quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Classe Artística discute texto de Voltaire Schilling

Mandei por e-mail, para minha lista de amigos, em sua maioria artistas, provenientes da academia, vivendo a arte contemporânea, ou seja, vivendo o mundo atual:

Amigos!

Nem sei se "isto" é "digno da nossa indignação", tamanha ignorância... Mas, pra quem ainda não viu, recomendo a leitura porque chega a ser ridícula... Como pode um historiador falar tanto absurdo?


...Achei apropriado publicar aqui as respostas abaixo, recebidas de colegas artistas por e-mail, para demonstrar a reação da nossa classe à falta de informação (só posso chamar assim) do Senhor Voltaire Schilling. Um historiador muito sério, que deveria informar-se um pouco mais sobre a história da arte e compreender que a arte, ao longo da história da humanidade, sempre representou o momento, o contexto, sendo essa uma das suas principais funções. E que, portanto, neste mundo caótico em que vivemos, nada mais natural que a arte esteja completamente diferente daquele modelo clássico que costumava agradar apenas aos olhos ou representar a realidade antes do advento da fotografia. (Mundo clássico este (que respeito) mas no qual, possivelmente, o Senhor Voltaire ainda vive, entre seus livros e bibelots, o que é uma pena...) Não publiquei (ainda) todos os nomes dos colegas, porque não pedi a devida autorização, mas não pude deixar de colocar as suas opiniões aqui no blog para serem lidas por mais gente do que apenas a nossa lista de e-mails.)

Cláu Paranhos



Nooossa Clau, apavorante!
Um amigo meu já havia comentado sobre esse artigo absurdo e, muito apropriadamente, criticado pelo Gaudêncio. Eu já tinha enormes reservas quanto a esse historiador desde que li um livro dele sobre Nietzsche que não fazia nada além de reproduzir um discurso caquético muito mal orientado sobre o filósofo, discrevendo-o como um louco nazi-fascista e, como no presente artigo, sem o menor constrangimento de expor seu pensamento retrógrado e estreito, próprio de quem pouco se dedica com seriedade às leituras mais densas e ainda por cima desafiando o pensamento contemporâneo que há muitas décadas já abandonou essas idéias equivocadas acerca de Nietzsche. Até vou te levar o tal livro se já não coloquei fora, rsrs, beijão!!!
Maria Cristina Ferrony

Além de preguiça mental, esse Voltaire Schilling deve ser neonazista, ao menos, tem a mesma opinião sobre ''arte degenerada" que Adolf Hitler.
Tem muitas aberrações na arte comtemporãnea? Talvez sim (he,he,só pra provocar também...), mas mais aberração ainda nesse texto em que mostra uma mente que tanto não possui uma reflexão minimamente despreconceituosa, quanto mais (pretensamente) intelectual . Deve ter mofo no cérebro, que é característico de quem ocupa nossas instituições e também que tem cadeira cativa na formação de opinião pública, feita na forma midiática, tradicional:
jornal e tv.
...Mas ainda acho que ele é nazi...
C. W.


Amigos,

Episódio lamentável a publicação do Sr, Voltaire. Vergonhoso para o meio cultural que um historiador se manifeste publicamente de forma tão pretensionsa, desrespeitosa e ignorante. Mas o pior é constatar que muitas outras pessoas, com todo acesso a cultura possível, manifestaram- se a favor do texto do Sr. Voltaire (veja-se os textos de David Coimbra e Rosane de Oliveira, ambos colunistas da ZH). Posturas assim para mim só podem ser fruto de uma preguiça mental seletiva. Como podem pessoas com tanto acesso a informação se manifestarem publicamente de forma tão pretensiosa sobre um tema que pouco conhecem ou sequer se interessam?? ? A "cidade das monstruosidades" foi uma alegoria extremamente infeliz utilizada pelo Sr. Voltaire para falar das obras de arte que ocupam nossos espaços públicos. Alegoria, porém, que bem serviria para ilustrar algumas mentes que rondam Porto Alegre, ocupando cargos públicos ou importantes espaços na mídia, bem como os efeitos nefastos de suas manifestações sobre a educação de uma população já tão carente de uma formação voltada para o sensível.
Estou chocado!
S.T.


Sim, e eu li as duas respostas na ZH, do gaudêncio e de um outro cara. Descascaram ele com toda razão. O cara botou o respeito profissional que tinha na boca do lixo. Minha mãe dizer essas ignorâncias vá lá, mas um intelectual (ou pretenso), ativo no ramo cultural, não é nem reacionário, é burro mesmo.
C.R.


Oi Cláu,
Às vezes a gente pensa que é melhor ficar quieto, mas não nesse caso, mesmo que não seja "digno de nossa indignação", como você mencionou. Parece que todos podem falar o que querem sobre qualquer coisa... sendo assim, nós (artistas) não deveríamos manifestar nossas idéias evitando a existência de um único ponto de vista?
Penso que esse tipo de crítica, que demonstra completa ignorância, ainda pode ser profícua, pois pode motivar o artista a expor seu pensamento e, principalmente, a desconfiar de historiadores e críticos que são apresentados a nós como grandes soberanos, poderosos legitimadores da arte (da grande arte). Algumas vezes, pessoas mal informadas sobre arte, como quando atacam a obra de Duchamp, por talvez não terem entendido que ele nos propõe uma questão ao expor os readymades - o que foi muito bem debatido por Rosalind Krauss, no livro 'Caminhos da Escultura Moderna' e também por Gaudêncio Fidelis em seu texto-resposta.

Abraçosss
Z


Vitupério Stilling
...segundo Houaiss =
Vitupério- substantivo masculino 1 ato ou efeito de vituperar, vituperação2 palavra, atitude ou gesto que tem o poder de ofender a dignidade ou a honra de alguém; afronta, insulto3 acusação infamante, injúria4 qualquer ato infame, vergonhoso ou criminoso
ver sinonímia de afronta

R.U.


Me caiu os butiá da bolsa escrotal....
O Voltaire me decepcionou...
E VIVA AS DISCUSSÕES SOBRE ARTE !!!!!
V.S.


O problema: este é o senso comum.Ao defender qualquer dessas obras eu tenho muito trabalho, pois há dezenas de argumentos contrários às mesmas.Os comentários postados no site Clicrbs demonstram uma quase unanimidade contra o contemporâneo.É necessária uma reação. Creio que seria essencial um encontro estadual debater a arte pública.Quando Monteiro Lobato atacou Tarsila do Amaral, Osvald e Mario de Andrade acudiram-na e deram o embrião para a Semana de Arte Moderna de 22. Se houver passividade, nesse momento, logo os gestores públicos adotarão o que chamo de solução Torre Eiffel: seleção pública para monumentos. Possivelmente com votação popular.Creio que a população gaúcha está mais pendente ao hiper-realismo na escultura do que qualquer outra solução.E se condenam, por exemplo, Gustavo Nackle, provavelmente, no íntimo, repudiam Xico Stockinger, pois percebo no uruguaio uma influência do gaúcho.Já argumentei, no próprio Clic, que considero as cuias de Saint-Clair Cemin um monumento tão importante, para mim, quanto o Laçador, a seu tempo, pois cria uma imagem de mundo gaúcho e uma forma geométrica que muito bem poderia ser um átomo, um sol ou um planeta. Divino.
D.


RESPOSTA AO HISTORIADOR VOLTAIRE SCHILLING(Autor da matéria “A capital das monstruosidades” , 25/10/2009)
Diz a lenda que um general alemão olhando o quadro “GUERNICA” de Pablo Picasso, perguntou-lhe : “Foi você que fez esta monstruosidade?” , ao que o artista respondeu: “Não, foram vocês”.O conceito do belo, feio ou “monstruoso” se revisa ao longo dos séculos e o que hoje achamos ruim, gerações futuras poderão achar genial. Inúmeros casos na história da arte nos mostram esta mudança. O exemplo mais conhecido é dos impressionistas e pós-impressionistas, a princípio recusados pela crítica e pelo público, hoje considerados geniais. Antes deles, Goya ao fazer as pinturas negras teve que fugir da inquisição , hoje estas são consideradas obras primas. Rembrant ao pintar a hoje famosa “Ronda noturna”, foi criticado pela corporação que lhe encomendou esta obra , pois utilizou vermelhos e pretos em demasia. Na época da II guerra mundial a arte moderna foi considerada ARTE DEGENERADA pelos nazistas.Não acredito que o autor do artigo esteja identificando- se e defendendo estas mesmas idéias?Não duvido que há obras ruins e talvez a estrela seja uma obra sem qualidades, mas o linguajar do historiador ao referir-se a esta escultura, foi desinformado, desrespeitoso e ofensivo. Informo ao dito historiador que… “o primeiro timão” que parecia ter esterco como matéria original”…., intitulava-se “Estrela Guia” e o material era BRONZE (alheação de cobre, estanho e zinco), que com certeza desconhece. Com respeito ao furto desta obra, acho vergonhoso que um cidadão comum aceite e justifique a depredação de qualquer obra por “medonho” que lhe pareça, mas é duplamente lamentável ler esta justificativa escrita pelo HISTORIADOR E DIRETOR DE MEMORIAL DO ESTADO.Enfim senhor Voltaire , não fosse por suas ironias grosseiras e ofensivas, diria que seu artigo é cândido de tão primário. Este escultor sugere que tome cuidado para que junto com a comissão “AMIGOS DO BOM GOSTO” que o senhor quer convocar, não criem um movimento intitulado “ FUNDAMENTALISMO ESTÉTICO” . Sugiro também que não façam listas de obras que pretendem remover, de discos que não gostam, dos livros e prédios que não lhes agradam , sabemos pela historia no que isso vai dar.
GUSTAVO NAKLE- ESCULTOR

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