quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Damien Hirst procura "reconhecimento" com retorno à pintura

email recebido de: CARLA REGINA VOLKART

"Existia um hype que não era real, mas puramente especulativo. Com a crise, perdeu espaço a arte estúpida e ganhou a arte inteligente. A substância das obras está em alta." Folha Online 17/10/2009 08:18 Com este marcado giro em sua trajetória, dominada até o momento por provocadoras instalações de arte conceitual, Hirst almeja "ser reconhecido" e "obter a aprovação do público", disse Christoph Vogtherr



14/10/2009 - 11h06

da Efe, em Londres

Damien Hirst, considerado o "enfant terrible" da arte britânica, conhecido pelas instalações com animais em formol, procura "reconhecimento" e "aprovação" com seu surpreendente retorno à pintura.

É o que disse à agência Efe Christoph Vogterr, o curador de sua nova exposição no museu Wallace Collection, em Londres, casa de verdadeiras obras-primas da pintura europeia clássica.

A partir de hoje, o museu recebe a primeira série de pinturas de Hirst, intitulada "No Love Lost, Blue Paintings by Damien Hirst", em exposição que vai até o dia 24 de janeiro.

A mostra consiste em 25 obras pintadas entre 2006 e 2008 com as quais o artista, considerado o mais influente de sua geração no Reino Unido, volta a pegar nos pincéis no sentido mais tradicional.

Com este marcado giro em sua trajetória, dominada até o momento por provocadoras instalações de arte conceitual, Hirst almeja "ser reconhecido" e "obter a aprovação do público", disse Christoph Vogtherr.

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The Kingdom", obra do britânico Damien Hirst, que ganha exposição "No Love Lost, Blue Paintings by Damien Hirst" em Londres

A relação do artista de 44 anos com sua imagem pública, na qual se mistura a admiração por sua obra com um ceticismo por seu marcado instinto comercial, "é de amor e ódio", diz Vogtherr, já que dela tira proveito e, ao mesmo tempo, sente desgosto.

Assim, em diversas entrevistas anteriores à apresentação pública de seus quadros --alguns deles foram expostos antes em Kiev--, Hirst expressou seu temor de que a crítica os "destroçasse", algo que o curador disse acreditar que não vai acontecer.

"A surpresa inicial de ver o que foi capaz de produzir se transforma depois em um sentimento positivo", opina Voghterr, ao observar que as obras ainda são uma transição entre suas criações mais conhecidas rumo a "um novo caminho que não se sabe para onde o conduzirá".

"No Love Lost" é uma série de pinturas de tons escuros, com destaque para o azul e o preto, tendo a morte como tema recorrente.

Desde suas vacas e tubarões em formol até suas composições com bitucas de cigarro, muitas das obras do artista exploram esse conceito e que volta a abordar em suas pinturas, dominadas por caveiras, ossos e cinzeiros vazios, que para ele simbolizam cemitérios.

A obra "Floating Skull" (2006), um crânio azulado que salta sobre um fundo negro, pertence a uma série inicial da qual é a única sobrevivente e é muito mais obscura do que quadros posteriores, como "Men Shall Know Nothing" (2008), na qual a cor azul vai se fazendo mais presente.

Todas as obras exibem elementos típicos da produção do artista, entre eles ossadas e esqueletos de animais, o que confirma essa sensação de transição.

Para Voghterr, desde o início de sua carreira, Hirst "desafiou o que significa ser um artista" --no ano passado, escandalizou o mundo da arte e ganhou uma fortuna ao leiloar obras de sua autoria sem intermediários--, e seu salto à pintura seria outro passo nessa direção.

Também não é comum sua escolha da intimista Wallace Collection para apresentar sua pintura ao público; porém, segundo o próprio artista, ele quer estabelecer uma conexão com os pintores clássicos, "conectar com o passado".

Hirst bancou do próprio bolso uma reforma das salas da Wallace Collection que custou quase 250 mil libras para que sua exposição tivesse entrada gratuita. Ele é o segundo pintor vivo a expor no museu --o outro foi Lucian Freud, em 2004.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u637772.shtml

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