Pra quem gosta de arte, imperdível!
http://www.youtube.com/watch?v=erbd9cZpxps
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
sábado, 13 de março de 2010
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Imagens da ciência: 'Save our Earth. Let's go Green'
Concurso americano premia imagens científicas
Foto que mostra nanofibras plásticas com um diâmetro de 1/500 de um fio de cabelo ao redor de uma minúscula esfera foi a vencedora do concurso anual sobre visualização da ciência realizado pela revista 'Science' e pela Fundação Nacional da Ciência, dos EUA.
Esta imagem foi criada por acaso com o colapso de células sobrepostas a pilares de polímeros com 10 micrômetros de altura. Os cientistas estudavam as forças exercidas pelas células e foram surpreendidos pelo aparecimento das formas. A imagem recebeu menção honrosa.
A foto de uma esfera verde microscópica envolta por fibras de polímeros com diâmetros equivalentes a 1/500 de um fio de cabelo foi a grande vencedora de um concurso anual promovido pela revista Science e pela Fundação Nacional da Ciência, dos Estados Unidos, para premiar imagens científicas.
Os autores da foto, batizada de Save our Earth. Let's Go Green (Salve a nossa Terra. Vamos nos tornar verdes, em tradução livre), dizem que ela pode ser uma representação da necessidade de cooperação entre pessoas de todas as áreas para lidar com as questões mais importantes do planeta.
Segundo um dos autores, o pesquisador Sung Hoon Kang, da Universidade Harvard, cada minúscula fibra pode representar uma pessoa. No conjunto, elas são capazes de sustentar a esfera (ou a Terra).
Entre os premiados com menções honrosas pelo concurso "International Science & Engineering Visualization Challenge" na categoria fotos estão uma imagem de cristais de um sal coletado no Vale da Morte, na Califórnia, uma imagem semelhante a flores coloridas formada por uma experiência com células e uma foto que mostra o processo de auto-fertilização de uma flor.
Na categoria ilustrações, uma das imagens vencedoras mostra uma representação gráfica das forças exercidas por células pulmonares ao formarem vasos capilares. A imagem tridimensional faz parte de um projeto para apresentar dados científicos de maneiras novas e criativas.
Outra ilustração, que recebeu uma menção honrosa, mostra um hipotético hambúrguer de água-viva. A criação de uma cientista marinha e de um ilustrador gráfico tinha como objetivo alertar para os perigos da pesca excessiva e das mudanças climáticas para a vida marinha.
Segundo os criadores da imagem, o aquecimento dos oceanos reduzirá os estoques de peixes, mas permitirá a multiplicação de espécies agressivas como as águas-vivas.
O concurso premiou ainda concorrentes nas categorias gráficos e pôsteres de informação, games interativos e mídia não interativa.
Os premiados foram anunciados na última edição da revista Science, publicada pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês).
fonte: http://verde.br.msn.com/galeria-de-fotos-bbc.aspx?cp-documentid=23512595
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Gaby Benedyct, AZUL GALERIA: arte em Porto Alegre
Super olás!
Terminou o Carnaval, feriado agora só na Páscoa...
Logo, o ano está começando e a AZUL já tem algumas boas novidades.
* No outro Sábado, dia 27 de fevereiro, das 16 às 20 horas, AZUL LIQUIDA PORTO ALEGRE - Obras Consignadas com 20% de desconto, obras do acervo com 40% de desconto e muita coisa por preço de banana! Vá preparado financeiramente, pois as ofertas serão únicas e imperdíveis.
* Confirmada Primeira Festa Temática Expositiva da AZUL - 30 DE ABRIL - AGENDA AI é uma SEXTA FEIRA!!!!- Serão apenas 04 no ano e cada uma será especialmente produzida para ser uma viagem sensorial IMPERDÍVEL! Nesta primeira, Adreson apresentará trabalhos em fotogramas (PB) que reagem na luz negra, logo, toda a AZUL estará assim iluminada, incluindo a fachada que terá a intervenção de Fernanda Manéa. A Banda The Dancing Demons fará um pocket show de músicas marcadas por ritmos fortes e irresistivelmente dançantes e finalmente acontecerá o Lançamento do ZINECATÁLOGO da AZUL. Teremos, ainda, comidas fosforescentes, pista de dança, serviço de bar e mais algumas surpresas que inventaremos até lá. Não pense que é uma vernissage, assumimos, é festa mesmooo!
* File Prix Lux - Tem incrições abertas aos artistas interessados em tecnologia como meio de criação. Leia mais...
Notícias especiais:
O site da AZUL há tempos investe na construção de conteúdos que vão além do registro do que acontece na Produtora Galeria. Entre no site www.azulgaleria. com.br e descubra artigos interessantes: Como montar uma Galeria de Arte, O preço da Arte, Como começar uma coleção de Arte...é só clicar no menu Artigos e Críticas. Navegue no site, clique nos menus laterais e descubra vídeos e matérias sobre a cena artística de Porto Alegre.
AGENDA DESCOLADA EM ARTE: Quer saber das últimas que estão acontecendo? Gaby Benedyct é a atual editora da coluna de Artes Visuais do site www.artistasgauchos .com.br
Atualizada diariamente com indicações de exposições e comentários a respeito delas e outros acontecimentos do mundo das artes visuais de Porto Alegre. E de bônus você ainda tem informações sobre editais, salões e concursos de arte, música, literatura, artes cênicas e cinema.
Agradecemos a atenção.
Super abraço e apareça!
Gaby Benedyct
AZUL Produtora Galeria
www.azulgaleria. com.br
Terminou o Carnaval, feriado agora só na Páscoa...
Logo, o ano está começando e a AZUL já tem algumas boas novidades.
* No outro Sábado, dia 27 de fevereiro, das 16 às 20 horas, AZUL LIQUIDA PORTO ALEGRE - Obras Consignadas com 20% de desconto, obras do acervo com 40% de desconto e muita coisa por preço de banana! Vá preparado financeiramente, pois as ofertas serão únicas e imperdíveis.
* Confirmada Primeira Festa Temática Expositiva da AZUL - 30 DE ABRIL - AGENDA AI é uma SEXTA FEIRA!!!!- Serão apenas 04 no ano e cada uma será especialmente produzida para ser uma viagem sensorial IMPERDÍVEL! Nesta primeira, Adreson apresentará trabalhos em fotogramas (PB) que reagem na luz negra, logo, toda a AZUL estará assim iluminada, incluindo a fachada que terá a intervenção de Fernanda Manéa. A Banda The Dancing Demons fará um pocket show de músicas marcadas por ritmos fortes e irresistivelmente dançantes e finalmente acontecerá o Lançamento do ZINECATÁLOGO da AZUL. Teremos, ainda, comidas fosforescentes, pista de dança, serviço de bar e mais algumas surpresas que inventaremos até lá. Não pense que é uma vernissage, assumimos, é festa mesmooo!
* File Prix Lux - Tem incrições abertas aos artistas interessados em tecnologia como meio de criação. Leia mais...
Notícias especiais:
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AGENDA DESCOLADA EM ARTE: Quer saber das últimas que estão acontecendo? Gaby Benedyct é a atual editora da coluna de Artes Visuais do site www.artistasgauchos .com.br
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Agradecemos a atenção.
Super abraço e apareça!
Gaby Benedyct
AZUL Produtora Galeria
www.azulgaleria. com.br
Biblioteca Virtual da Bienal do Mercosul
Nova Biblioteca Virtual da Bienal do Mercosul facilita pesquisa online
Livros, imagens, vídeos e outros documentos sobre arte contemporânea e as sete edições da Bienal do Mercosul podem ser consultados através da internet
A nova Biblioteca Virtual da Fundação Bienal do Mercosul já está disponível através do site www.bienalmercosul.art.br. Nos links “Biblioteca Virtual” e “Bienais Anteriores” os pesquisadores podem ter acesso aos mais de 16 mil itens do acervo do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul – NDP, composto por documentos textuais, audiovisuais, eletrônicos e iconográficos sobre as Bienais do Mercosul e arte contemporânea latino-americana.
O Núcleo de Documentação e Pesquisa – NDP, criado em outubro de 2004, é um setor institucional e permanente da Fundação Bienal do Mercosul que tem por objetivo zelar pelo patrimônio histórico da Instituição. O acervo físico do NDP - que tem funções de arquivo e biblioteca - é composto por materiais audiovisuais com mais de 1.500 peças digitalizadas (VHS, U-Matic, fitas cassetes, CDs e DVDs); acervo bibliográfico com mais de 2.500 volumes (livros, catálogos e periódicos) sobre arte contemporânea, artistas, arte-educação, entre outros, e acervo iconográfico com 5.000 imagens digitalizadas (fotos em papel, cromos, slides e negativos) sobre obras, artistas e exposições da Bienal do Mercosul, dentre as mais de 16 mil imagens catalogadas. O acervo textual inclui cerca de 8.000 registros de documentos sobre a origem da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e o projeto pedagógico, a produção executiva e dossiê dos artistas participantes das Bienais do Mercosul.
A reformulação da Biblioteca Virtual começou em agosto de 2008, com aprovação de projeto pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O projeto previa a digitalização e preservação do acervo do NDP, o gerenciamento das informações através da criação de um banco de imagens e da estruturação da área de Tecnologia da Informação, além da realização do Seminário sobre Preservação e Disponibilização Eletrônica de Acervos Históricos e Culturais, ocorrido em outubro de 2009. Um terminal para consultas, hoje instalado na sede da Fundação Bienal do Mercosul, também está disponível aos interessados. Segundo a coordenadora do NDP, Fernanda Ott, “a revitalização da Biblioteca no site da Bienal possibilita o acesso digital a grande parte dos materiais, além de fornecer a lista completa da documentação existente no acervo da Fundação Bienal do Mercosul, disponível também para consulta física”. A consulta presencial ao acervo do NDP por professores, estudantes, pesquisadores e público interessado em geral é conduzida por meio de atendimento individualizado, com agendamento prévio, e de forma gratuita. O agendamento pode ser realizado através do telefone 51 3254 7500 e pelo email memoria@bienalmercosul.art.br.
Nos anos de 2008 e 2009, foram realizados 221 atendimentos ao público. O NDP também oferece suporte aos curadores das Bienais do Mercosul para o planejamento e a execução do Projeto Curatorial de cada evento, realizando pesquisas sobre artistas e temas relacionados às Bienais e à arte contemporânea.
Livros, imagens, vídeos e outros documentos sobre arte contemporânea e as sete edições da Bienal do Mercosul podem ser consultados através da internet
A nova Biblioteca Virtual da Fundação Bienal do Mercosul já está disponível através do site www.bienalmercosul.art.br. Nos links “Biblioteca Virtual” e “Bienais Anteriores” os pesquisadores podem ter acesso aos mais de 16 mil itens do acervo do Núcleo de Documentação e Pesquisa da Fundação Bienal do Mercosul – NDP, composto por documentos textuais, audiovisuais, eletrônicos e iconográficos sobre as Bienais do Mercosul e arte contemporânea latino-americana.
O Núcleo de Documentação e Pesquisa – NDP, criado em outubro de 2004, é um setor institucional e permanente da Fundação Bienal do Mercosul que tem por objetivo zelar pelo patrimônio histórico da Instituição. O acervo físico do NDP - que tem funções de arquivo e biblioteca - é composto por materiais audiovisuais com mais de 1.500 peças digitalizadas (VHS, U-Matic, fitas cassetes, CDs e DVDs); acervo bibliográfico com mais de 2.500 volumes (livros, catálogos e periódicos) sobre arte contemporânea, artistas, arte-educação, entre outros, e acervo iconográfico com 5.000 imagens digitalizadas (fotos em papel, cromos, slides e negativos) sobre obras, artistas e exposições da Bienal do Mercosul, dentre as mais de 16 mil imagens catalogadas. O acervo textual inclui cerca de 8.000 registros de documentos sobre a origem da Bienal de Artes Visuais do Mercosul e o projeto pedagógico, a produção executiva e dossiê dos artistas participantes das Bienais do Mercosul.
A reformulação da Biblioteca Virtual começou em agosto de 2008, com aprovação de projeto pelo Ministério da Cultura através da Lei Rouanet. O projeto previa a digitalização e preservação do acervo do NDP, o gerenciamento das informações através da criação de um banco de imagens e da estruturação da área de Tecnologia da Informação, além da realização do Seminário sobre Preservação e Disponibilização Eletrônica de Acervos Históricos e Culturais, ocorrido em outubro de 2009. Um terminal para consultas, hoje instalado na sede da Fundação Bienal do Mercosul, também está disponível aos interessados. Segundo a coordenadora do NDP, Fernanda Ott, “a revitalização da Biblioteca no site da Bienal possibilita o acesso digital a grande parte dos materiais, além de fornecer a lista completa da documentação existente no acervo da Fundação Bienal do Mercosul, disponível também para consulta física”. A consulta presencial ao acervo do NDP por professores, estudantes, pesquisadores e público interessado em geral é conduzida por meio de atendimento individualizado, com agendamento prévio, e de forma gratuita. O agendamento pode ser realizado através do telefone 51 3254 7500 e pelo email memoria@bienalmercosul.art.br.
Nos anos de 2008 e 2009, foram realizados 221 atendimentos ao público. O NDP também oferece suporte aos curadores das Bienais do Mercosul para o planejamento e a execução do Projeto Curatorial de cada evento, realizando pesquisas sobre artistas e temas relacionados às Bienais e à arte contemporânea.
CORDEL DO BIG BROTHER!!!!!
O educador Antônio Barreto, um dos maiores cordelistas da Bahia, acaba de retornar ao Brasil com os versos mais afiados que nunca depois da polêmica causada com o cordel "Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso".
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos). Só para dar um gostinho:
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.
Em frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.
Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.
O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.
Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.
Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.
Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.
Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.
Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.
É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.
Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.
A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.
E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.
E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.
A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.
Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.
Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?
Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* * *
Antonio Barreto nasceu nas caatingas do sertão baiano, Santa Bárbara, na Bahia.
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
Antonio Barreto também compõe músicas na temática regional: toadas, xotes e baiões.
O cordel "Big Brother Brasil, um programa imbecil" é imperdível e está completinho aqui, em primeira mão: http://cachacaaraci .wordpress. com/
Vik Muniz e Beatriz Milhazes
Vik Muniz lança 'catálogo raisonné' e fala com Beatriz Milhazes sobre 'revisionismo'
Vik Muniz é o primeiro artista brasileiro contemporâneo a ter o registro integral de sua produção artística lançado em livro, o chamado "catálogo raisonné". O lançamento, da editora Capivara, é amanhã no Rio e quinta em São Paulo. Organizado por Pedro Corrêa do Lago, o belo volume tem 710 páginas e 1.600 imagens que ilustram cronologicamente as 1.200 obras criadas pelo artista paulista desde o início de sua carreira, há 22 anos. Para conversar com Vik sobre este seu momento de revisionismo (seria precoce para um artista tão jovem?), convidamos Beatriz Milhazes, outro nome do País com incrível projeção internacional e com obras igualmente valorizadas no mercado mundial de arte. A seguir, o papo de Vik e Bia, exclusivo para o Estado.
Beatriz Milhazes: Fomos nos encontrar só no contexto internacional, não é Vik? Não o conhecia antes, só quando comecei a expor em NY, quando iniciei carreira internacional.
Vik Muniz: Quando comecei a mostrar minha obra no Brasil, você começou lá fora. Ou seja, nossas carreiras são inversas.
Beatriz: Isso. Começamos a trocar figurinhas no início dos anos 90.
Vik: Isso vai dar bandeira da nossa idade... (Risos) Por uma questão de contexto, nossos trabalhos só se encontraram em exposições temáticas, do tipo "artistas brasileiros". Fora isso, nunca.
Beatriz: O que tínhamos em comum era o Marcantonio (Villaça, marchand e galerista pernambucano, morto em 2000). Ele era diferente do que havia então no mercado, abriu as portas internacionais para artistas brasileiros. Viemos de várias pontas e nos cruzamos ali, através do Marcantonio.
Vik: Ele era diferente de todos os outros. Ligava dia sim, dia não, era nosso amigo. Galeria normalmente pensa na parte comercial. Ele curtia ter uma relação com o artista, fora da parte comercial. Artista tem ego grande, então ele promovia uma certa competição entre nós. Provocava, falava: "Bia está com uma exposição em tal lugar..."
Beatriz: É verdade. Ele queria saber o que você estava fazendo, acompanhava. Os rumos mudaram muito depois da morte dele. Já vai fazer 10 anos, meu Deus! Mas, Vik, sobre o seu catálogo raisonné, como se sentiu fazendo isso?
Vik: Chega um nível em nossa carreira em que temos de gerenciar tudo o que foi feito. Deixamos um rastro de obra. A ideia de fazer o catálogo é ter de domar esse monstro, o trabalho que você deixou, o legado... Você começa a se dar conta da amnésia em relação a seu próprio trabalho. Tive de pesquisar trabalhos de 20 anos atrás, coisas que nem lembrava ter feito.
Beatriz: Eu estou preparando a mesma coisa para um livro e fui bater em coisas que fiz no Parque Lage, mas não são importantes, sei lá...
Vik: Antes eu sempre desenhava, desde pequeno, fazia escultura, mas não me considerava artista. Eu me considerava um desenhista, um fazedor de coisas. O catálogo raisonné do Picasso tem desenhos de criança, são dezenas de volumes. Mas só me considero artista a partir do momento em que aluguei um estúdio, em 1987, e resolvi viver de arte. Ainda estava experimentando muito.
Beatriz: Quando você começa a revisar a sua obra, isso é o que mais mexe. É curioso, porque agora você vai ter de criar uma "escritura" para o que fez de forma espontânea...
Vik: Você passa muito tempo tentando desenvolver uma linguagem, criando uma via de acesso para o público identificar o seu trabalho. Uma vez que você estabelece essa linguagem, quando você descobre, você tem a noção de que as pessoas te conhecem. Mas ao revisar seu trabalho, é interessante descobrir que podia ter percorrido determinados caminhos e não percorreu.
Beatriz: Eu tenho um período do meu trabalho em que eu simplesmente joguei fora quase tudo que eu fiz, porque não entendia, não gostava. Eu falei: "Não tenho condição de conviver com nada disso." Agora, nesse período em que comecei a "revisionar", e isso tem um ano, foi quando comecei a entender o período.
Vik: Mas já tinha jogado fora...
Beatriz: Já, mas não me arrependo. Engraçado, eu achei que viria um arrependimento, mas não veio. Na verdade, tive, mas só por algumas poucas obras. O engraçado mesmo é começar a entender aquela fase.
Vik: Nesse meu livro tem coisa de que eu não gosto também.
Beatriz: Por isso deve ser melhor fazerem o catálogo depois que a gente morre, né? (Risos)
Vik: Você começa uma carreira e vai dando tiro para tudo quanto é lado, às vezes você mata um pombo. Você pensa em duas razões: algo que lhe satisfaça intelectualmente e outra que satisfaça o público. Esse feedback, essa cobrança, é muito importante. Como estamos viajando o tempo todo, é difícil ter tempo de parar e pensar no que fez. O livro o coloca em uma posição privilegiada, você vê as ramificações do que foi feito por você. Mas é perigoso, porque você se envolve muito consigo mesmo. Eu fui voltando, fui voltando... daí torna-se inevitável para um artista dialogar com o próprio passado.
Beatriz: Eu ia perguntar isso. Se vendo sua obra como um todo, você começaria a dialogar com o passado.
Vik: É natural. Na minha idade, no lugar em que estou, faço isso de uma forma ou de outra. Não tenho esse luxo de parar e pensar na vida. Estamos sempre correndo. O livro me forçou a pensar em tudo. Tenho uma responsabilidade técnica mesmo, de colocar uma coisa atrás da outra.
Beatriz: Como foi fazer um catálogo raisonné tão jovem? Penso que nós vivemos uma situação interessante. O nosso papel é inédito, os preços, a localização, as coleções, isso é inédito no contexto de arte brasileira. Isso está colocando a gente em situações que outros não tiveram. Penso em Lygia Clark na nossa idade, que não estava nem perto desta posição... Você tem de lidar com situações que outras gerações brasileiras não teriam de lidar.
Vik: Penso que daqui a 20 anos esse livro só deverá existir no formato digital. O conteúdo, a distribuição, esta organização tem a ver com uma necessidade. Tanto eu como você, Bia, temos de fazer isso e por motivos diferentes. Você lida com a pintura, que produz objetos únicos, por isso catalogar também é tão importante. Saber quem comprou seu trabalho e onde ele foi parar, pois se fizer uma exposição retrospectiva, vai ter de rastrear cada obra. No caso da foto, não é tão sério, posso imprimir tudo e fazer a exposição. E eu trabalho em série. Vou aplicando os conhecimentos dentro da série. É como escrever novela, vou matando alguns personagens, fazendo uma intriga aqui, outra ali.
Beatriz: Você tem arquivo digital...
Vik: O arquivo digital está lá. Mas isso aqui (aponta o livro) é baseado em uma cronologia. É engraçado, pois você visualiza tudo.
Beatriz: O digital está lá, mas o livro tem outro contexto, não é?
Vik: O trabalho em série produz um número maior de objetos, inevitavelmente. Eu poderia estar fazendo coisas maiores, colocar mais conteúdo, mas tenho dificuldade com isso. Procuro dissipar isso em pequenos objetos, a natureza do meu trabalho produz um número muito grande de objetos. Na pintura, você aplica o conhecimento na própria pintura. Fotografia determina pontos, é uma extensão maior.
Beatriz: Ainda estou curiosa. Na hora de fazer a cronologia, você não fez uma seleção/pré-curadoria?
Vik: Não fiz. Mas o que não está aqui foram as coisas que se perderam. O artista quando jovem está preocupado em fazer o trabalho, não se preocupa em documentar. A gente está muito envolvido com a criação e coisas se perdem ao longo do caminho. É preocupante essa amnésia em relação ao seu próprio trabalho. Em 20 anos, você esquece de muita coisa. Penso agora que foram semanas da minha vida dedicadas a algo que perdi na memória. Gastei dinheiro, peguei trem e não tenho mais a menor lembrança daquilo.
Renato Rosa
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Prudente de Morais, 326
Ipanema - Rio de Janeiro - RJ - 22420-040
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colaboração de Carla Volkart
Vik Muniz é o primeiro artista brasileiro contemporâneo a ter o registro integral de sua produção artística lançado em livro, o chamado "catálogo raisonné". O lançamento, da editora Capivara, é amanhã no Rio e quinta em São Paulo. Organizado por Pedro Corrêa do Lago, o belo volume tem 710 páginas e 1.600 imagens que ilustram cronologicamente as 1.200 obras criadas pelo artista paulista desde o início de sua carreira, há 22 anos. Para conversar com Vik sobre este seu momento de revisionismo (seria precoce para um artista tão jovem?), convidamos Beatriz Milhazes, outro nome do País com incrível projeção internacional e com obras igualmente valorizadas no mercado mundial de arte. A seguir, o papo de Vik e Bia, exclusivo para o Estado.
Beatriz Milhazes: Fomos nos encontrar só no contexto internacional, não é Vik? Não o conhecia antes, só quando comecei a expor em NY, quando iniciei carreira internacional.
Vik Muniz: Quando comecei a mostrar minha obra no Brasil, você começou lá fora. Ou seja, nossas carreiras são inversas.
Beatriz: Isso. Começamos a trocar figurinhas no início dos anos 90.
Vik: Isso vai dar bandeira da nossa idade... (Risos) Por uma questão de contexto, nossos trabalhos só se encontraram em exposições temáticas, do tipo "artistas brasileiros". Fora isso, nunca.
Beatriz: O que tínhamos em comum era o Marcantonio (Villaça, marchand e galerista pernambucano, morto em 2000). Ele era diferente do que havia então no mercado, abriu as portas internacionais para artistas brasileiros. Viemos de várias pontas e nos cruzamos ali, através do Marcantonio.
Vik: Ele era diferente de todos os outros. Ligava dia sim, dia não, era nosso amigo. Galeria normalmente pensa na parte comercial. Ele curtia ter uma relação com o artista, fora da parte comercial. Artista tem ego grande, então ele promovia uma certa competição entre nós. Provocava, falava: "Bia está com uma exposição em tal lugar..."
Beatriz: É verdade. Ele queria saber o que você estava fazendo, acompanhava. Os rumos mudaram muito depois da morte dele. Já vai fazer 10 anos, meu Deus! Mas, Vik, sobre o seu catálogo raisonné, como se sentiu fazendo isso?
Vik: Chega um nível em nossa carreira em que temos de gerenciar tudo o que foi feito. Deixamos um rastro de obra. A ideia de fazer o catálogo é ter de domar esse monstro, o trabalho que você deixou, o legado... Você começa a se dar conta da amnésia em relação a seu próprio trabalho. Tive de pesquisar trabalhos de 20 anos atrás, coisas que nem lembrava ter feito.
Beatriz: Eu estou preparando a mesma coisa para um livro e fui bater em coisas que fiz no Parque Lage, mas não são importantes, sei lá...
Vik: Antes eu sempre desenhava, desde pequeno, fazia escultura, mas não me considerava artista. Eu me considerava um desenhista, um fazedor de coisas. O catálogo raisonné do Picasso tem desenhos de criança, são dezenas de volumes. Mas só me considero artista a partir do momento em que aluguei um estúdio, em 1987, e resolvi viver de arte. Ainda estava experimentando muito.
Beatriz: Quando você começa a revisar a sua obra, isso é o que mais mexe. É curioso, porque agora você vai ter de criar uma "escritura" para o que fez de forma espontânea...
Vik: Você passa muito tempo tentando desenvolver uma linguagem, criando uma via de acesso para o público identificar o seu trabalho. Uma vez que você estabelece essa linguagem, quando você descobre, você tem a noção de que as pessoas te conhecem. Mas ao revisar seu trabalho, é interessante descobrir que podia ter percorrido determinados caminhos e não percorreu.
Beatriz: Eu tenho um período do meu trabalho em que eu simplesmente joguei fora quase tudo que eu fiz, porque não entendia, não gostava. Eu falei: "Não tenho condição de conviver com nada disso." Agora, nesse período em que comecei a "revisionar", e isso tem um ano, foi quando comecei a entender o período.
Vik: Mas já tinha jogado fora...
Beatriz: Já, mas não me arrependo. Engraçado, eu achei que viria um arrependimento, mas não veio. Na verdade, tive, mas só por algumas poucas obras. O engraçado mesmo é começar a entender aquela fase.
Vik: Nesse meu livro tem coisa de que eu não gosto também.
Beatriz: Por isso deve ser melhor fazerem o catálogo depois que a gente morre, né? (Risos)
Vik: Você começa uma carreira e vai dando tiro para tudo quanto é lado, às vezes você mata um pombo. Você pensa em duas razões: algo que lhe satisfaça intelectualmente e outra que satisfaça o público. Esse feedback, essa cobrança, é muito importante. Como estamos viajando o tempo todo, é difícil ter tempo de parar e pensar no que fez. O livro o coloca em uma posição privilegiada, você vê as ramificações do que foi feito por você. Mas é perigoso, porque você se envolve muito consigo mesmo. Eu fui voltando, fui voltando... daí torna-se inevitável para um artista dialogar com o próprio passado.
Beatriz: Eu ia perguntar isso. Se vendo sua obra como um todo, você começaria a dialogar com o passado.
Vik: É natural. Na minha idade, no lugar em que estou, faço isso de uma forma ou de outra. Não tenho esse luxo de parar e pensar na vida. Estamos sempre correndo. O livro me forçou a pensar em tudo. Tenho uma responsabilidade técnica mesmo, de colocar uma coisa atrás da outra.
Beatriz: Como foi fazer um catálogo raisonné tão jovem? Penso que nós vivemos uma situação interessante. O nosso papel é inédito, os preços, a localização, as coleções, isso é inédito no contexto de arte brasileira. Isso está colocando a gente em situações que outros não tiveram. Penso em Lygia Clark na nossa idade, que não estava nem perto desta posição... Você tem de lidar com situações que outras gerações brasileiras não teriam de lidar.
Vik: Penso que daqui a 20 anos esse livro só deverá existir no formato digital. O conteúdo, a distribuição, esta organização tem a ver com uma necessidade. Tanto eu como você, Bia, temos de fazer isso e por motivos diferentes. Você lida com a pintura, que produz objetos únicos, por isso catalogar também é tão importante. Saber quem comprou seu trabalho e onde ele foi parar, pois se fizer uma exposição retrospectiva, vai ter de rastrear cada obra. No caso da foto, não é tão sério, posso imprimir tudo e fazer a exposição. E eu trabalho em série. Vou aplicando os conhecimentos dentro da série. É como escrever novela, vou matando alguns personagens, fazendo uma intriga aqui, outra ali.
Beatriz: Você tem arquivo digital...
Vik: O arquivo digital está lá. Mas isso aqui (aponta o livro) é baseado em uma cronologia. É engraçado, pois você visualiza tudo.
Beatriz: O digital está lá, mas o livro tem outro contexto, não é?
Vik: O trabalho em série produz um número maior de objetos, inevitavelmente. Eu poderia estar fazendo coisas maiores, colocar mais conteúdo, mas tenho dificuldade com isso. Procuro dissipar isso em pequenos objetos, a natureza do meu trabalho produz um número muito grande de objetos. Na pintura, você aplica o conhecimento na própria pintura. Fotografia determina pontos, é uma extensão maior.
Beatriz: Ainda estou curiosa. Na hora de fazer a cronologia, você não fez uma seleção/pré-curadoria?
Vik: Não fiz. Mas o que não está aqui foram as coisas que se perderam. O artista quando jovem está preocupado em fazer o trabalho, não se preocupa em documentar. A gente está muito envolvido com a criação e coisas se perdem ao longo do caminho. É preocupante essa amnésia em relação ao seu próprio trabalho. Em 20 anos, você esquece de muita coisa. Penso agora que foram semanas da minha vida dedicadas a algo que perdi na memória. Gastei dinheiro, peguei trem e não tenho mais a menor lembrança daquilo.
Renato Rosa
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PILLA E O CARNAVAL
Confiram abaixo artigo do recentemente falecido político e intelectual Luis Pilla Vares sobre o carnaval, complementar à matéria do Caderno Cultura:
PILLA E O CARNAVAL (em fevereiro de 1988)
O carnaval é indiscutivelmente a maior festa do povo brasileiro. Mesmo que suas origens sejam ainda discutíveis, é certo que foi assumida pelo povo pobre, recebendo cada vez mais a influência marcadamente negra pelo ritmo musical, pelo gingado da dança e, logo pelo samba que acabou sendo a influência decisiva no surgimento da única arte autenticamente brasileira: o desfile das escolas de samba.
Não é meu propósito discorrer aqui sobre as origens das escolas de samba, o que fiz por mais de uma vez em outras ocasiões. Tentarei fixar-me no que o samba trouxe de novo à arte popular, mesmo que este novo não seja percebido conscientemente por seus criadores, o que, aliás, é fato comum no processo de criação artística: nem sempre os artistas têm consciência nítida do que estão produzindo e raramente calculam a influência que sua criação exercerá sobre a arte de seu tempo.
Já se pode perceber, portanto, que trato o Samba e mais especificamente o samba das escolas os desfiles de carnaval _ como um fenômeno estético. Não examino aqui a folia propriamente dita, ainda que a reconheça como um elemento fundamental para que a escola de samba se expresse como tal. Portanto, não é o Carnaval que me preocupa neste artigo, mas uma de suas formas particulares: a escola de samba. E analiso a escola de samba como um gênero artístico, capaz de rivalizar com as outras grandes manifestações estéticas . Vejo acima de tudo a escola de samba como arte moderna, como uma das mais autênticas expressões da contemporaneidade. Por sua linguagem, por sua música, pela dança e pela coreografia que apresenta, a escola de samba pode ser vista como um modelo de arte nova, capaz de expressar em seu movimento sempre surpreendente as mais autênticas tradições populares revestidas de uma forma em que se pode perceber nitidamente todos os estilos da arte contemporânea em estado bruto, onde o primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade.
Certamente a escola de samba, antes um fenômeno artístico nitidamente regional, expressão mais autêntica do sambista carioca, graças à evolução tecnológica dos meios de comunicação _ a tv foi um fator decisivo para isso _ ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e hoje sem dúvida alguma adquiriu as dimensões gigantescas de um grande espetáculo nacional, onde _ para bem ou para mal _ não se pode afirmar que a antiga e espontânea folia seja o seu requisito essencial. Atualmente, o telespectador sentado comodamente em sua poltrona ou o público apertado nas arquibancadas do sambódromo assume mais ou menos a postura de alguém diante de um teatro, ou um concerto ou de uma ópera do que o descompromisso e a participação corporal inerente ao folião dos velhos carnavais brasileiros.
Discute-se se isto foi positivo ou negativo e há uma multidão de tradicionalistas que encara este processo como uma brutal negação das raízes do samba. Mas nada há que fique sempre igual a si mesmo. E se assim ocorre na vida, também acontece no universo artístico, onde a mudança e a busca da modernidade em muitos casos a própria essência do processo criativo. Seria ingenuidade ou má fé pensar-se numa arte popular confinada a si própria, sem se nutrir das mudanças _ em alguns casos revolucionárias _ que ocorrem na sociedade da qual é a expressão mais legítima, ou nas outras artes de que não pode se isolar. Aliás, o próprio samba surgiu como uma revolução musical. Ou vamos negar que o velho Donga rompeu com toda uma série de padrões estabelecidos? Ou vamos negar que Noel Rosa trouxe para a música uma nova forma de crônica do quotidiano urbano do Rio de Janeiro?
Assim, a escola de samba em seus moldes atuais traz para o universo artístico uma multidão de espectadores, um novo público de especialistas que já se familiarizou com a linguagem específica desvendada durante os desfiles. Ao contrário, porém da passividade característica das salas fechadas, o público das escolas de samba é ativo e contagia o próprio desempenho das mesmas, provocando uma interação desconhecida dos espetáculos tradicionais como o teatro e a ópera (não me refiro aqui ao teatro grego, onde havia uma participação quase semelhante, nem à comédia del’arte e nem ao teatro brechtiano, que exige do seu espectador um nível de participação elevado, embora apenas ao nível da razão, extremamente cerebral e “frio”: refiro-me essencialmente ao teatro burguês e à ópera).
Mas se o desfile das escolas de samba forma um novo tipo de público consumidor, é inegável também que traz para o universo da arte igualmente um novo tipo de astro, que é o homem do povo, o anônimo de todo o ano que se transfigura em bailarino, cantor, músico ou compositor. E isto é instigante e provocador!
Quem já viu um grande desfile, não pode deixar de se admirar da graça aristocrática de uma porta-bandeira e dos passos elegantes e contidos de um verdadeiro mestre-sala; ou da sensualidade e da capacidade de improvisação dos passistas; ou da harmonia e do ritmo _ a que ninguém fica imune _ das baterias consagradas, como, por exemplo, a da Mocidade Independente de Padre Miguel ou a da Portela, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, as baterias dos Bambas da Orgia e dos Imperadores do Samba já romperam com a “batida marcial” do samba gaúcho e executam um ritmo gracioso e surpreendentes, verdadeiras orquestras de trabalhadores, a maioria dos quais nunca viu sequer uma partitura em toda a sua vida.
Estes novos astros que executam sua arte diante de um novo público em um novo tipo de “palco” _ as amplas avenidas urbanas _ na verdade estão com uma linguagem artística já plenamente elaborada, o que não quer dizer em absoluto que se tenha definitivamente estagnado. O que ocorre é que o espetáculo de escolas de samba já possui as suas próprias estruturas, em uma conjugação notável do canto e da dança (que é a matéria-prima fundamental, “a infra-estrutura” da escola de samba enquanto forma de arte), com as artes plásticas (as alegorias vêm ocupando um lugar cada vez maior nos desfiles) e com a ópera o enredo ainda possui uma importância decisiva). Nessa medida, o samba das escolas aproxima-se aceleradamente da sonhada arte total. Pelo menos, até agora apenas o desfile das escolas de samba chegou perto desta perspectiva.
O mundo onírico é essencial para um bom desempenho de uma escola na avenida. Mesmo com os velhos enredos, que se caracterizavam por sua estrutura clássica e pela linearidade, a forma com que eles eram “contados” na passarela da avenida desestruturava o “realismo” inerente à história e à letra do samba para adquirir a imaginação sem limites do sonho. A caracterização das personagens, a dança, os passos improvisados, o som da bateria e o surrealismo primitivo das alegorias transformavam o enredo em uma alucinada passagem ao mundo da imaginação, das associações livres e dos símbolos oníricos. Obviamente, esta situação escrita “o asfalto teria repercussões imediatas na estruturação do enredo e do samba que, a partir do fim da década de 60 e início da de 70, assimilaria a forma anárquica, na qual as palavras se incorporavam ao ritmo ou chegavam mesmo a se tornar puramente sons indisfarçavelmente afro. Sons pura a simplicidade que passavam a ter mais significação do que as próprias palavras consagradas que davam revolução a geira, censura imposta não podem ser negligenciadas neste abandono da perspectiva crítica e da sátira que sempre estiveram presentes no samba e na introdução do refrão fácil de puros sons. A retomada do espírito satírico, porém, ressurgiu, tornando-se dominante nos quatro últimos anos. De qualquer forma, parece definitivamente encerrada a era dos longos sambas-enredos de conteúdo ufanista e muitas vezes ingênuo (mas não é possível omitir o fato de que verdadeiras obras-primas foram criadas naquele período, como o Mundo Encantado de Monteiro Lobato, Tiradentes e tantos outros). O espírito crítico dos últimos anos, penso eu, é uma espécie de transição, superando-se o samba anárquico inaugurado pelo Salgueiro, mas sem que se chegue a uma nova etapa plenamente consolidada. Os sambas deste ano, por exemplo, incorporam a sátira a uma retomada do tema histórico, como a Abolição da Escravatura em muitos deles. No entanto, creio que a evolução da Mangueira dentro da tradição clássica tem a chave para um samba no qual a sátira não se perca, mas nem tampouco a dimensão literária e “operística” incrustadas em enredos belíssimos como o da homenagem a Drummond e “Yes, nós temos Braguinha” de anos recentes.
Bem, isto é o samba das grandes escolas. Em torno dele e delas é possível uma reflexão que certamente destoa do descompromisso carnavalesco tão comum nestes dias. Mas mesmo sendo o carnaval o momento das escolas, não se pode deixar de colocar em relevo esta apaixonante forma de arte que o povo _ e aqui trata-se verdadeiramente do povo, este segmento deserdado da sociedade, atribulado e angustiado durante quase todos os dias do ano _ vem aperfeiçoando com notável imaginação e criatividade. Vale a pena postar-se diante da tv e sentir o prazer da arte, aquele prazer puro, como uma iguaria, que temos ????por exemplo, ou de uma sinfonia de Beethoven, ou de uma ópera de Verdi. Ou de um quadro de Salvador Dali. Arte pura.
Durante muitos anos usei a expressão “ópera do Terceiro Mundo” para caracterizar este fenômeno estético das escolas de samba grandiosas que desfilam no Rio de Janeiro. Hoje creio que a expressão é inadequada. Não incorreta: inadequada. De fato, trata-se de uma manifestação típica do Terceiro Mundo e tem todos os ingredientes das óperas transformados e transportos para serem interpretados e consumidos nos espaços abertos das avenidas. Por outro lado, o seu conteúdo essencialmente popular, sem assimilar as conquistas da tecnologia moderna, torna o desfile da escola de samba uma manifestação estética típica do Terceiro Mundo, o que ainda se torna mais evidente quando a temática dominante nos enredos trata de um problema tão presente em países como o nosso, que é o da exploração da mão-de-obra escrava, como ocorre neste ano, centenário da Abolição, o que nos aproxima física e espiritualmente da África e, da mesma forma, nos afasta do colonialismo. E Terceiro Mundo não apenas pela temática, que muitas vezes transcende a questão da negritude para levar à Avenida, por exemplo a literatura de Carlos Drumond de Andrade ou o cinema de Charles Chaplin, mas pelo ritmo, pelos personagens, pelos intérpretes. Quem não observa logo nas belíssimas alas de baianas o resgate da dignidade de uma raça? E na elegância do mestre-sala e da porta-bandeira, vestidos sempre e inevitavelmente como as classes dirigentes da era colonial, não está manifesto o desejo dos deserdados _ os escravos _ em ascender ao mundo “limpo” da arte e da elegância desfrutado apenas pelos privilegiados da corte, longe da senzala?
Com todo esse universo rico, com sua linguagem própria e específica, com seus símbolos cheios de significado, definitivamente parece-me que o termo “ópera” fica demasiado estreito para nos referirmos às escolas de samba. Estas já adquiriram plena autonomia estética e não precisam se socorrer de nenhum termo de outras artes para designarem-se a si mesmas. Souberam usar o canto, a música, o balê, o teatro, a literatura, as artes plásticas e a própria ópera, mas seus elementos foram transformados e sintetizados em uma outra unidade, diferente de qualquer outra forma de expressão artística.
Por isso mesmo, não se pode pensar que a escola de samba venha a ser uma simples justaposição de elementos de outras artes. A originalidade começa por se tratar de uma arte de multidões, capaz de reunir um público até aqui só alcançado nas grandes competições esportivas. E este público, tanto o espectador passivo como o ativo, não vem ao caso, coloca-se diante de uma ruptura total com os padrões clássicos da arte ocidental, e, em primeiro lugar, com a sua linearidade (antes, porém, deixemos claro que esta ruptura dá-se no sentido hegeliano da superação _ superar conservando. Inclusive alguns enredos da época heróica das escolas de samba podem, do ponto de vista da trama ou da “historia”, ter sido claramente influenciados pelos poemas homéricos _ a Ilíada e a Odisséia _ ou Virgílio e sua Eneida). Estes enredos, porém, mesmo os mais clássicos, são desdramatizados no desfile e será a forma, carregada de símbolos e de significados que permitirá um novo tipo de leitura ou de descoberta da proposta da escola em relação a sua temática.
Entretanto, seja qual for o enredo, seja a temática que for apresentada, clássica ou anárquica, as escolas de samba conseguem realizar o mágico encontro do primitivo com o moderno, numa tensão permanente, que resulta em horas seguidas de encantamento.
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
Pablo Picasso
www.zerohora.com/mundolivro
*Contribuição de Carla Volkart
PILLA E O CARNAVAL (em fevereiro de 1988)
O carnaval é indiscutivelmente a maior festa do povo brasileiro. Mesmo que suas origens sejam ainda discutíveis, é certo que foi assumida pelo povo pobre, recebendo cada vez mais a influência marcadamente negra pelo ritmo musical, pelo gingado da dança e, logo pelo samba que acabou sendo a influência decisiva no surgimento da única arte autenticamente brasileira: o desfile das escolas de samba.
Não é meu propósito discorrer aqui sobre as origens das escolas de samba, o que fiz por mais de uma vez em outras ocasiões. Tentarei fixar-me no que o samba trouxe de novo à arte popular, mesmo que este novo não seja percebido conscientemente por seus criadores, o que, aliás, é fato comum no processo de criação artística: nem sempre os artistas têm consciência nítida do que estão produzindo e raramente calculam a influência que sua criação exercerá sobre a arte de seu tempo.
Já se pode perceber, portanto, que trato o Samba e mais especificamente o samba das escolas os desfiles de carnaval _ como um fenômeno estético. Não examino aqui a folia propriamente dita, ainda que a reconheça como um elemento fundamental para que a escola de samba se expresse como tal. Portanto, não é o Carnaval que me preocupa neste artigo, mas uma de suas formas particulares: a escola de samba. E analiso a escola de samba como um gênero artístico, capaz de rivalizar com as outras grandes manifestações estéticas . Vejo acima de tudo a escola de samba como arte moderna, como uma das mais autênticas expressões da contemporaneidade. Por sua linguagem, por sua música, pela dança e pela coreografia que apresenta, a escola de samba pode ser vista como um modelo de arte nova, capaz de expressar em seu movimento sempre surpreendente as mais autênticas tradições populares revestidas de uma forma em que se pode perceber nitidamente todos os estilos da arte contemporânea em estado bruto, onde o primitivismo coabita com a mais cativante e revolucionária modernidade.
Certamente a escola de samba, antes um fenômeno artístico nitidamente regional, expressão mais autêntica do sambista carioca, graças à evolução tecnológica dos meios de comunicação _ a tv foi um fator decisivo para isso _ ultrapassou as fronteiras do Rio de Janeiro e hoje sem dúvida alguma adquiriu as dimensões gigantescas de um grande espetáculo nacional, onde _ para bem ou para mal _ não se pode afirmar que a antiga e espontânea folia seja o seu requisito essencial. Atualmente, o telespectador sentado comodamente em sua poltrona ou o público apertado nas arquibancadas do sambódromo assume mais ou menos a postura de alguém diante de um teatro, ou um concerto ou de uma ópera do que o descompromisso e a participação corporal inerente ao folião dos velhos carnavais brasileiros.
Discute-se se isto foi positivo ou negativo e há uma multidão de tradicionalistas que encara este processo como uma brutal negação das raízes do samba. Mas nada há que fique sempre igual a si mesmo. E se assim ocorre na vida, também acontece no universo artístico, onde a mudança e a busca da modernidade em muitos casos a própria essência do processo criativo. Seria ingenuidade ou má fé pensar-se numa arte popular confinada a si própria, sem se nutrir das mudanças _ em alguns casos revolucionárias _ que ocorrem na sociedade da qual é a expressão mais legítima, ou nas outras artes de que não pode se isolar. Aliás, o próprio samba surgiu como uma revolução musical. Ou vamos negar que o velho Donga rompeu com toda uma série de padrões estabelecidos? Ou vamos negar que Noel Rosa trouxe para a música uma nova forma de crônica do quotidiano urbano do Rio de Janeiro?
Assim, a escola de samba em seus moldes atuais traz para o universo artístico uma multidão de espectadores, um novo público de especialistas que já se familiarizou com a linguagem específica desvendada durante os desfiles. Ao contrário, porém da passividade característica das salas fechadas, o público das escolas de samba é ativo e contagia o próprio desempenho das mesmas, provocando uma interação desconhecida dos espetáculos tradicionais como o teatro e a ópera (não me refiro aqui ao teatro grego, onde havia uma participação quase semelhante, nem à comédia del’arte e nem ao teatro brechtiano, que exige do seu espectador um nível de participação elevado, embora apenas ao nível da razão, extremamente cerebral e “frio”: refiro-me essencialmente ao teatro burguês e à ópera).
Mas se o desfile das escolas de samba forma um novo tipo de público consumidor, é inegável também que traz para o universo da arte igualmente um novo tipo de astro, que é o homem do povo, o anônimo de todo o ano que se transfigura em bailarino, cantor, músico ou compositor. E isto é instigante e provocador!
Quem já viu um grande desfile, não pode deixar de se admirar da graça aristocrática de uma porta-bandeira e dos passos elegantes e contidos de um verdadeiro mestre-sala; ou da sensualidade e da capacidade de improvisação dos passistas; ou da harmonia e do ritmo _ a que ninguém fica imune _ das baterias consagradas, como, por exemplo, a da Mocidade Independente de Padre Miguel ou a da Portela, aqui mesmo no Rio Grande do Sul, as baterias dos Bambas da Orgia e dos Imperadores do Samba já romperam com a “batida marcial” do samba gaúcho e executam um ritmo gracioso e surpreendentes, verdadeiras orquestras de trabalhadores, a maioria dos quais nunca viu sequer uma partitura em toda a sua vida.
Estes novos astros que executam sua arte diante de um novo público em um novo tipo de “palco” _ as amplas avenidas urbanas _ na verdade estão com uma linguagem artística já plenamente elaborada, o que não quer dizer em absoluto que se tenha definitivamente estagnado. O que ocorre é que o espetáculo de escolas de samba já possui as suas próprias estruturas, em uma conjugação notável do canto e da dança (que é a matéria-prima fundamental, “a infra-estrutura” da escola de samba enquanto forma de arte), com as artes plásticas (as alegorias vêm ocupando um lugar cada vez maior nos desfiles) e com a ópera o enredo ainda possui uma importância decisiva). Nessa medida, o samba das escolas aproxima-se aceleradamente da sonhada arte total. Pelo menos, até agora apenas o desfile das escolas de samba chegou perto desta perspectiva.
O mundo onírico é essencial para um bom desempenho de uma escola na avenida. Mesmo com os velhos enredos, que se caracterizavam por sua estrutura clássica e pela linearidade, a forma com que eles eram “contados” na passarela da avenida desestruturava o “realismo” inerente à história e à letra do samba para adquirir a imaginação sem limites do sonho. A caracterização das personagens, a dança, os passos improvisados, o som da bateria e o surrealismo primitivo das alegorias transformavam o enredo em uma alucinada passagem ao mundo da imaginação, das associações livres e dos símbolos oníricos. Obviamente, esta situação escrita “o asfalto teria repercussões imediatas na estruturação do enredo e do samba que, a partir do fim da década de 60 e início da de 70, assimilaria a forma anárquica, na qual as palavras se incorporavam ao ritmo ou chegavam mesmo a se tornar puramente sons indisfarçavelmente afro. Sons pura a simplicidade que passavam a ter mais significação do que as próprias palavras consagradas que davam revolução a geira, censura imposta não podem ser negligenciadas neste abandono da perspectiva crítica e da sátira que sempre estiveram presentes no samba e na introdução do refrão fácil de puros sons. A retomada do espírito satírico, porém, ressurgiu, tornando-se dominante nos quatro últimos anos. De qualquer forma, parece definitivamente encerrada a era dos longos sambas-enredos de conteúdo ufanista e muitas vezes ingênuo (mas não é possível omitir o fato de que verdadeiras obras-primas foram criadas naquele período, como o Mundo Encantado de Monteiro Lobato, Tiradentes e tantos outros). O espírito crítico dos últimos anos, penso eu, é uma espécie de transição, superando-se o samba anárquico inaugurado pelo Salgueiro, mas sem que se chegue a uma nova etapa plenamente consolidada. Os sambas deste ano, por exemplo, incorporam a sátira a uma retomada do tema histórico, como a Abolição da Escravatura em muitos deles. No entanto, creio que a evolução da Mangueira dentro da tradição clássica tem a chave para um samba no qual a sátira não se perca, mas nem tampouco a dimensão literária e “operística” incrustadas em enredos belíssimos como o da homenagem a Drummond e “Yes, nós temos Braguinha” de anos recentes.
Bem, isto é o samba das grandes escolas. Em torno dele e delas é possível uma reflexão que certamente destoa do descompromisso carnavalesco tão comum nestes dias. Mas mesmo sendo o carnaval o momento das escolas, não se pode deixar de colocar em relevo esta apaixonante forma de arte que o povo _ e aqui trata-se verdadeiramente do povo, este segmento deserdado da sociedade, atribulado e angustiado durante quase todos os dias do ano _ vem aperfeiçoando com notável imaginação e criatividade. Vale a pena postar-se diante da tv e sentir o prazer da arte, aquele prazer puro, como uma iguaria, que temos ????por exemplo, ou de uma sinfonia de Beethoven, ou de uma ópera de Verdi. Ou de um quadro de Salvador Dali. Arte pura.
Durante muitos anos usei a expressão “ópera do Terceiro Mundo” para caracterizar este fenômeno estético das escolas de samba grandiosas que desfilam no Rio de Janeiro. Hoje creio que a expressão é inadequada. Não incorreta: inadequada. De fato, trata-se de uma manifestação típica do Terceiro Mundo e tem todos os ingredientes das óperas transformados e transportos para serem interpretados e consumidos nos espaços abertos das avenidas. Por outro lado, o seu conteúdo essencialmente popular, sem assimilar as conquistas da tecnologia moderna, torna o desfile da escola de samba uma manifestação estética típica do Terceiro Mundo, o que ainda se torna mais evidente quando a temática dominante nos enredos trata de um problema tão presente em países como o nosso, que é o da exploração da mão-de-obra escrava, como ocorre neste ano, centenário da Abolição, o que nos aproxima física e espiritualmente da África e, da mesma forma, nos afasta do colonialismo. E Terceiro Mundo não apenas pela temática, que muitas vezes transcende a questão da negritude para levar à Avenida, por exemplo a literatura de Carlos Drumond de Andrade ou o cinema de Charles Chaplin, mas pelo ritmo, pelos personagens, pelos intérpretes. Quem não observa logo nas belíssimas alas de baianas o resgate da dignidade de uma raça? E na elegância do mestre-sala e da porta-bandeira, vestidos sempre e inevitavelmente como as classes dirigentes da era colonial, não está manifesto o desejo dos deserdados _ os escravos _ em ascender ao mundo “limpo” da arte e da elegância desfrutado apenas pelos privilegiados da corte, longe da senzala?
Com todo esse universo rico, com sua linguagem própria e específica, com seus símbolos cheios de significado, definitivamente parece-me que o termo “ópera” fica demasiado estreito para nos referirmos às escolas de samba. Estas já adquiriram plena autonomia estética e não precisam se socorrer de nenhum termo de outras artes para designarem-se a si mesmas. Souberam usar o canto, a música, o balê, o teatro, a literatura, as artes plásticas e a própria ópera, mas seus elementos foram transformados e sintetizados em uma outra unidade, diferente de qualquer outra forma de expressão artística.
Por isso mesmo, não se pode pensar que a escola de samba venha a ser uma simples justaposição de elementos de outras artes. A originalidade começa por se tratar de uma arte de multidões, capaz de reunir um público até aqui só alcançado nas grandes competições esportivas. E este público, tanto o espectador passivo como o ativo, não vem ao caso, coloca-se diante de uma ruptura total com os padrões clássicos da arte ocidental, e, em primeiro lugar, com a sua linearidade (antes, porém, deixemos claro que esta ruptura dá-se no sentido hegeliano da superação _ superar conservando. Inclusive alguns enredos da época heróica das escolas de samba podem, do ponto de vista da trama ou da “historia”, ter sido claramente influenciados pelos poemas homéricos _ a Ilíada e a Odisséia _ ou Virgílio e sua Eneida). Estes enredos, porém, mesmo os mais clássicos, são desdramatizados no desfile e será a forma, carregada de símbolos e de significados que permitirá um novo tipo de leitura ou de descoberta da proposta da escola em relação a sua temática.
Entretanto, seja qual for o enredo, seja a temática que for apresentada, clássica ou anárquica, as escolas de samba conseguem realizar o mágico encontro do primitivo com o moderno, numa tensão permanente, que resulta em horas seguidas de encantamento.
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
Pablo Picasso
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*Contribuição de Carla Volkart
Picasso
"Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há também aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol."
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