articulando-as a outras ideias musicais e literárias, novas e velhas. Uma linha narrativa é sugerida com a repetição de temas visuais (um semáforo, pessoas de passagem), a utilização de textos em legenda, e a organização do material em blocos (‘vida e obra’, ‘políticas de saúde’, ‘lugar para passear as férias’ etc.). O filme contém planos de câmera fixa, câmera na mão e animação, contém sobreposições e inversões de áudio, o que o conecta à estética das cortadas e também o aproxima do momento particular da dupla o zé e tatu, que vive experiências de resignificações, experimentações e revisitas. Algumas imagens registradas por Lauro M e Carolina M do show eupoderiadançarespaçado de 2008 e por Fabrício Tavares da participação d’o zé e tatu no ensaio aberto do projeto Novas Bossas Novas também estão presentes. In locqua conta ainda com participações de Zana Rosa, Bebel Ribeiro, Tânia Rosa, Giuliana Bruno, Cadito e outros artistas e amigos.
http://killingsometime.wordpress.com//
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Filme in locqua, da dupla o Zé e Tatu. Ele foi dividido em 4 partes para ser disponibilizado na web, nos seguintes links (ou no canal da dupla no youtube).
Abaixo consta também a sinopse. abração.
parte 1http://www.youtube.com/watch?v=d_5Chi6m5vM
parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=rf6Yf18BKiY&feature=related
parte 3
http://www.youtube.com/watch?v=c-9IoHwm9gU&feature=related
parte 4
http://www.youtube.com/watch?v=0djsMgwFD6Y&feature=related
sinopse
‘In locqua é um filme sobre o que se vê daqui, onde estamos, onde algo acontece e não sabemos o quê’. Trata-se de um documentário-musical de 35 minutos, cujas imagens foram coletadas em um final de semana de ensaios de setembro de 2009 e posteriormente editadas articulando-as a outras ideias musicais e literárias, novas e velhas. Uma linha narrativa é sugerida com a repetição de temas visuais (um semáforo, pessoas de passagem), a utilização de textos em legenda, e a organização do material em blocos (‘vida e obra’, ‘políticas de saúde’, ‘lugar para passear as férias’ etc.). O filme contém planos de câmera fixa, câmera na mão e animação, contém sobreposições e inversões de áudio, o que o conecta à estética das cortadas e também o aproxima do momento particular da dupla o zé e tatu, que vive experiências de resignificações, experimentações e revisitas. Algumas imagens registradas por Lauro M e Carolina M do show eupoderiadançarespaçado de 2008 e por Fabrício Tavares da participação d’o zé e tatu no ensaio aberto do projeto Novas Bossas Novas também estão presentes. In locqua conta ainda com participações de Zana Rosa, Bebel Ribeiro, Tânia Rosa, Giuliana Bruno, Cadito e outros artistas e amigos.
LA CASA DE SARKOZY - França
LA CASA DE SARKOZY leé bien, seguí las intrucciones,es espectacular
Serie de fotos e indicaciones sobre la casa donde vive M. Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa (n. París, 28 de enero de 1955) es un político francés y desde el 16 de mayo de 2007, el vigesimotercer Presidente de la República Francesa, puesto que confiere también los cargos de Copríncipe de Andorra y Maestre de la Legión de Honor. Seguir las instrucciones.
ENTRA EN ESTA PAGINA, CLIC EN CADA FOTOGRAFIA LA AGRANDAS A PANTALLA COMPLETA, DESPUES CON EL RATON LLEVAS LA FOTOGRAFIA PARA LA IZQUIERDA,DERECHA,ARRIBA Ó ABAJO, TIENE UN MOVIMIENTO DE 360º,ES UNA AUTENTICA MARAVILLA, PUEDES VER LA HABITACION COMPLETA, LOS SUELOS, ALFOMBRAS, EL TECHO, LAS LAMPARAS, LOS CUADROS, TAPICES, ETC., ETC.,SI LO HACES BIEN Y DESPACITO, DISFRUTARAS Y TE GUSTARA. http://www.elysee.fr/panoramic/index.php
Serie de fotos e indicaciones sobre la casa donde vive M. Nicolas Paul Stéphane Sarkozy de Nagy-Bocsa (n. París, 28 de enero de 1955) es un político francés y desde el 16 de mayo de 2007, el vigesimotercer Presidente de la República Francesa, puesto que confiere también los cargos de Copríncipe de Andorra y Maestre de la Legión de Honor. Seguir las instrucciones.
ENTRA EN ESTA PAGINA, CLIC EN CADA FOTOGRAFIA LA AGRANDAS A PANTALLA COMPLETA, DESPUES CON EL RATON LLEVAS LA FOTOGRAFIA PARA LA IZQUIERDA,DERECHA,ARRIBA Ó ABAJO, TIENE UN MOVIMIENTO DE 360º,ES UNA AUTENTICA MARAVILLA, PUEDES VER LA HABITACION COMPLETA, LOS SUELOS, ALFOMBRAS, EL TECHO, LAS LAMPARAS, LOS CUADROS, TAPICES, ETC., ETC.,SI LO HACES BIEN Y DESPACITO, DISFRUTARAS Y TE GUSTARA. http://www.elysee.fr/panoramic/index.php
sábado, 7 de novembro de 2009
Arte é tudo. É?
Esta matéria foi publicado originalmente no jornal O Globo, no Segundo Caderno, no dia 4 de abril de 2004.
Arte é tudo. É?
ARNALDO BLOCH
Não, não é mais uma daquelas discussões estéreis sobre se a criação contemporânea é ou não é arte. A pergunta acima apenas resume a mais recente confusão entre artistas e o Ministério da Cultura. Depois de passar 2003 alardeando que tinha que acompanhar a evolução tecnológica, o MinC baixou, no início do ano, uma portaria que não muda nada.
- Esqueceram que a internet e todas as formas de expressão artística trazidas pelos meios eletrônicos e pela tecnologia são hoje produtoras e difusoras importantes de cultura diz Patrícia Canetti, criadora do Canal Contemporâneo, comunidade virtual dedicada à arte contemporânea.
Patrícia, que liderou a luta do Canal contra o Guggenheim, levantou 600 assinaturas de artistas de todas as áreas (e não apenas as afetadas) propondo que se acrescentem às formas tradicionais (teatro, dança, cinema, música etc) novas categorias. Algumas assustam à primeira leitura. É o caso da nanoarte, que já rendeu piadinhas politicamente incorretas sobre nanismo (na verdade é uma arte que lida com elementos em escala atômica por exemplo, ondas provocadas pelo som da voz, ou coreografias moleculares).
Primas da nanoarte, a bioarte e a arte transgênica propõem experiências como modificar geneticamente um coelho para que, dependendo do nível de exposição à luz, torne-se fluorescente. Este coelho deve viver numa casa de família que, através da experiência, conscientiza-se de como a genética pode vir a afetar suas vidas.
Autor do projeto, o brasileiro Eduardo Cack, que vive em Chicago, encomendou o coelho (batizado Alba) a um laboratório francês que, na hora H, não entregou a encomenda, o que provocou um movimento cujo lema é Free Alba.
E atenção, puristas, para uma bomba: os games fazem parte da lista. Mas não é qualquer game , não. A respeitada Tate Gallery, por exemplo, difunde o agoraXchange, um jogo interativo criado pelos próprios usuários (ou apreciadores?) da obra, que atuam em sensíveis questões do mundo globalizado, com resultados imprevisíveis.
Há categorias híbridas: a arte telemática, por exemplo, é capaz de feitos como engajar milhares de pessoas no nascimento de um pé de feijão, que recebe luz conforme os acessos a um site que ativa sensores... ou significar um espetáculo de dança interativo, em que duas bailarinas em teatros diferentes dançam juntas, em tempo real.
O curioso, para não dizer absurdo, da situação é que o MinC reage aos queixosos com entusiasmo, apesar de estar na origem do problema:
A máquina governamental tem razões que a própria razão desconhece. A ausência das novas formas de expressão reflete isso. Felizmente o grito de vocês foi dado. Felizmente não há divergência em nenhuma instância do MinC, escreveu Claudio Prado, responsável pela área de Cultura Digital no MinC, em e-mail enviado para o Canal.
O chato é que, para mudar a portaria, é preciso verificar se as alterações estão de acordo com o decreto que regulamenta a Lei Rouanet, um processo complicado que pode levar meses ou anos... coisas da modernidade.
Minidicionário de arte-ciência-tecnologia
AMBIENTES IMERSIVOS Ambientes criados na rede (ou fora dela, com interface computacional e monitores ou ainda projeções) que permitem que o visitante possa interagir com a obra fisicamente, de maneira múltipla. Tem relação com o conceito e a tecnologia de realidade virtual. O visitante, entretanto, não está plugado, embora utilize equipamentos como luvas especiais e máscaras. O computador é a interface e traveste-se de personagem na rede.
AMBIENTES INTERATIVOS Conceito mais amplo, que engloba a categoria acima, mas inclui a participação coletiva.
ARTE TELEMÁTICA Arte que utiliza as telecomunicações para produzir resultados criativos impossíveis sem ela. Exemplo: usuários de internet influindo no crescimento de uma planta. Ou, no campo da dança, duas bailarinas em palcos diferentes unidas em tempo real através de transmissões projetadas.
ATIVISMO ARTÍSTICO Utilização de arte na rede com objetivos de alertar os usuários sobre algum aspecto, às vezes denunciatório, da realidade contemporânea.
BIOARTE E ARTE TRANSGÊNICA Lidam sobretudo com genética. Uma experiência conhecida é a do coelho Alba, modificado geneticamente para tornar-se fluorescente em determinadas condições de luminosidade. O projeto foi abortado porque o laboratório francês ao qual se encomendou o coelho acabou recusando-se a completar a experiência, o que gerou um amplo movimento na rede cujo lema é Free Alba.
CINEMA PARA INTERNET Cinema e animações em geral produzidos especialmente para ser difundidos pela rede.
CIBERLITERATURA Literatura realizada através da rede, interativamente (obra escrita a várias mãos ou completada pelos usuários), ou qualquer ambiente literário criativo concebido e desenvolvido em rede.
EFEITOS QUÍMICOS E FÍSICOS Visualização artística de fenômenos destes dois campos.
COMUNIDADES VIRTUAIS Comunidades que se dedicam, utilizando a rede, a atividades, informação, repertório e difusão de arte num nível global e influente.
GAMES Jogos que, comerciais ou não, tenham como objetivo difundir, na dinâmica própria dos games , conteúdo artístico, ficcional etc. A Tate Gallery tem um jogo interativo, o agoraXchange, que é construído coletivamente, com o intuito de uma atuação simulada em questões referentes à globalização. É financiado por uma grande fundação.
HIPERMÍDIA Toda arte concebida tendo por base o conceito de hipertexto (navegação na internet em “saltos através de links), mesmo que transposto para outras linguagens.
NANOARTE Arte que lida com nanotecnologia, ou seja, tecnologia em escala muito pequena ou microscópica que produz células, moléculas, máquinas, motores etc em níveis que podem atingir a escala atômica.
NET-ARTE E WEB-ARTE Arte produzida ou difundida em rede.
PROJETOS DE REALIDADE AUMENTADA Conceito ainda emergente, que permite acrescentar à realidade física (através de interfaces, máscaras etc) dados que vêm do ciberespaço. Por exemplo: durante uma visita turística a uma cidade, o usuário pode acrescentar menus informativos ao equipamento individual que descrevam o que se está vendo lá fora, ou crie situações interativas.
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Construção de realidades, situações, configurações etc em computador, e sua difusão na rede.
VIDA ARTIFICIAL E ROBÓTICA Arte que lida com inteligência artificial e robótica em geral. Às vezes cruza com a ciência: uma obra conhecida é um robô alimentado por bactérias acionadas por usuários da rede.
Posted by Patricia Canetti
em http://www.canalcontemporaneo.art.br/tecnopoliticas/archives/000069.html
Arte é tudo. É?
ARNALDO BLOCH
Não, não é mais uma daquelas discussões estéreis sobre se a criação contemporânea é ou não é arte. A pergunta acima apenas resume a mais recente confusão entre artistas e o Ministério da Cultura. Depois de passar 2003 alardeando que tinha que acompanhar a evolução tecnológica, o MinC baixou, no início do ano, uma portaria que não muda nada.
- Esqueceram que a internet e todas as formas de expressão artística trazidas pelos meios eletrônicos e pela tecnologia são hoje produtoras e difusoras importantes de cultura diz Patrícia Canetti, criadora do Canal Contemporâneo, comunidade virtual dedicada à arte contemporânea.
Patrícia, que liderou a luta do Canal contra o Guggenheim, levantou 600 assinaturas de artistas de todas as áreas (e não apenas as afetadas) propondo que se acrescentem às formas tradicionais (teatro, dança, cinema, música etc) novas categorias. Algumas assustam à primeira leitura. É o caso da nanoarte, que já rendeu piadinhas politicamente incorretas sobre nanismo (na verdade é uma arte que lida com elementos em escala atômica por exemplo, ondas provocadas pelo som da voz, ou coreografias moleculares).
Primas da nanoarte, a bioarte e a arte transgênica propõem experiências como modificar geneticamente um coelho para que, dependendo do nível de exposição à luz, torne-se fluorescente. Este coelho deve viver numa casa de família que, através da experiência, conscientiza-se de como a genética pode vir a afetar suas vidas.
Autor do projeto, o brasileiro Eduardo Cack, que vive em Chicago, encomendou o coelho (batizado Alba) a um laboratório francês que, na hora H, não entregou a encomenda, o que provocou um movimento cujo lema é Free Alba.
E atenção, puristas, para uma bomba: os games fazem parte da lista. Mas não é qualquer game , não. A respeitada Tate Gallery, por exemplo, difunde o agoraXchange, um jogo interativo criado pelos próprios usuários (ou apreciadores?) da obra, que atuam em sensíveis questões do mundo globalizado, com resultados imprevisíveis.
Há categorias híbridas: a arte telemática, por exemplo, é capaz de feitos como engajar milhares de pessoas no nascimento de um pé de feijão, que recebe luz conforme os acessos a um site que ativa sensores... ou significar um espetáculo de dança interativo, em que duas bailarinas em teatros diferentes dançam juntas, em tempo real.
O curioso, para não dizer absurdo, da situação é que o MinC reage aos queixosos com entusiasmo, apesar de estar na origem do problema:
A máquina governamental tem razões que a própria razão desconhece. A ausência das novas formas de expressão reflete isso. Felizmente o grito de vocês foi dado. Felizmente não há divergência em nenhuma instância do MinC, escreveu Claudio Prado, responsável pela área de Cultura Digital no MinC, em e-mail enviado para o Canal.
O chato é que, para mudar a portaria, é preciso verificar se as alterações estão de acordo com o decreto que regulamenta a Lei Rouanet, um processo complicado que pode levar meses ou anos... coisas da modernidade.
Minidicionário de arte-ciência-tecnologia
AMBIENTES IMERSIVOS Ambientes criados na rede (ou fora dela, com interface computacional e monitores ou ainda projeções) que permitem que o visitante possa interagir com a obra fisicamente, de maneira múltipla. Tem relação com o conceito e a tecnologia de realidade virtual. O visitante, entretanto, não está plugado, embora utilize equipamentos como luvas especiais e máscaras. O computador é a interface e traveste-se de personagem na rede.
AMBIENTES INTERATIVOS Conceito mais amplo, que engloba a categoria acima, mas inclui a participação coletiva.
ARTE TELEMÁTICA Arte que utiliza as telecomunicações para produzir resultados criativos impossíveis sem ela. Exemplo: usuários de internet influindo no crescimento de uma planta. Ou, no campo da dança, duas bailarinas em palcos diferentes unidas em tempo real através de transmissões projetadas.
ATIVISMO ARTÍSTICO Utilização de arte na rede com objetivos de alertar os usuários sobre algum aspecto, às vezes denunciatório, da realidade contemporânea.
BIOARTE E ARTE TRANSGÊNICA Lidam sobretudo com genética. Uma experiência conhecida é a do coelho Alba, modificado geneticamente para tornar-se fluorescente em determinadas condições de luminosidade. O projeto foi abortado porque o laboratório francês ao qual se encomendou o coelho acabou recusando-se a completar a experiência, o que gerou um amplo movimento na rede cujo lema é Free Alba.
CINEMA PARA INTERNET Cinema e animações em geral produzidos especialmente para ser difundidos pela rede.
CIBERLITERATURA Literatura realizada através da rede, interativamente (obra escrita a várias mãos ou completada pelos usuários), ou qualquer ambiente literário criativo concebido e desenvolvido em rede.
EFEITOS QUÍMICOS E FÍSICOS Visualização artística de fenômenos destes dois campos.
COMUNIDADES VIRTUAIS Comunidades que se dedicam, utilizando a rede, a atividades, informação, repertório e difusão de arte num nível global e influente.
GAMES Jogos que, comerciais ou não, tenham como objetivo difundir, na dinâmica própria dos games , conteúdo artístico, ficcional etc. A Tate Gallery tem um jogo interativo, o agoraXchange, que é construído coletivamente, com o intuito de uma atuação simulada em questões referentes à globalização. É financiado por uma grande fundação.
HIPERMÍDIA Toda arte concebida tendo por base o conceito de hipertexto (navegação na internet em “saltos através de links), mesmo que transposto para outras linguagens.
NANOARTE Arte que lida com nanotecnologia, ou seja, tecnologia em escala muito pequena ou microscópica que produz células, moléculas, máquinas, motores etc em níveis que podem atingir a escala atômica.
NET-ARTE E WEB-ARTE Arte produzida ou difundida em rede.
PROJETOS DE REALIDADE AUMENTADA Conceito ainda emergente, que permite acrescentar à realidade física (através de interfaces, máscaras etc) dados que vêm do ciberespaço. Por exemplo: durante uma visita turística a uma cidade, o usuário pode acrescentar menus informativos ao equipamento individual que descrevam o que se está vendo lá fora, ou crie situações interativas.
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL Construção de realidades, situações, configurações etc em computador, e sua difusão na rede.
VIDA ARTIFICIAL E ROBÓTICA Arte que lida com inteligência artificial e robótica em geral. Às vezes cruza com a ciência: uma obra conhecida é um robô alimentado por bactérias acionadas por usuários da rede.
Posted by Patricia Canetti
em http://www.canalcontemporaneo.art.br/tecnopoliticas/archives/000069.html
FUN THEORY ...diversão e arte para qualquer parte
"Será que conseguimos fazer as pessoas usarem a escada apenas fazendo-a mais divertida?"
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
O pior dia dos Rolling Stones - GIMME SHELTER - lançado em dvd
Tinha tudo para dar e errado. E deu. Tão errado que naquele 6 de dezembro de 1969, os Rolling Stones ajudaram a sepultar o sonho hippie de paz e amor que embalava um mundo ainda sob os efeitos sonoros e lisérgicos do Festival de Woodstock, realizado em agosto.Disposto a marcar o fim da turnê americana em grande estilo, Mick Jagger queria protagonizar seu próprio Woodstock, um concerto gratuito do qual os Stones seriam a principal atração. O lugar escolhido, entre atropelos e improvisos, foi o autódromo de Altamont, norte da Califórnia. Grateful Dead, Santana, Jefferson Airplane, Flying Burrito Brothers, Crosby, Stills e Nash seriam os companheiros de palco.Para a segurança do espetáculo, decisão que fez tudo ir por água abaixo, foram convocados os Hells Angels, os brutamontes vikings das estradas americanas. Porretes e latas de cerveja à mão e avançando com sua motos sobre a plateia, os Angels promoveram naquela tarde, diante de 300 mil pessoas, uma sessão de pancadaria que não poupou nem músicos.Em meio à apresentação dos Stones a tensão já era extrema. Palco lotado, banda acuada, Jagger pedindo calma, ameaçando parar o show. Até que durante Under my Thumb, um clarão se abre. Um rapaz negro, com revólver em punho, é assassinado a facadas por um dos “anjos”.Esta impressionante sequência é detalhada no clássico documentário Gimme Shelter, item obrigatório para fãs de rock e de bom cinema. O filme tem a assinatura dos irmãos Albert e David Maysles, aclamados documentaristas americanos, pioneiros do chamado cinema-direto, reverenciados por cineastas como o francês Jean-Luc Godard. Eles registravam a turnê e seus bastidores desde a estreia apoteótica em Nova York, na reta final daquele que deveria ser um ano mágico para os Stones. Superada a morte do guitarrista Brian Jones, em julho – substituído pelo ótimo Mick Taylor, que com eles faria as obras-primas Sticky Fingers e Exile on Main St. –, e diante da iminente aposentadoria dos Beatles, os Stones estavam prestes a reinar soberanos como a maior banda de rock‘n’roll do mundo. Mas havia Altamont pelo caminho.O filme acabou sendo construído sob a perspectiva dessa tragédia. Na sala de montagem, os Mayles transformaram o que seria um grande musical num dos mais tensos dramas da história do rock.Lançamento em DVD pela Warner (preço médio: R$ 30).
por MARCELO PERRONE
ZERO HORA
06 de novembro de 2009 N° 16147
Segundo Caderno, pág. 6
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
A Classe Artística discute texto de Voltaire Schilling
Mandei por e-mail, para minha lista de amigos, em sua maioria artistas, provenientes da academia, vivendo a arte contemporânea, ou seja, vivendo o mundo atual:
Amigos!
Nem sei se "isto" é "digno da nossa indignação", tamanha ignorância... Mas, pra quem ainda não viu, recomendo a leitura porque chega a ser ridícula... Como pode um historiador falar tanto absurdo?
...Achei apropriado publicar aqui as respostas abaixo, recebidas de colegas artistas por e-mail, para demonstrar a reação da nossa classe à falta de informação (só posso chamar assim) do Senhor Voltaire Schilling. Um historiador muito sério, que deveria informar-se um pouco mais sobre a história da arte e compreender que a arte, ao longo da história da humanidade, sempre representou o momento, o contexto, sendo essa uma das suas principais funções. E que, portanto, neste mundo caótico em que vivemos, nada mais natural que a arte esteja completamente diferente daquele modelo clássico que costumava agradar apenas aos olhos ou representar a realidade antes do advento da fotografia. (Mundo clássico este (que respeito) mas no qual, possivelmente, o Senhor Voltaire ainda vive, entre seus livros e bibelots, o que é uma pena...) Não publiquei (ainda) todos os nomes dos colegas, porque não pedi a devida autorização, mas não pude deixar de colocar as suas opiniões aqui no blog para serem lidas por mais gente do que apenas a nossa lista de e-mails.)
Cláu Paranhos
Nooossa Clau, apavorante!
Um amigo meu já havia comentado sobre esse artigo absurdo e, muito apropriadamente, criticado pelo Gaudêncio. Eu já tinha enormes reservas quanto a esse historiador desde que li um livro dele sobre Nietzsche que não fazia nada além de reproduzir um discurso caquético muito mal orientado sobre o filósofo, discrevendo-o como um louco nazi-fascista e, como no presente artigo, sem o menor constrangimento de expor seu pensamento retrógrado e estreito, próprio de quem pouco se dedica com seriedade às leituras mais densas e ainda por cima desafiando o pensamento contemporâneo que há muitas décadas já abandonou essas idéias equivocadas acerca de Nietzsche. Até vou te levar o tal livro se já não coloquei fora, rsrs, beijão!!!
Maria Cristina Ferrony
Além de preguiça mental, esse Voltaire Schilling deve ser neonazista, ao menos, tem a mesma opinião sobre ''arte degenerada" que Adolf Hitler.
Tem muitas aberrações na arte comtemporãnea? Talvez sim (he,he,só pra provocar também...), mas mais aberração ainda nesse texto em que mostra uma mente que tanto não possui uma reflexão minimamente despreconceituosa, quanto mais (pretensamente) intelectual . Deve ter mofo no cérebro, que é característico de quem ocupa nossas instituições e também que tem cadeira cativa na formação de opinião pública, feita na forma midiática, tradicional:
jornal e tv.
...Mas ainda acho que ele é nazi...
C. W.
Amigos,
Episódio lamentável a publicação do Sr, Voltaire. Vergonhoso para o meio cultural que um historiador se manifeste publicamente de forma tão pretensionsa, desrespeitosa e ignorante. Mas o pior é constatar que muitas outras pessoas, com todo acesso a cultura possível, manifestaram- se a favor do texto do Sr. Voltaire (veja-se os textos de David Coimbra e Rosane de Oliveira, ambos colunistas da ZH). Posturas assim para mim só podem ser fruto de uma preguiça mental seletiva. Como podem pessoas com tanto acesso a informação se manifestarem publicamente de forma tão pretensiosa sobre um tema que pouco conhecem ou sequer se interessam?? ? A "cidade das monstruosidades" foi uma alegoria extremamente infeliz utilizada pelo Sr. Voltaire para falar das obras de arte que ocupam nossos espaços públicos. Alegoria, porém, que bem serviria para ilustrar algumas mentes que rondam Porto Alegre, ocupando cargos públicos ou importantes espaços na mídia, bem como os efeitos nefastos de suas manifestações sobre a educação de uma população já tão carente de uma formação voltada para o sensível.
Estou chocado!
S.T.
Sim, e eu li as duas respostas na ZH, do gaudêncio e de um outro cara. Descascaram ele com toda razão. O cara botou o respeito profissional que tinha na boca do lixo. Minha mãe dizer essas ignorâncias vá lá, mas um intelectual (ou pretenso), ativo no ramo cultural, não é nem reacionário, é burro mesmo.
C.R.
Oi Cláu,
Às vezes a gente pensa que é melhor ficar quieto, mas não nesse caso, mesmo que não seja "digno de nossa indignação", como você mencionou. Parece que todos podem falar o que querem sobre qualquer coisa... sendo assim, nós (artistas) não deveríamos manifestar nossas idéias evitando a existência de um único ponto de vista?
Penso que esse tipo de crítica, que demonstra completa ignorância, ainda pode ser profícua, pois pode motivar o artista a expor seu pensamento e, principalmente, a desconfiar de historiadores e críticos que são apresentados a nós como grandes soberanos, poderosos legitimadores da arte (da grande arte). Algumas vezes, pessoas mal informadas sobre arte, como quando atacam a obra de Duchamp, por talvez não terem entendido que ele nos propõe uma questão ao expor os readymades - o que foi muito bem debatido por Rosalind Krauss, no livro 'Caminhos da Escultura Moderna' e também por Gaudêncio Fidelis em seu texto-resposta.
Abraçosss
Z
Vitupério Stilling
...segundo Houaiss =
Vitupério- substantivo masculino 1 ato ou efeito de vituperar, vituperação2 palavra, atitude ou gesto que tem o poder de ofender a dignidade ou a honra de alguém; afronta, insulto3 acusação infamante, injúria4 qualquer ato infame, vergonhoso ou criminoso
ver sinonímia de afronta
R.U.
Me caiu os butiá da bolsa escrotal....
O Voltaire me decepcionou...
E VIVA AS DISCUSSÕES SOBRE ARTE !!!!!
V.S.
O problema: este é o senso comum.Ao defender qualquer dessas obras eu tenho muito trabalho, pois há dezenas de argumentos contrários às mesmas.Os comentários postados no site Clicrbs demonstram uma quase unanimidade contra o contemporâneo.É necessária uma reação. Creio que seria essencial um encontro estadual debater a arte pública.Quando Monteiro Lobato atacou Tarsila do Amaral, Osvald e Mario de Andrade acudiram-na e deram o embrião para a Semana de Arte Moderna de 22. Se houver passividade, nesse momento, logo os gestores públicos adotarão o que chamo de solução Torre Eiffel: seleção pública para monumentos. Possivelmente com votação popular.Creio que a população gaúcha está mais pendente ao hiper-realismo na escultura do que qualquer outra solução.E se condenam, por exemplo, Gustavo Nackle, provavelmente, no íntimo, repudiam Xico Stockinger, pois percebo no uruguaio uma influência do gaúcho.Já argumentei, no próprio Clic, que considero as cuias de Saint-Clair Cemin um monumento tão importante, para mim, quanto o Laçador, a seu tempo, pois cria uma imagem de mundo gaúcho e uma forma geométrica que muito bem poderia ser um átomo, um sol ou um planeta. Divino.
D.
RESPOSTA AO HISTORIADOR VOLTAIRE SCHILLING(Autor da matéria “A capital das monstruosidades” , 25/10/2009)
Diz a lenda que um general alemão olhando o quadro “GUERNICA” de Pablo Picasso, perguntou-lhe : “Foi você que fez esta monstruosidade?” , ao que o artista respondeu: “Não, foram vocês”.O conceito do belo, feio ou “monstruoso” se revisa ao longo dos séculos e o que hoje achamos ruim, gerações futuras poderão achar genial. Inúmeros casos na história da arte nos mostram esta mudança. O exemplo mais conhecido é dos impressionistas e pós-impressionistas, a princípio recusados pela crítica e pelo público, hoje considerados geniais. Antes deles, Goya ao fazer as pinturas negras teve que fugir da inquisição , hoje estas são consideradas obras primas. Rembrant ao pintar a hoje famosa “Ronda noturna”, foi criticado pela corporação que lhe encomendou esta obra , pois utilizou vermelhos e pretos em demasia. Na época da II guerra mundial a arte moderna foi considerada ARTE DEGENERADA pelos nazistas.Não acredito que o autor do artigo esteja identificando- se e defendendo estas mesmas idéias?Não duvido que há obras ruins e talvez a estrela seja uma obra sem qualidades, mas o linguajar do historiador ao referir-se a esta escultura, foi desinformado, desrespeitoso e ofensivo. Informo ao dito historiador que… “o primeiro timão” que parecia ter esterco como matéria original”…., intitulava-se “Estrela Guia” e o material era BRONZE (alheação de cobre, estanho e zinco), que com certeza desconhece. Com respeito ao furto desta obra, acho vergonhoso que um cidadão comum aceite e justifique a depredação de qualquer obra por “medonho” que lhe pareça, mas é duplamente lamentável ler esta justificativa escrita pelo HISTORIADOR E DIRETOR DE MEMORIAL DO ESTADO.Enfim senhor Voltaire , não fosse por suas ironias grosseiras e ofensivas, diria que seu artigo é cândido de tão primário. Este escultor sugere que tome cuidado para que junto com a comissão “AMIGOS DO BOM GOSTO” que o senhor quer convocar, não criem um movimento intitulado “ FUNDAMENTALISMO ESTÉTICO” . Sugiro também que não façam listas de obras que pretendem remover, de discos que não gostam, dos livros e prédios que não lhes agradam , sabemos pela historia no que isso vai dar.
GUSTAVO NAKLE- ESCULTOR
Amigos!
Nem sei se "isto" é "digno da nossa indignação", tamanha ignorância... Mas, pra quem ainda não viu, recomendo a leitura porque chega a ser ridícula... Como pode um historiador falar tanto absurdo?
...Achei apropriado publicar aqui as respostas abaixo, recebidas de colegas artistas por e-mail, para demonstrar a reação da nossa classe à falta de informação (só posso chamar assim) do Senhor Voltaire Schilling. Um historiador muito sério, que deveria informar-se um pouco mais sobre a história da arte e compreender que a arte, ao longo da história da humanidade, sempre representou o momento, o contexto, sendo essa uma das suas principais funções. E que, portanto, neste mundo caótico em que vivemos, nada mais natural que a arte esteja completamente diferente daquele modelo clássico que costumava agradar apenas aos olhos ou representar a realidade antes do advento da fotografia. (Mundo clássico este (que respeito) mas no qual, possivelmente, o Senhor Voltaire ainda vive, entre seus livros e bibelots, o que é uma pena...) Não publiquei (ainda) todos os nomes dos colegas, porque não pedi a devida autorização, mas não pude deixar de colocar as suas opiniões aqui no blog para serem lidas por mais gente do que apenas a nossa lista de e-mails.)
Cláu Paranhos
Nooossa Clau, apavorante!
Um amigo meu já havia comentado sobre esse artigo absurdo e, muito apropriadamente, criticado pelo Gaudêncio. Eu já tinha enormes reservas quanto a esse historiador desde que li um livro dele sobre Nietzsche que não fazia nada além de reproduzir um discurso caquético muito mal orientado sobre o filósofo, discrevendo-o como um louco nazi-fascista e, como no presente artigo, sem o menor constrangimento de expor seu pensamento retrógrado e estreito, próprio de quem pouco se dedica com seriedade às leituras mais densas e ainda por cima desafiando o pensamento contemporâneo que há muitas décadas já abandonou essas idéias equivocadas acerca de Nietzsche. Até vou te levar o tal livro se já não coloquei fora, rsrs, beijão!!!
Maria Cristina Ferrony
Além de preguiça mental, esse Voltaire Schilling deve ser neonazista, ao menos, tem a mesma opinião sobre ''arte degenerada" que Adolf Hitler.
Tem muitas aberrações na arte comtemporãnea? Talvez sim (he,he,só pra provocar também...), mas mais aberração ainda nesse texto em que mostra uma mente que tanto não possui uma reflexão minimamente despreconceituosa, quanto mais (pretensamente) intelectual . Deve ter mofo no cérebro, que é característico de quem ocupa nossas instituições e também que tem cadeira cativa na formação de opinião pública, feita na forma midiática, tradicional:
jornal e tv.
...Mas ainda acho que ele é nazi...
C. W.
Amigos,
Episódio lamentável a publicação do Sr, Voltaire. Vergonhoso para o meio cultural que um historiador se manifeste publicamente de forma tão pretensionsa, desrespeitosa e ignorante. Mas o pior é constatar que muitas outras pessoas, com todo acesso a cultura possível, manifestaram- se a favor do texto do Sr. Voltaire (veja-se os textos de David Coimbra e Rosane de Oliveira, ambos colunistas da ZH). Posturas assim para mim só podem ser fruto de uma preguiça mental seletiva. Como podem pessoas com tanto acesso a informação se manifestarem publicamente de forma tão pretensiosa sobre um tema que pouco conhecem ou sequer se interessam?? ? A "cidade das monstruosidades" foi uma alegoria extremamente infeliz utilizada pelo Sr. Voltaire para falar das obras de arte que ocupam nossos espaços públicos. Alegoria, porém, que bem serviria para ilustrar algumas mentes que rondam Porto Alegre, ocupando cargos públicos ou importantes espaços na mídia, bem como os efeitos nefastos de suas manifestações sobre a educação de uma população já tão carente de uma formação voltada para o sensível.
Estou chocado!
S.T.
Sim, e eu li as duas respostas na ZH, do gaudêncio e de um outro cara. Descascaram ele com toda razão. O cara botou o respeito profissional que tinha na boca do lixo. Minha mãe dizer essas ignorâncias vá lá, mas um intelectual (ou pretenso), ativo no ramo cultural, não é nem reacionário, é burro mesmo.
C.R.
Oi Cláu,
Às vezes a gente pensa que é melhor ficar quieto, mas não nesse caso, mesmo que não seja "digno de nossa indignação", como você mencionou. Parece que todos podem falar o que querem sobre qualquer coisa... sendo assim, nós (artistas) não deveríamos manifestar nossas idéias evitando a existência de um único ponto de vista?
Penso que esse tipo de crítica, que demonstra completa ignorância, ainda pode ser profícua, pois pode motivar o artista a expor seu pensamento e, principalmente, a desconfiar de historiadores e críticos que são apresentados a nós como grandes soberanos, poderosos legitimadores da arte (da grande arte). Algumas vezes, pessoas mal informadas sobre arte, como quando atacam a obra de Duchamp, por talvez não terem entendido que ele nos propõe uma questão ao expor os readymades - o que foi muito bem debatido por Rosalind Krauss, no livro 'Caminhos da Escultura Moderna' e também por Gaudêncio Fidelis em seu texto-resposta.
Abraçosss
Z
Vitupério Stilling
...segundo Houaiss =
Vitupério- substantivo masculino 1 ato ou efeito de vituperar, vituperação2 palavra, atitude ou gesto que tem o poder de ofender a dignidade ou a honra de alguém; afronta, insulto3 acusação infamante, injúria4 qualquer ato infame, vergonhoso ou criminoso
ver sinonímia de afronta
R.U.
Me caiu os butiá da bolsa escrotal....
O Voltaire me decepcionou...
E VIVA AS DISCUSSÕES SOBRE ARTE !!!!!
V.S.
O problema: este é o senso comum.Ao defender qualquer dessas obras eu tenho muito trabalho, pois há dezenas de argumentos contrários às mesmas.Os comentários postados no site Clicrbs demonstram uma quase unanimidade contra o contemporâneo.É necessária uma reação. Creio que seria essencial um encontro estadual debater a arte pública.Quando Monteiro Lobato atacou Tarsila do Amaral, Osvald e Mario de Andrade acudiram-na e deram o embrião para a Semana de Arte Moderna de 22. Se houver passividade, nesse momento, logo os gestores públicos adotarão o que chamo de solução Torre Eiffel: seleção pública para monumentos. Possivelmente com votação popular.Creio que a população gaúcha está mais pendente ao hiper-realismo na escultura do que qualquer outra solução.E se condenam, por exemplo, Gustavo Nackle, provavelmente, no íntimo, repudiam Xico Stockinger, pois percebo no uruguaio uma influência do gaúcho.Já argumentei, no próprio Clic, que considero as cuias de Saint-Clair Cemin um monumento tão importante, para mim, quanto o Laçador, a seu tempo, pois cria uma imagem de mundo gaúcho e uma forma geométrica que muito bem poderia ser um átomo, um sol ou um planeta. Divino.
D.
RESPOSTA AO HISTORIADOR VOLTAIRE SCHILLING(Autor da matéria “A capital das monstruosidades” , 25/10/2009)
Diz a lenda que um general alemão olhando o quadro “GUERNICA” de Pablo Picasso, perguntou-lhe : “Foi você que fez esta monstruosidade?” , ao que o artista respondeu: “Não, foram vocês”.O conceito do belo, feio ou “monstruoso” se revisa ao longo dos séculos e o que hoje achamos ruim, gerações futuras poderão achar genial. Inúmeros casos na história da arte nos mostram esta mudança. O exemplo mais conhecido é dos impressionistas e pós-impressionistas, a princípio recusados pela crítica e pelo público, hoje considerados geniais. Antes deles, Goya ao fazer as pinturas negras teve que fugir da inquisição , hoje estas são consideradas obras primas. Rembrant ao pintar a hoje famosa “Ronda noturna”, foi criticado pela corporação que lhe encomendou esta obra , pois utilizou vermelhos e pretos em demasia. Na época da II guerra mundial a arte moderna foi considerada ARTE DEGENERADA pelos nazistas.Não acredito que o autor do artigo esteja identificando- se e defendendo estas mesmas idéias?Não duvido que há obras ruins e talvez a estrela seja uma obra sem qualidades, mas o linguajar do historiador ao referir-se a esta escultura, foi desinformado, desrespeitoso e ofensivo. Informo ao dito historiador que… “o primeiro timão” que parecia ter esterco como matéria original”…., intitulava-se “Estrela Guia” e o material era BRONZE (alheação de cobre, estanho e zinco), que com certeza desconhece. Com respeito ao furto desta obra, acho vergonhoso que um cidadão comum aceite e justifique a depredação de qualquer obra por “medonho” que lhe pareça, mas é duplamente lamentável ler esta justificativa escrita pelo HISTORIADOR E DIRETOR DE MEMORIAL DO ESTADO.Enfim senhor Voltaire , não fosse por suas ironias grosseiras e ofensivas, diria que seu artigo é cândido de tão primário. Este escultor sugere que tome cuidado para que junto com a comissão “AMIGOS DO BOM GOSTO” que o senhor quer convocar, não criem um movimento intitulado “ FUNDAMENTALISMO ESTÉTICO” . Sugiro também que não façam listas de obras que pretendem remover, de discos que não gostam, dos livros e prédios que não lhes agradam , sabemos pela historia no que isso vai dar.
GUSTAVO NAKLE- ESCULTOR
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
A capital das monstruosidades, por Voltaire Schilling
Polêmico (e lamentável) texto do historiador Voltaire Schilling, de quem discordo muito veementemente, e que gerou o texto de Gaudêncio Fidelis, no post anterior.
Desde que Marcel Duchamp, um ex-artista cubista, francês de nascimento que escolheu os Estados Unidos como residência, mandou um urinol para ser exposto numa galeria de Nova York e, quase em seguida, em 1915, montou uma roda de bicicleta equilibrada sobre um pequeno banco e a fez passar por obra de arte, abriu-se a Caixa de Pandora dos horrores estéticos que a partir de então invadiram o cenário das exposições de arte.Para acentuar ainda mais o seu deboche para com o que até então se entendia como arte, Duchamp, um pândego, um moleque crescido, pintou um belo bigode numa imagem da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, ícone da pintura ocidental. Como ele não foi confinado num manicômio nem encarcerado por ofensas ao patrimônio estético (interessante observar que nunca o Direito Penal preocupou-se em classificar como crime hediondo quem de propósito fabricasse a feiura!), parte da vanguarda artística ocidental tomou-o como um profeta dos novos tempos. Estabeleceu-se então um deus nos acuda.Todavia, o que particularmente nos chama a atenção como cidadãos desta nossa capital, que mais uma vez se vê intimidada pelo flagelo de uma nova “instalação”, é a notável concentração de “esculturas” e“monumentos” absolutamente espantosos. Um pior do que o outro. Nosso calvário começa por aquela mandada erguer pelos burgueses do bairro Moinhos de Vento para celebrar sua vitória em 1964 que se encontra no Parcão (homenagem ao marechal Castello Branco, mas que também pode referir-se ao desembarque de um extraterrestre), chegando ao hediondo “timão” situado na rótula que antecede o museu Iberê Camargo. Aliás, o primeiro “timão”, que parecia ter esterco como matéria original da sua composição, foi destruído pelos vileiros do Morro Santa Tereza, certamente indignados em terem-no nas vizinhanças(sofriam de uma injusta punição, além da pobreza tinham que encarar diariamente o exemplo da medonhice). Este colar sem fim de mau gosto que nos assola ainda é composto pelo“cuiódromo”, encravado na rótula da Praça da Harmonia (obra que por igual pode ser entendida como a exaltação de um superúbere de uma vacapremiada), e por um tarugo de ferro enferrujado que adentra o Rio Guaíba nas proximidades da Usina do Gasômetro e que se intitula, pasmem, Olhos Atentos. Nem os que foram perseguidos pelo regime militar escaparam destas maldades estéticas. O “monumento” que os lembra, erigido no Parque Marinha do Brasil, nos faz supor que eles continuarão atormentados ainda por muito tempo mais. A gota d’água derradeira destas perversidades que acometem contra nós, pobres porto-alegrenses, foi a inauguração recente da Casa Monstro, situada na Rua dos Andradas. Pelo menos o autor, um jovem paulista, enfim alguém sincero no ramo, não a escondeu atrás de um título esotérico ou poético: é monstruosa, sim! Trata-se da reprodução de um tumor que, inchado, é expelido pelas aberturas da construção e vem se mostrar aos olhos dos passantes, tal como se fora um abdômen de um canceroso recém aberto pelo bisturi de um cirurgião. Como se vê, uma maravilha! Minha interrogação, depois de passar rapidamente os olhos sobre este vale de horrores que nos circunda, é por que Porto Alegre, cidade aprazível, moderna, povoada por gente simpática, habitada pelas mulheres mais belas do país e que abrigou artistas como Vasco Prado, Xico Stockinger e Danúbio Gonçalves, termina por excitar o pior lado de muitos que por aqui vêm expor? Dizem-me que eles deixam estas abominações como doação (por não encontrarem compradores e não quererem arcar com o translado) e a infeliz prefeitura, constrangida, não tem como lhes dizer não. Faço desde já um apelo ao secretário municipal da Cultura, Sergius Gonzaga, se este ano tal ameaça se repetir, mobilize-se. Levante recursos, promova uma ação entre os amigos da cidade para despachar tais coisas para qualquer outro lugar. Senão, peça socorro à ONU. Porto Alegre, aliviada, lhe será eternamente agradecida.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2695641.xml&template=3898.dwt&edition=13384§ion=1012
Desde que Marcel Duchamp, um ex-artista cubista, francês de nascimento que escolheu os Estados Unidos como residência, mandou um urinol para ser exposto numa galeria de Nova York e, quase em seguida, em 1915, montou uma roda de bicicleta equilibrada sobre um pequeno banco e a fez passar por obra de arte, abriu-se a Caixa de Pandora dos horrores estéticos que a partir de então invadiram o cenário das exposições de arte.Para acentuar ainda mais o seu deboche para com o que até então se entendia como arte, Duchamp, um pândego, um moleque crescido, pintou um belo bigode numa imagem da Mona Lisa de Leonardo da Vinci, ícone da pintura ocidental. Como ele não foi confinado num manicômio nem encarcerado por ofensas ao patrimônio estético (interessante observar que nunca o Direito Penal preocupou-se em classificar como crime hediondo quem de propósito fabricasse a feiura!), parte da vanguarda artística ocidental tomou-o como um profeta dos novos tempos. Estabeleceu-se então um deus nos acuda.Todavia, o que particularmente nos chama a atenção como cidadãos desta nossa capital, que mais uma vez se vê intimidada pelo flagelo de uma nova “instalação”, é a notável concentração de “esculturas” e“monumentos” absolutamente espantosos. Um pior do que o outro. Nosso calvário começa por aquela mandada erguer pelos burgueses do bairro Moinhos de Vento para celebrar sua vitória em 1964 que se encontra no Parcão (homenagem ao marechal Castello Branco, mas que também pode referir-se ao desembarque de um extraterrestre), chegando ao hediondo “timão” situado na rótula que antecede o museu Iberê Camargo. Aliás, o primeiro “timão”, que parecia ter esterco como matéria original da sua composição, foi destruído pelos vileiros do Morro Santa Tereza, certamente indignados em terem-no nas vizinhanças(sofriam de uma injusta punição, além da pobreza tinham que encarar diariamente o exemplo da medonhice). Este colar sem fim de mau gosto que nos assola ainda é composto pelo“cuiódromo”, encravado na rótula da Praça da Harmonia (obra que por igual pode ser entendida como a exaltação de um superúbere de uma vacapremiada), e por um tarugo de ferro enferrujado que adentra o Rio Guaíba nas proximidades da Usina do Gasômetro e que se intitula, pasmem, Olhos Atentos. Nem os que foram perseguidos pelo regime militar escaparam destas maldades estéticas. O “monumento” que os lembra, erigido no Parque Marinha do Brasil, nos faz supor que eles continuarão atormentados ainda por muito tempo mais. A gota d’água derradeira destas perversidades que acometem contra nós, pobres porto-alegrenses, foi a inauguração recente da Casa Monstro, situada na Rua dos Andradas. Pelo menos o autor, um jovem paulista, enfim alguém sincero no ramo, não a escondeu atrás de um título esotérico ou poético: é monstruosa, sim! Trata-se da reprodução de um tumor que, inchado, é expelido pelas aberturas da construção e vem se mostrar aos olhos dos passantes, tal como se fora um abdômen de um canceroso recém aberto pelo bisturi de um cirurgião. Como se vê, uma maravilha! Minha interrogação, depois de passar rapidamente os olhos sobre este vale de horrores que nos circunda, é por que Porto Alegre, cidade aprazível, moderna, povoada por gente simpática, habitada pelas mulheres mais belas do país e que abrigou artistas como Vasco Prado, Xico Stockinger e Danúbio Gonçalves, termina por excitar o pior lado de muitos que por aqui vêm expor? Dizem-me que eles deixam estas abominações como doação (por não encontrarem compradores e não quererem arcar com o translado) e a infeliz prefeitura, constrangida, não tem como lhes dizer não. Faço desde já um apelo ao secretário municipal da Cultura, Sergius Gonzaga, se este ano tal ameaça se repetir, mobilize-se. Levante recursos, promova uma ação entre os amigos da cidade para despachar tais coisas para qualquer outro lugar. Senão, peça socorro à ONU. Porto Alegre, aliviada, lhe será eternamente agradecida.
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2695641.xml&template=3898.dwt&edition=13384§ion=1012
Arte pública como plataforma, Gaudêncio Fidelis
Em resposta a Voltaire Schilling...
31 de outubro de 2009
...
Arte pública como plataforma
...
Doutor em História da Arte chama de demagógico o artigo que propunha“ação entre amigos” para “despachar” obras de arte
...
O artigo do historiador Voltaire Schilling A Cidade dasMonstruosidades (ZH, 25/09/2009) tem lá o seu grau de aberração.
Não é novidade que obras de arte em espaço público desagradem a certas parcelas da população. Sociedades democráticas, entretanto, não propõem sua destruição, pois isso seria uma atitude fascista, que na mesma moeda de troca sugere uma providência autoritária sobre tudo o que lhes “desagrada”.
Ao contrário, privilegia-se o respeito à expressão, que é o fundamento básico de democracia.
Há uma grande dose de demagogia em qualquer “manifesto” que busque levantar as massas contra a arte, porque pressupõe um exercício demagógico do livre-arbítrio.
Não se trata do exercício crítico, porque a crítica procura, antes de tudo, o esclarecimento.
O professor Schilling cita o artista Marcel Duchamp como o precursor do que ele chama de uma “Caixa de Pandora dos horrores estéticos”, mas as transgressões artísticas de um dos mais brilhantes artistas do século 20 abriram o universo do pensamento reflexivo sobre a arte, que antes era limitado à contemplação passiva.
Ironicamente, é nas raízes da atitude de Duchamp, ao questionar o status do objeto artístico, que encontramos hoje a liberdade de expressar uma opinião sobre esta ou aquela obra e questionar seus pressupostos. Mas o que pensar de alguém que invoca o direito de crítica conclamando à condenação aqueles que supostamente fabricam a “feiura” que não lhes agrada?
É direito de todo cidadão exercer sua opinião, porém manifestos iconoclastas subjugam a vontade e o livre-arbítrio, pois buscam apenas contabilizar o ressentimento de alguns. “Dei a voz ao que a maioria pensa”, justifica o historiador, como se soubesse de fato que vontade é essa, causando (propositadamente) uma grande confusão entre categorias artísticas. É sabido, contudo, que a demagogia nunca busca a clareza, uma vez que privilegia a retórica.
O Monumento ao Presidente Castello Branco, de Carlos Tenius, localizado no Parcão, é uma obra que tem uma escala pública digna da imposição dos regimes autoritários, razão pela qual tem muito a nos ensinar. Sua forma estilizada, em linhas verticais dinâmicas, é de indiscutível interesse estético e talvez seja até irônico pensar em como ela pode ser contextualizada no universo contemporâneo, já que de fato elas lembram, em muito, figuras familiares ao cotidiano político que não devem ser esquecidas.
Estrela Guia II, do artista Gustavo Nakle, que substituiu a obra que Schilling menciona ter sido destruída pelos “vileiros do Morro Santa Tereza”, tinha sua primeira versão em bronze e foi roubada (como inúmeras outras obras na cidade) pelo valor de comércio do material de que era feita, e não destruída pela comunidade como diz o historiador. A obra foi escolhida por concurso público dentro do projeto Espaço Urbano Espaço Arte da prefeitura dePorto Alegre. Vale lembrar que nosso artista Xico Stockinger, citado pelo autor, participou inclusive dessa comissão, formada em sua maioria por membros da comunidade artística. A obra Super cuia, do artista gaúcho Saint-Clair Cemin, doada pela 4ª Bienal do Mercosul, é uma obra surpreendente por ter atribuído um caráter pop a um símbolo regional como a cuia, através do formato de um dodecaedro. Olhos Atentos, de José Resende, não é uma doação, mas uma obra comissionada pela 5ª Bienal. Voltada para o Guaíba, como um mirante, ela já faz parte do imaginário da cidade. O Monumento aos Mortos do Regime Militar, de Luiz Gonzaga, foi escolhido em concorrência pública por uma comissão em 1994, resultado de um projeto de lei, tendo grande receptividade por parte das famílias atingidas pela ditadura. Uma forma abstrata que, com seus espaços entrecortados, representa plenamente os limites entre a opressão do ferro e a liberdade do azul do céu. Finalmente, Tapume, de Henrique Oliveira, é uma obra temporária da 7ª Bienal do Mercosul e, em sua qualidade artística, como tal, deve ser pensada. Por fim, não é possível deixar de notar as referências subliminares do professor Schilling ao corpo, por meio do uso de termos como “cuiódromo”, “vaca premiada” e “tarugo”, de conotação notadamente sexual. O raciocínio culmina na apologia à beleza das porto-alegrenses, que ele chama de as “mulheres mais belas do país”, uma atitude não só machista e estereotípica, mas que também privilegia um padrão de beleza em relação às mulheres de outros estados. A conclusão parece ser a de que as obras de arte públicas deveriam ser tão belas quanto as mulheres gaúchas – afinal, tudo seriam coisas – e nós, porto-alegrenses, gostamos de coisas “modernas” e belas, ao menos nas palavras do historiador.
Um argumento quase irrefutável.
* Mestre em Arte pela New York University (NYU) e doutor em História da Arte pela State University of New York (SUNY)
GAUDÊNCIO FIDELIS
31 de outubro de 2009
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Arte pública como plataforma
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Doutor em História da Arte chama de demagógico o artigo que propunha“ação entre amigos” para “despachar” obras de arte
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O artigo do historiador Voltaire Schilling A Cidade dasMonstruosidades (ZH, 25/09/2009) tem lá o seu grau de aberração.
Não é novidade que obras de arte em espaço público desagradem a certas parcelas da população. Sociedades democráticas, entretanto, não propõem sua destruição, pois isso seria uma atitude fascista, que na mesma moeda de troca sugere uma providência autoritária sobre tudo o que lhes “desagrada”.
Ao contrário, privilegia-se o respeito à expressão, que é o fundamento básico de democracia.
Há uma grande dose de demagogia em qualquer “manifesto” que busque levantar as massas contra a arte, porque pressupõe um exercício demagógico do livre-arbítrio.
Não se trata do exercício crítico, porque a crítica procura, antes de tudo, o esclarecimento.
O professor Schilling cita o artista Marcel Duchamp como o precursor do que ele chama de uma “Caixa de Pandora dos horrores estéticos”, mas as transgressões artísticas de um dos mais brilhantes artistas do século 20 abriram o universo do pensamento reflexivo sobre a arte, que antes era limitado à contemplação passiva.
Ironicamente, é nas raízes da atitude de Duchamp, ao questionar o status do objeto artístico, que encontramos hoje a liberdade de expressar uma opinião sobre esta ou aquela obra e questionar seus pressupostos. Mas o que pensar de alguém que invoca o direito de crítica conclamando à condenação aqueles que supostamente fabricam a “feiura” que não lhes agrada?
É direito de todo cidadão exercer sua opinião, porém manifestos iconoclastas subjugam a vontade e o livre-arbítrio, pois buscam apenas contabilizar o ressentimento de alguns. “Dei a voz ao que a maioria pensa”, justifica o historiador, como se soubesse de fato que vontade é essa, causando (propositadamente) uma grande confusão entre categorias artísticas. É sabido, contudo, que a demagogia nunca busca a clareza, uma vez que privilegia a retórica.
O Monumento ao Presidente Castello Branco, de Carlos Tenius, localizado no Parcão, é uma obra que tem uma escala pública digna da imposição dos regimes autoritários, razão pela qual tem muito a nos ensinar. Sua forma estilizada, em linhas verticais dinâmicas, é de indiscutível interesse estético e talvez seja até irônico pensar em como ela pode ser contextualizada no universo contemporâneo, já que de fato elas lembram, em muito, figuras familiares ao cotidiano político que não devem ser esquecidas.
Estrela Guia II, do artista Gustavo Nakle, que substituiu a obra que Schilling menciona ter sido destruída pelos “vileiros do Morro Santa Tereza”, tinha sua primeira versão em bronze e foi roubada (como inúmeras outras obras na cidade) pelo valor de comércio do material de que era feita, e não destruída pela comunidade como diz o historiador. A obra foi escolhida por concurso público dentro do projeto Espaço Urbano Espaço Arte da prefeitura dePorto Alegre. Vale lembrar que nosso artista Xico Stockinger, citado pelo autor, participou inclusive dessa comissão, formada em sua maioria por membros da comunidade artística. A obra Super cuia, do artista gaúcho Saint-Clair Cemin, doada pela 4ª Bienal do Mercosul, é uma obra surpreendente por ter atribuído um caráter pop a um símbolo regional como a cuia, através do formato de um dodecaedro. Olhos Atentos, de José Resende, não é uma doação, mas uma obra comissionada pela 5ª Bienal. Voltada para o Guaíba, como um mirante, ela já faz parte do imaginário da cidade. O Monumento aos Mortos do Regime Militar, de Luiz Gonzaga, foi escolhido em concorrência pública por uma comissão em 1994, resultado de um projeto de lei, tendo grande receptividade por parte das famílias atingidas pela ditadura. Uma forma abstrata que, com seus espaços entrecortados, representa plenamente os limites entre a opressão do ferro e a liberdade do azul do céu. Finalmente, Tapume, de Henrique Oliveira, é uma obra temporária da 7ª Bienal do Mercosul e, em sua qualidade artística, como tal, deve ser pensada. Por fim, não é possível deixar de notar as referências subliminares do professor Schilling ao corpo, por meio do uso de termos como “cuiódromo”, “vaca premiada” e “tarugo”, de conotação notadamente sexual. O raciocínio culmina na apologia à beleza das porto-alegrenses, que ele chama de as “mulheres mais belas do país”, uma atitude não só machista e estereotípica, mas que também privilegia um padrão de beleza em relação às mulheres de outros estados. A conclusão parece ser a de que as obras de arte públicas deveriam ser tão belas quanto as mulheres gaúchas – afinal, tudo seriam coisas – e nós, porto-alegrenses, gostamos de coisas “modernas” e belas, ao menos nas palavras do historiador.
Um argumento quase irrefutável.
* Mestre em Arte pela New York University (NYU) e doutor em História da Arte pela State University of New York (SUNY)
GAUDÊNCIO FIDELIS
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Filmes Free
Recebi por e-mail esse site maravilhoso com muitos filmes, antigos e recentes, todos dublados ou com legendas em espanhol.
Detalhe: não são filmes que você baixa e ficam ocupando espaço no seu computador. Você poderá assistí-los completos mas há um limite de memória... Acho que, conforme o momento, dependendo da rede (que pode estar saturada), o filme pára e você só poderá acessá-lo novamente depois de um tempo, uns trinta minutos.
Então você deverá posicionar o filme no local onde parou, junto a uma barra de rolagem que fica embaixo.
Divirtam-se.
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